terça-feira, 9 de setembro de 2008

FÔ-LEI! FÔ-LEI!


Vivo enchendo o saco do pessoal do vôlei, modalidade anaeróbica e alática. Como diria o Minhoca (técnico de futsal), como podemos levar a sério uma modalidade onde não há contato físico e se limita a 4 fundamentos (saque, passe, ataque e tapinha no bumbum do companheiro)? Faço parte de uma comunidade bem polêmica do Orkut, chamada “Vôlei não é esporte”, fundada brilhantemente pelo meu amigo Luciano Sobral, o PJ. Dizemos que vôlei feminino é pleonasmo e vôlei masculino é paradoxo (daí a pronúncia “FÔLEI”). Até no folheto do McDonald’s tem uma descrição de vôlei como “modalidade criada para aquelas pessoas que não tinham condições físicas para a prática do basquete” (ou coisa assim). Priceless.

Brincadeiras (ou não) à parte, estamos falando de uma das modalidades que, ao lado do judô e do iatismo, ultimamente melhor tem representado Brasil mundialmente, seja em campeonatos mundiais, seja em Jogos Olímpicos. E em Pequim não foi diferente. Foram 4 medalhas: ouro no vôlei feminino, prata no masculino e a dobradinha prata e bronze no vôlei de praia masculino.

Fiz toda essa introdução porque fiz questão de fazer um post sobre as nossas duas seleções de quadra, a masculina e a feminina. Por que os favoritíssimos bi-campeões mundiais e atuais campeões olímpicos, com os melhores jogadores do mundo e um dos melhores técnicos de esporte coletivo do mundo (Bernardinho), não conseguiram manter a seqüência de títulos, enquanto as meninas finalmente acabaram com a fama de amarelonas e levaram o ouro?

Não vou entrar no mérito técnico – esse basqueteiro está longe de ter conhecimento para isso -, mas sim na questão de observação do comportamento das equipes. Em Pequim assisti a dois jogos do masculino, justamente as duas derrotas, para a Rússia na primeira fase e para os Estados Unidos, na final (para alguns, o pé-frio entrando em ação, para mim, coincidência). O comportamento deles era estranho. A cada ponto conquistado deixavam transparecer uma sensação de alívio, não de empolgação. Era como se estivessem tirando um peso das costas a cada ataque (ou bloqueio) colocado na quadra adversária. Faltava algo.

Já no caso do feminino, a sensação era completamente diferente. Assisti ao jogo das quartas-de-final, contra o Japão e a final contra os Estados Unidos. Assisti também pela TV, ainda no Brasil, ao massacre contra a Rússia na primeira fase. A sensação era completamente diferente: as meninas sabiam exatamente o que estavam fazendo, como estavam fazendo e onde queriam chegar. A cada ponto que o adversário conquistava era clara a expressão que dizia “não tem problema, o próximo ponto é nosso”. E foi assim nos 5 jogos da primeira fase, nas quartas e nas semifinais, contra as donas da casa. Todas vitórias por 3x0. Quando finalmente perderam um set, o segundo da final, a mesma reação: “não tem problema, vamos vencer o próximo”. Era um amadurecimento que só pode ser creditado ao trabalho do Zé Roberto e da comissão técnica.

E isso determinou os resultados finais: os dois times tinham a obrigação de ganhar. Eles, pelo excesso de favoritismo e expectativa. Elas, para apagar a má imagem de Atenas. Porém, de um lado tínhamos um time (eles) que PRECISAVA ganhar e outro (elas) que QUERIA ganhar – e mais do que querer, sabiam que ganhariam. Eles quase chegaram lá, afinal o time ainda é MUITO bom, mas encontraram um adversário que queria ganhar e fez por merecer (no caso os americanos). Quanto às meninas, elas cumpriram aquilo que se propuseram, com todos os méritos e sem margem de dúvidas. As amarelas se transformaram nas douradas.

5 comentários:

Danilo Balu disse...

Mto bom!!
Abrax

Anônimo disse...

Ronalt, você sabia que o Zé Roberto deu uma entrevista depois, falando que a diferença este ano é que as meninas finalmente resolveram fazer musculação???? Antes elas se recusavam a fazer, porque achavam que ficariam feias.
Pode isso no esporte de alto nível???
Vejo isso como uma evolução, mas ao mesmo tempo fico triste por ver como o esporte brasileiro ainda eh uma mega várzea em muitos aspectos. Pretendo escrever um post no meu blog sobre isso. Terrível né?
Beijos
Pri

Anônimo disse...

Eu vi isso, Pri, foi na entrevista para o Juca Kfouri, não? Acho que ainda tenho essa entrevista gravada... bem lembrado!

Fabrício Tota disse...

Você falou do ALÍVIO dos caras a cada ponto... Acho que isso tem muito do Bernardinho, foi exatamente essa palavra para descrever a emoção de conquistar o ouro em Atenas. Dá pra sacar qual é a dele? O cara vira campeão olímpico e fica ALIVIADO???

Mas por outro lado é uma dura missão motivar um time por 8 anos. Haja criatividade!

Abraço!

Anônimo disse...

Eu lembro desse comentário do Bernardinho, mas enquanto isso ficava só com ele, tudo bem, afinal, é o comandante. Mas eu não me lembro de ver os jogadores desse jeito... eles sempre jogavam com um baita tesão (no bom sentido, apesar de estarmos falando de fôlei) e alegria.

Abraço!