Os Estados Unidos reconquistaram o posto de melhores do mundo – coisa que não conseguiam desde os jogos de 2000, em Sidney. De lá pra cá, foram derrotados nos mundiais de 2002 (6º lugar) e 2006 (3º lugar) e nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 (3º lugar). Dessa vez conseguiram o comprometimento de um grupo de jogadores que participaram de um programa que se iniciou em 2005 e culminou com a conquista da medalha de ouro em Pequim.
É verdade que a diferença para as outras equipes é bem menor do que era em 1992, ano do Dream Team. Argentina e Espanha estão muito próximas e deram MUITO trabalho em Pequim. Mas quando os melhores jogadores se comprometem e querem ganhar, fica difícil de segurá-los. E nessas horas a individualidade fez a diferença. Na semifinal contra a Argentina, começaram arrasadores, abrindo 20 pontos já no primeiro quarto, jogando coletivamente. Quando o Manu Ginobili saiu machucado, todos acharam que a coisa se transformaria num massacre. Mas aconteceu o contrário - a Argentina reagiu e equilibrou o jogo, mantendo a diferença na casa dos 10 pontos. Mas a diferença física e a disponibilidade de mais jogadores de ponta – leia-se 12 caras de mesmo nível, quando os outros times tinham no máximo 5 ou 6 – prevaleceram. O mesmo aconteceu na final contra a Espanha, conforme eu já havia escrito antes.
Aliás, falando nisso, volto ao assunto imprensa e comentaristas esportivos. Os comentaristas de basquete do Sportv, especificamente Bira Belo e Miguel Ângelo da Luz são ESPECIALMENTE RUINS. Impressionante a falta de compreensão do contexto das coisas. Eles repetiram várias vezes que os reservas americanos vinham jogando melhor que os titulares... até batizaram os reservas de “tropa de choque”, pois pegavam um jogo equilibrado, melhoravam a defesa e abriam as diferenças enquanto os titulares não conseguiam fazer o mesmo. Só esqueceram de falar que os titulares, quando em quadra, precisavam enfrentar os melhores 5 jogadores dos adversários, que formavam times fantásticos, especialmente no caso da Argentina (Prigioni, Ginobili, Nocioni, Scola, Oberto) e da Espanha (Rick Rubio, Navarro, Gasol, Reyes e Jimenez). Os “reservas" americanos (Chris Paul, Deron Williams, Tyshawn Prince, D-Wade e Chris Bosh – um timaço por si só) jogavam contra os reservas dos adversários, turbinados no máximo com Carlos Delfino na Argentina e Rudy Fernandez no caso da Espanha, ou então com titulares já mais cansados que eram obrigados a ficar mais tempo em quadra.
Voltando ao assunto do post, quando o jogo final acabou, um fato demonstrou que o programa começado em 2005, com o comprometimento de um grupo de jogadores zigalionários que abriram mão de 3 verões consecutivos para se dedicar à seleção, realmente funcionou. Do excelente artigo de Bill Simmons sobre o jogo, (cujo link eu já havia postado aqui):
"I could tell that at the final buzzer, when 12 filthy rich grown-ups began to celebrate like Little Leaguers. No posturing, fake crying or rehearsed dance routines, just hugging and more hugging. We wanted a selfless team that cared. We wanted a team to come through when it mattered. We wanted one unforgettable game. We got all of it."
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