quarta-feira, 24 de setembro de 2008

SOBRE O DESEMPENHO BRASILEIRO


Antes dos jogos, a galera do Bolão NBA, para não perder o costume, resolveu fazer um bolão de medalhas brasileiras. Meu palpite foi de 15 medalhas – exatamente o número de medalhas conquistadas pelo Brasil. Acabei não levando a grana do bolão, pois o Rodrigo Berber também cravou 15 medalhas e levou o desempate pela melhor aproximação no número de ouros. Dentre os outros participantes do bolão, se não me engano, os palpites ficaram entre 13 e 17 medalhas, salvo um pessimista (Dante – 9 medalhas) e um mais-que-otimista (Gui Odonto – 27 medalhas). A galera do Bolão NBA é composta de ex-universitários que acompanham esporte num nível bem acima do normal e todos estimavam um número de medalhas bem próximo do que realmente aconteceu.

É óbvio eu esperava um número maior de ouros, como Thiago Camilo, Vôlei Masculino, Vôlei de Praia Masculino e até mesmo o Futebol Masculino, além do João Derly e do Diego Hypólito. Com exceção dos dois últimos (ver post anterior) todos os demais não levaram o ouro, mas saíram com uma medalha. Ao mesmo tempo, os ouros conquistados pelo Brasil (Cielo, Maurren e VF) não estavam na minha lista inicial, embora eu os tenha considerado como prováveis medalhistas. Outras apostas que eu havia feito seriam as medalhas do Futebol Feminino e do Robert Scheidt. São 10 acertos em 15. Das outras 5, duas previsíveis (Leandro Guilheiro e Natália Falavigna) e 3 inesperadas (Ketleyn Quadros, Cielo nos 100m e as meninas da Vela).

Estou escrevendo tudo isso (mais o post anterior) para reforçar a minha tese de que o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim NÃO foi decepcionante. Ficou bem próximo do esperado. Pelo menos pela maioria. Mesmo na imprensa, que normalmente cria muita expectativa, não via o comportamento de outras ocasiões, com exceção talvez de certa badalação em cima do Thiago Pereira e do Jadel Gregório, mas normalmente com análises criteriosas.

É bom que fique claro: não estou dizendo que o desempenho foi bom. Estou afirmando que ficou dentro do esperado e, por isso, não pode ser classificado como decepcionante, como andei lendo e ouvindo em muitos veículos da mídia. Nem aceito que os atletas que foram para Pequim, pelo menos nas modalidades tradicionais (não vou considerar aquele dentista do tiro), digam que falta incentivo. ESSES atletas de ponta têm estrutura para treinar, e não somente na época das competições... vale para natação, atletismo, vôlei’s (todos eles), judô, etc. Vale até para o Futebol Feminino – vi uma entrevista da Daniela Alves após a derrota para os EUA na final dizendo que não faltou absolutamente NADA para a seleção. Todos os atletas exibem patrocinadores nas camisetas o tempo todo.

Então está tudo bem? É CLARO QUE NÃO! Falta termos MAIS atletas em condições de competir com os melhores do mundo. Ficamos apenas restritos a alguns poucos atletas com reais condições. Desses, alguns favoritos ganham, outros não, algumas promessas ganham, outras não - tudo dentro do que o esporte proporciona - só que são poucos favoritos e poucas promessas e, com isso, o peso da expectativa é menos dividido e cada derrota representa uma perda muito maior do que deveria ser. Para usar exemplos extremos, cansei de ouvir os hinos chinês e americano em Pequim, mas também vi muitos chineses e americanos sendo derrotados – e o peso sobre esses é muito menor. Mas eles sempre tinham um (ou mais) favoritos brigando em cada prova, em cada modalidade.

Falta termos mais favoritos, mais promessas. Como? Trabalhando na base. E é aí que está o problema do Brasil... A política esportiva brasileira é uma piada! Um atleta só consegue patrocínio quando chega entre os melhores. Chegar lá é que é o problema, cansamos de ouvir histórias das dificuldades que cada um enfrentou e vai saber o número de potenciais campeões e medalhistas que ficam pelo caminho ou não são descobertos. Nos poucos casos em que o trabalho na base é bem feito, como é o caso do vôlei, totalmente massificado e com talentos surgindo a toda hora, os resultados são conseguidos e, mais importante, mantidos. A ginástica artística vem fazendo um bom trabalho na captação de talentos e com um centro de treinamento específico, com boa estrutura. Há duas olimpíadas atrás, o Brasil não aparecia no mapa da GA. Em Pequim, foram 2 finalistas na final geral feminina, 3 finalistas na final por aparelhos e chegamos na final por equipes feminina ... e por MUITO POUCO não veio uma medalha... que seria de ouro.

Então é isso... pra não me alongar mais ainda (já ta parecendo um texto a la Reinaldo Azevedo), concluo que falta política de captação de talentos, com massificação das modalidades (pelo menos as tradicionais no Brasil, não vejo porque começarmos a investir em badminton, hóquei sobre a grama ou arco-e-flecha). Da quantidade tiramos a qualidade – e por mais que essa frase seja óbvia, só no Brasil os governantes e dirigentes não entendem que é o caminho... se isso acontecesse talvez não tivéssemos que depender de 4 caras da NBA que não vieram para o pré-olímpico, pois teríamos outros em condições de formar uma seleção de basquete com condições de voltar a disputar uma olimpíada.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tal qual te falei brevemente pelo MSN... não dá pra entender como jornalista profissional faça análises tão porcas, burras e toscas como as dos jornalistas esportivos brasileiros. Concordo acho que 100% com vc. Nosso Esporte é ridículo, mas dentro de nosso ridículo nossa participação em Pequim foi dentro do esperado. Surpresas e frustrações na dose normal.
Vc pode me achar louco, mas sempre lançam lá No Bolão NBA que poderíamos formar uma equipe de análise esportiva. Eu acho MESMO que a média lá é MTO superior a de quem hj comenta esporte na imprensa brasileira.

De resto, entrei no blog do Marcelo Barreto. Conheço ele!

Abraço
Balu

Danilo Balu disse...

putz... que vergonha!! pra nao me desmoralizar, eh mais facil vc trocar de opiniao E editar o SEU blog! HAHAHAHAHA
valeu pelo toque!
abracos!

Danilo Balu disse...

publiquei este adendo na seção d ecomentários....

Bom prezado leitor, como o comentário acima mostra, me atrapalhei de modo IMPERDOÁVEL no entendimento da opinião de um amigo.
Na verdade sou bem próximo dele pra saber que discordamos no detalhe mas concordamos no geral: fomos dentro do esperado em Pequim!
Ele como todo bom torcedor gostaria de ter mais atletas brasileiros realmente disputando medalhas nas modalidades mais - como dizer... - populares aos brasileiros e mais disputadas (atletismo e natação, por exemplo).
Eu concordo em gênero, número e grau de que isso seria mto bom! Mas novamente discordo no detalhe porque não acho que brasileiro goste de esporte, pois sempre disse que brasileiro gosta mesmo é de ver brasileiro ganhando. Qq que seja a modalidade.

Acredito que esse tipo de investimento como fizeram China e Astrália, além de ser mais eficiente para o ranking, por outro lado compensaria o descaso com que essas modalidades sempre foram tratadas em nosso país.
Mas reforço, o Ronalt está certo tb de que não podemos deixar de investir mais pesado naquelas modalidades mais "clássicas" para nós.

Saudações
E desculpem novamente pelo vacilo.
Balu