terça-feira, 27 de outubro de 2009

NBA 2009-2010 PREVIEW... A TEMPORADA DOS "SE's"


Nesta terça-feira, dia 27, começa mais uma temporada da NBA. Estava começando a rascunhar alguma coisa sobre o meu preview da temporada quando saiu a coluna do Bill Simmons na ESPN.com. Ele classificou a temporada como “previsivelmente intrigante”. Previsivelmente porque todo mundo sabe que, ao final da temporada regular, as 5 melhores campanhas serão, em alguma ordem, de Lakers, Spurs, Cavs, Celtics e Magic e que essas equipes disputarão o título. Além disso, elegeu os 33 personagens intrigantes a serem observados.

Eu prefiro chamar essa temporada de “Temporada do SE”. Quero dizer que existem algumas variáveis importantes (recuperações de contusões e alguns "fatores externos") e que ninguém consegue afirmar com certeza como elas vão se comportar até o próximo mês de junho. O resultado final do campeonato vai depender basicamente desse comportamento. Em temporadas anteriores, sempre existiram as previsões com favoritos claros e possíveis azarões. No ano passado a temporada começou com 3 favoritos claros (Lakers, Celtics e Cavs). Tivemos o “azarão” Orlando Magic, que aparecia na lista de muitos especialistas (o técnico Stan Van Gundy liderava as apostas iniciais para Coach Of The Year) e que acabaram contando com o benefício da contusão de Kevin Garnett para passarem pelos Celtics na semifinal do leste.

Esse ano? Os 5 favoritos são realmente os citados anteriormente. Eu vou mais longe e arrisco dizer que, em condições normais (sem contusões sérias, para começar), o título ficará com quem sair do Oeste (Lakers ou Spurs). Mas, ultimamente, nem sempre as condições normais prevalecem. Coincidentemente, eu também estava listando meus personagens que podem fazer a diferença quando saiu a coluna do Simmons. A minha é mais simples: são 10 nomes que trazem os “SE’s” (em inglês o termo “what if” funcionaria melhor) que definirão o resultado final do campeonato. Em ordem inversa de relevância:

10. Shaquile O’Neal

Nesse caso eu nem encaro como um “se”, mas como uma previsão consciente: não vejo Shaq agregando muita coisa ao time de Lebron. Até acredito que os Cavs vão acabar mais uma vez com a melhor campanha do Leste e que Lebron conquiste o prêmio de MVP novamente. Mas nos playoffs vão acabar como no ano passado, eliminados por Orlando ou Boston, vendo Lebron dando adeus ao final de seu contrato e partindo para os Clippers, para os Bulls, ou para os Nets (que ele não cometa o erro de ir para os Kincks).

9. Anthony Randolph (Golden State Warriors)
8. Kevin Durant (Oklahoma City Thunder)

Os Warriors não vão a lugar nenhum. E, ao contrário do que os especialistas andam dizendo, acredito que o Thunder tem condições de brigar pela última vaga do Oeste para os playoffs com o Phoenix Suns, mas no máximo como número 8. Então por que estou colocando esses dois caras na lista dos personagens que podem definir o resultado do campeonato? Simples! SE ambos jogarem o que eu acredito que eles possam jogar, passo a ser favoritíssimo a conquistar o bicampeonato do Fantasy NBA na Michael Chang League. E mais: Kevin Durant vai brigar com Lebron e Dwyane Wade pelo título de cestinha da temporada. E os dirigentes do Portland Traiblazers vão cometer suicídio coletivo por o terem deixado passar no draft de 2007.

7. Vince Carter

No draft da minha outra liga fantasy, por uma falha momentânea na conexão, uma de minhas escolhas foi feita de forma automática e me trouxe justamente Vince Carter, aquele que encabeça a minha lista de “stay away”. O histórico de displicência dele ao longo da carreira é impressionante, culminando na escapada que deu para receber o diploma universitário na véspera do jogo 7 da semifinal do leste (resultado: seu time da época, o Toronto Raptors, perdeu para os 76ers). A forma como ele desiste dos jogos e de suas equipes é notória. E agora ele chega no atual vice-campeão com a missão de ocupar o espaço deixado por Hedo Turkoglu. Pra sorte do Magic, Vince não precisará assumir o papel de líder ou de melhor jogador do time que já conta com Dwight Howard, Rashard Lewis e Jameer Nelson. SE ele conseguir manter uma temporada inteira de bom nível, Orlando pode voltar a vencer o leste. Sou obrigado a torcer para que isso aconteça, não pelo Magic, mas sim pelas chances do meu time fantasy na Liga Basqueteiros.

6. Lamar Odom.

As boas notícias: novo contrato e recém-casado. As más notícias: novo contrato e recém-casado. O cara que fez a diferença nas finais de 2009 (“When Lamar Odom is this good there’s no beat the Lakers”, by Jeff Van Gundy) conseguiu um novo contrato (será que a motivação para esse ano será a mesma, agora que os próximos anos estão garantidos?) e se casou com uma das irmãs Kardashian (sinônimo: problemas), um mês após conhecê-la em uma balada, apresentada pelo número 4 da minha lista. Os "especialistas" estão dando 10 meses no máximo para a duração do casamento, ou seja, a separação poderá ser na época dos playoffs. Qual será sua condição em maio e junho? Um “SE” gigante pra ele.

5. Kevin Garnet

Essa é simples: SE Kevin Garnett estiver em boas condições físicas, recuperado da cirurgia no joelho, os Celtics vencem o Leste. Nada a acrescentar.

4. Ron Artest

O cupido do ano chega aos Lakers para substituir o promissor Trevor Ariza, que teve papel fundamental no título de 2009. Não consigo definir se foi um avanço ou um retrocesso. Já li que seu poder de marcação não é o mesmo que em tempos anteriores, mas imagino que pelo menos consiga dar uma folga a Kobe quando do outro lado estiverem Manu Ginobili ou Paul Pierce. E como será seu comportamento no ataque, agora que será apenas a terceira opção do time? Segundo “SE” gigante para os atuais campeões.


3. Manu Ginobili
2. Tim Duncan

Sabemos o que esperar de Tony Parker e do técnico Greg Popovic. Não sabemos o que esperar de Manu Ginobili, que praticamente não jogou em 2009 graças à contusão no tornozelo que começou nos playoffs de 2008 e se agravou de vez durante os Jogos Olímpicos de Pequim. E imaginamos saber o que esperar de Tim Duncan, que continua resistindo à alta quilometragem e talvez consiga nos dar mais um ano daqueles que conhecemos. E os Spurs adicionaram peças ao elenco, como já fizeram em situações anteriores, que costumam encaixar como uma luva. Richard Jefferson vai cansar de fazer cestas de três pontos da zona morta. Antonio McDyess é a presença no garrafão que sempre ajuda a desafogar o “Big Three”. E o calouro DeJuan Blair foi um achado no final do primeiro round do draft (desde que esteja bem fisicamente). Estou sentindo um déjà vu de 2007.

1. Phil Jackson

Quando fiz a minha primeira lista dos personagens da temporada, meu número 1 era Kobe Bryant. Então comecei a pensar e concluí que não tenho dúvidas sobre sua a motivação para buscar mais um título, possivelmente ainda sonhando com o número de títulos de Michael Jordan. Também não acredito na teoria de que agora ele voltaria a jogar apenas para si, deixando de envolver os companheiros, até mesmo porque a alta quilometragem não permitiria mais. E acredito mesmo que ele entendeu o seu papel de líder, como eu descrevi no meu post após o último jogo da final de 2009. Mas, em contrapartida, começo a pensar se Phil Jackson continuará com a mesma motivação para buscar mais um título, agora que já se tornou o técnico com mais títulos na história (10). Como está sua saúde, considerando que chegou a ser cogitada a possibilidade de que ele comandaria o time apenas nos jogos em casa? Será que ele vai conseguir “domar” Ron Artest como fez com Dennis Rodman em 1996-1997 (e seria esse desafio a motivação extra que o fez continuar?)? Vai conseguir transformar Andrew Bynum naquilo que se espera? Como vai administrar a cabeça de Lamar Odom após esse ser abandonado por Khloe Kardashian? Muitas interrogações. Muitas.

Após tudo isso, não vou me esquivar de palpitar. Vamos à parte divertida:

PREVISÃO DO LESTE:

Temporada Regular:

1. Cleveland Cavaliers
2. Orlando Magic
3. Boston Celtics
4. Atlanta Hawks
5. Chicago Bulls
6. Washington Wizards
7. Miami Heat
8. Philadelphia 76ers

Final de conferência entre Celtics e Cavs, vitória dos Celtics em 6 jogos.

PREVISÃO DO OESTE:

Temporada Regular:

1. Los Angeles Lakers
2. San Antonio Spurs
3. Dallas Mavericks
4. Denver Nuggets
5. Portland Trailblazers
6. New Orleans Hornets
7. Utah Jazz
8. Oklahoma City Thunder

Final de conferência entre Lakers e Spurs, vitória dos Spurs em 6 jogos (muitas interrogações para os Lakers e apenas duas exclamações – Kobe e Gasol).

Final da NBA: San Antonio Spurs 4, Boston Celtics 2

Obviamente, SE alguma do que escrevi entre os itens 1 e 10 mudar ou sair do previsto, poderemos ter resultados completamente diferentes. Mas a graça estará exatamente nisso, quando o previsível se torna surpresa.

Minha torcida? Que Ron Ron seja um cordeirinho e que continue o grande marcador, que Bynum tenha uma média de 15 pontos e 12 rebotes, que Gasol faça o que já se espera e que Kobe seja o MVP e parta atrás do número 5, ficando apenas 1 atrás de MJ. Ah, e o mais importante de tudo: que Khloe e Lamar vivam felizes para sempre.

GO LAKERS!

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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

SOFRENDO COM O FANTASY FOOTBALL

Já estou indo para o meu 4º ano no Fantasy da NBA. Fiz o draft da já tradicional Michael Chang League na semana passada e fiquei muito feliz ao conseguir boa parte dos jogadores que eu pretendia, especialmente Kevin Durant na minha primeira escolha (#3 geral, atrás apenas dos óbvios Chris Paul e Lebron James) e de Anthony Randolph (meu sleeper desse ano). Jogar fantasy NBA é viciante e traz uma vantagem: cada confronto dura uma semana inteira e, com isso, cada jogador pode acumular estatísticas nos vários jogos que disputa ao longo da semana. O que isso quer dizer? Que uma noite apagada pode facilmente ser compensada na noite seguinte e, no final da semana, na média, não temos surpresas. Por isso a importância do draft e do acompanhamento da evolução dos free agents.

Em compensação, esse é o meu primeiro ano participando do Fantasy da NFL. Meu time, pelo menos no papel, pode ser considerado bom: tenho um dos melhores Wide Receivers da NFL (Reggie Wayne), um dos melhores rookies do ano passado e que era Top 4 geral em qualquer ranking pré-temporada (Matt Forte, RB), um quarterback de respeito (Donovan McNabb) e jogadores como Pierre Thomas (RB, Saints), Willis McGahee (Ravens, Top 5 entre os RB nas primeiras semanas da temporda) e Johnny Knox (WR, Bears). No papel, era time para brigar pelas primeiras posições da liga. Após 6 semanas, estou estagnado com uma campanha pífia (3-3). O que acontece?

Acontece que a cada semana temos um único jogo para decidir a nossa sorte. Se, naquele jogo, seu jogador não estava em um dia bom, na haverá a chance de compesação na mesma semana, como ocorre na NBA. Willis McGahee era um RB Top 5 e nessa última semana me ajudou com ZERO pontos. Vejam a sequência de pontuação de Matt Forte, a sensação do ano passado e que era para ser o meu maior pontuador: 5 - 5 - 10 - 19 - bye - 3. Apenas uma semana de respeito até agora para a quarta escolha geral do draft. Vai entender...

No último domingo acompanhei toda a rodada de olho no fantasy. É desesperador. No jogo da tarde, entre Giants e Saints, tinha toda a esperança do mundo em Pierre Thomas, o RB dos Saints. Nenhum touchdown dele, apesar dos 3 TD's corridos de New Orleans. À noite, grudei na TV para acompanhar os Chicago Bears x Atlanta Falcons, já que tinha as duas principais armas ofensivas dos Bears escaladas (Matt Forte, RB e Johnny Konx, WR). 50 jardas e 1 TD de cada praticamente me garatiriam a semana. A cada passe que passava por cima da cabeça do Johnny Knox, meu desespero aumentava. O mesmo aconteceu quando Forte cometeu um fumble na linha de 2 jardas (foto), prestes a marcar um TD. Que dizer então do último lance do jogo, quando os Bears tinham uma quarta descida para conquistar 1 mísera jarda, a 4 jardas da end zone, para empatar o jogo? Matt Forte estava posicionado para a corrida (chance real de TD) e um o left tackle cometeu um false start, perdendo 5 jardas e a chance da corrida e do TD...

Fantasy football requer preparação psicológica. O resultado é muito mais aleatório e dependente muito mais da "sorte" do que o fantasy basketball. Pequenos lances podem fazer TODA a diferença numa semana. Mas é viciante.

Que venha a semana 7!

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

MARADONA E A ARGENTINA

Em novembro do ano passado escrevi um texto para o Blog do Balu falando sobre ídolos e situações que podem manchar seu lugar na história. O grande exemplo que dei foi sobre o então recém-anúncio de Diego Maradona como técnico da Seleção Argentina. Na época, escrevi:

Maradona foi anunciado como o novo técnico da seleção argentina de futebol. Minha primeira reação foi: ‘Como assim? Por quê?’. E eu não estava pensando do ponto de vista técnico, ou seja, colocaram um cara sem praticamente nenhuma experiência na função no ‘topo da hierarquia’ da mesma função – já temos o exemplo do Dunga na seleção brasileira. O meu ponto é: o que leva um cara que é o maior ídolo de seu país a assumir um posto onde parte desse respeito que ele adquiriu possa ser colocado em prova e até questionado? Sabemos da pressão que o cargo envolve – lá não é muito diferente que aqui - e como as coisas vão ser quando os eventuais e possíveis maus resultados começarem a aparecer? Vão chamá-lo de burro? Haverá coro ‘fora Diego’?

Parecia roteiro pronto, não? Resultado: a Argentina conseguiu a classificação para a Copa do Mundo de 2010 na bacia das almas e o índice de rejeição de Maradona junto aos torcedores chegou a mais de 80%. De quebra, após o jogo contra o Uruguai, quando garantiu a classificação, ainda proporcionou declarações mais do que fortes aos jornalistas. É evidente que o desgaste seria ainda maior se a vaga na Copa fosse perdida, mas, mesmo com a classificação, o desgaste atingiu um nível desnecessário e que poderia ter sido evitado, considerando tratar-se do maior ídolo da história argentina, que agora reduziu em parte toda a história gloriosa que acumulou, com méritos, dentro de campo (nem vou entrar na questão de seus problemas pessoais).

Aproveitando, até entendo o pessoal que torceu pela Argentina contra o Uruguai. Utilizaram o argumento de que a Copa do Mundo precisa ter todos os grandes times presentes, já que é um dos dois maiores eventos esportivos do planeta e todos os melhores devem estar lá. Mas, por esse lado, então pra que precisamos de eliminatórias? Bastaria classificar automaticamente Brasil, Itália, Alemanha, Inglaterra, Argentina, França e Uruguai (os campeões mundiais) e deixar as eliminatórias apenas para os demais. Se um time não consegue a classificação dentro de campo, ainda mais nas eliminatórias sulamericanas, com 10 países, 5 vagas (4 diretas e 1 para repescagem) e babas como Bolívia, Peru e Venezuela, então tem mais é que esperar mais 4 anos mesmo. Eu torci MUITO para o Uruguai, primeiramente pelo histórico de jogadores uruguaios que brilharam no São Paulo: Pablo Furlan, Pedro Rocha, Daryo Pereira, Diego Lugano, entre outros. E, em segundo lugar, porque prefiro a Argentina fora da Copa mesmo... é um concorrente a menos para o Brasil, os caras são tão chatos quanto os corinthianos quando se classificam para Libertadores (sabemos o que acontece na sequência, mas mesmo assim...) e (agora devo comprar briga) não conseguiram nenhum desempenho digno de aplausos nas últimas 4 edições de Copa do Mundo (nenhuma semifinal e ainda o papelão de 2002), fato que vai de contra a tese de que a Copa perde com a ausência da Argentina. Mas agora eles estão classificados e só nos resta esperar pela tradicional dobradinha em 2010: fiascos da Argentina na Copa e do Corinthians na Libertadores.
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sábado, 10 de outubro de 2009

A FOOTBALL WEEKEND

Além de muito tênis e baseball, aproveitei a viagem de férias para assistir pela primeira vez a jogos de futebol americano, sendo um universitário e outro da NFL. Aproveitando a passagem pela Califórnia e, mais especificamente, por San Francisco, pude não só visitar meu grande amigo Vítor e sua esposa Marina, como peguei um jogo da Universidade de Stanford, onde ele está estudando atualmente. O jogo universitário é um evento e tanto, apesar do baixo nível técnico do jogo, se bem que o placar de 42 x 17 para os donos da casa possibilitou muita diversão, especialmente com a banda da universidade e a apresentação das cheerleaders após o jogo. E o estádio de Stanford, palco de jogos do Brasil na Copa de 1994, incluindo aquele jogo das oitavas de final contra os Estados Unidos (o jogo da cotovelada do Leonardo), é um estádio sensacional (atenção corinthianos: é o estádio de uma Universidade e já foi palco de Copa do Mundo!).











Para o jogo da NFL, não poderia ter sido uma escolha melhor do que assistir a um jogo do San Francisco 49ers, meu time da NFL desde os bons tempos de Joe Montana e Jerry Rice e, posteriormente do grande Steve Young. Coloco nesse post duas fotos exatamente dessas 3 lendas: as placas que homenageiam dois dos maiores quarterbacks da histórica (Montana e Young) e o próprio Jerry Rice em pessoa, o maior Wide Receiver de todos os tempos (Soneca, se você estiver lendo essa, dessa vez quanto a isso não há argumentos).

A fase dos 49ers, o segundo maior vencedor de Super Bowls da história, com 5 conquistas, uma a menos que o Pittsburgh Steelers, não vem sendo nada boa nos últimos anos, mas nessa temporada o time já começou com 3 vitórias em 4 jogos (melhor começo de temporada desde 2002) e tem boas chances de a vencer a divisão NFC West e voltar aos playoffs depois de 8 anos. Estivemos no jogo da Semana 2, contra o Seatle Seahawks, no Candlestick Park.

Sobre o Candlestick Park, esqueçam tudo o que eu comentei no post anterior sobre o Yankee Stadium. O estádio, já bastante velho, apresenta uma série de problemas, especialmente de acesso. Fica localizado à beira de uma estrada, sem transporte público próximo e, para piorar, o acesso ao seu interior consegue ser pior que o do Morumbi em dia de clássico: poucas entradas, um mega tumulto de gente acumulada, ajudado pelo tal do Tailgate (o tradicional churrasco de porta de estádio antes dos jogos) que faz com que os torcedores acabem entrando somente em cima da hora de início da partida. Na parte interna, apesar de algumas escadas rolantes, o conforto não é nada superior do que nossos estádios de futebol aqui no Brasil. Fiquei sabendo depois do jogo que já há estudos para a construção de um novo estádio, pelos novos proprietários do time. Vamos aguardar.

Mas, tirando essa questão, não dá para negar que o football é o esporte número 1 dos americanos. Talvez pelo fato de que o número de jogos é menor (temporada regular de 16 jogos, 8 em casa e 8 fora), a importância de cada jogo é muito maior do que um jogo de basquete (temporada de 82 jogos) ou de baseball (162 jogos antes dos playoffs) e os torcedores dedicam todo o domingo ao evento, indo ao estádio ou ficando em casa acompanhando toda a rodada com diversos amigos. O jogo começou num horário cedo (1 da tarde) e os “tailgaters” começaram seu churrasco logo pela manhã, criando clima para o jogo. Já dentro do estádio, a torcida é completamente ensandecida, bem diferente da torcida do baseball. A cada 3rd down do adversário o barulho chega a níveis enlouquecedores. O nível de vibração nos lances importantes também é de impressionar. O único problema são as paralisações do jogo para os comerciais de TV após cada kick, punt, troca de posse de bola, etc. Mas não podemos negar que é um evento e tanto.

O irmão de um outro grande amigo meu, o Muli, me trouxe dos EUA uma camisa número 80 dos 49ers (imortalizada por Jerry Rice) lá por meados dos anos 90. Fiz questão de colocar essa camisa na mala antes da viagem para usá-la no estádio do meu time favorito. E o time não decepcionou. Além de a defesa estar jogando muito bem, no ataque temos Frank Gore, um dos melhores running backs da NFL, que correu para 207 jardas e 2 touch downs, em dois lances espetaculares (um de 79 e outro de 80 jardas). Placar final: 49ers 23, Seahawks 10 e a segunda vitória nas duas primeiras rodadas da temporada. E ainda pude registrar o Vitor, torcedor dos Giants, utilizando uma camiseta dos Niners!



Balanço final das férias: um grand slam de tênis, 3 jogos de baseball e um jogo da NFL. De quebra, um show da maior banda do mundo e uma das minhas favoritas. E tem gente que ainda não entende o porquê de eu programar minhas viagens de férias em função de eventos esportivos...
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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

TAKE ME OUT TO THE BALL GAME

"Take me out to the ball game
Take me out to the crowd
Buy me some peanuts and cracker jacks
I don't care if I ever get back
And it's root, root, root for the home team
If they don't win, it's a shame
Cause it's one, two, three strikes
You're out
At the old ball game."


Essa música, composta em 1908, é o tema de qualquer jogo de baseball jogado nos Estados Unidos. Normalmente é tocada nos estádios durante o sétimo inning dos jogos. Nessa última viagem tive a chance de assistir a uma partida de baseball pela primeira vez (na verdade, foram 3 jogos) e a experiência foi sensacional.


Antes que alguém comece com a história de que “Baseball é muito chato” ou “a regra é muito difícil” ou “o jogo demora muito”, devo dizer que, no primeiro jogo que assisti (New York Yankees 11 x 1 Tampa Bay Rays), estava acompanhado de 3 mulheres que não entendiam nada de baseball (apesar de amantes do esporte, o que obviamente ajuda). Passei as regras básicas e a dinâmica do jogo. Ajudado pelo fato de que ter sido um jogo de pontuação alta, com 2 home runs (ambos de Mark Teixeira) e 12 pontos no total, no final da noite havia cumprido a missão de agregar mais 3 fãs ao esporte. O problema é que acabaram se tornando 3 torcedoras dos Yankees, mas infelizmente o US OPEN não foi em Cleveland e por isso não pude fazer muita coisa (e mesmo que fosse, a atual fase dos Indians não ajudaria muito). A missão foi tão bem cumprida que uma de minhas companheiras de viagem, a Ynara, me mandou e-mail hoje perguntando do jogo de ontem entre Tigers x Twins. Well done!

O jogo demorou quase três horas e meia para acabar, mas o tempo passou muito rápido. Não dá pra negar que os americanos sabem fazer um espetáculo. A cada parada do jogo, temos música, promoções, o telão gigantesco ajudando, comida a disposição por tudo que é lado (o preço abusivo é um assunto a parte), enfim, tudo o que é possível para entreter o público. E o novo estádio dos Yankees é uma obra de arte. Metrô na porta, fácil acesso, elevadores, escadas rolantes, fluxo tranqüilo, dezenas de lanchonetes, bons banheiros, todos os lugares marcados, tudo o que reclamamos dos nossos próprios estádios aqui no Brasil (que a adaptação para a Copa de 2014 resolva pelo menos parte desses problemas). O único problema é ter que pagar 9 dólares por uma cerveja ou 5 dólares por um refrigerante.

No US Cellular Field, em Chicago, onde assisti a Chicago White Sox 6 x 8 Minnesota Twins, tudo muito parecido: o estádio é relativamente novo e a estrutura parecida, em escala um pouco reduzida em relação ao Yankee Stadium. Mas também foi um jogo de pontuação alta e com 7 Home Runs, o que tornou tudo bem mais divertido. Infelizmente os Cubs (o time realmente tradicional de Chicago) estavam jogando fora de casa nos dias em que estive na cidade e não pude visitar o folclórico Wrigley Field. Mas consegui passar um tempo com meu grande amigo César, que se mudou para lá no ano passado.

Para finalizar com chave de ouro (tanto a sequência de jogos como as férias, já que 10 horas depois do final do jogo já estava voando para o Brasil), de volta a NY e ao Yankee Stadium assisti ao jogo da maior rivalidade do esporte americano – New York Yankees x Boston Red Sox. Casa cheia, times completos e, apesar de mais uma vitória dos Yankees (9x5), algumas coisas para se guardar na memória, como ver ao vivo Home Runs de Alex Rodriguez (que deverá encerrar a carreira, daqui a muitos anos, como recordista histórico de HR’s, com ou sem asteriscos – e poderei falar que pelo menos um deles eu vi ao vivo!) e de David Ortiz, o “Big Papi”. Aliás, o que A-Rod jogou nesse dia foi um assombro (será que ele leu meu post sobre a questão do doping e quis mostrar algo para mim?). Vale um comentário sobre a torcida: apesar do ódio entre os times (acreditem, é ódio na versão mais pura que existe), muitos torcedores dos Red Sox estavam no jogo e no metrô, devidamente uniformizados, e sem nenhum problema. Mais uma coisa que temos muito que aprender por aqui.



PLAYOFFS

Em resumo, a dose tripla de baseball foi mais do que suficiente como uma primeira experiência. E um motivo a mais para acompanhar os playoffs da MLB que se iniciam hoje. Na Conferência Americana, teremos Boston Red Sox x Los Angeles Angels e New York Yankees x Minnesota Twins (que conseguiu a última vaga em um jogo histórico ontem à noite contra o Detroit Tigers, decidido apenas no 12º inning).

Obviamente, quero que os Yankees se explodam, apesar de serem os grandes favoritos, ainda mais agora que não tem mais um republicano na Casa Branca. Seu line-up (ataque) é monstruoso (Derek Jeter, Mark Teixeira, A-Rod, etc), mas nos playoffs vale muito mais ter uma boa rotação de arremessadores. E coloco dúvidas sobre os pitchers de New York: o número 2 deverá ser A.J. Burnett (altos e baixos) e o número 3, Andy Pettitte. O número 1 é C.C. Sabathia, de quem os fãs dos Indians se lembram muito bem durante a ALCS de 2007, quando o time vencia os Red Sox por 3x1 e acabaram perdendo a série após atuações desastrosas de C.C. Particularmente, confio mais em John Lester, Josh Beckett e o japonês Daisuke Matsuzaka, o Dice-K, dos Red Sox. Mas, para termos uma série entre Yankees e Red Sox, antes ambos terão que passar por Twins e Angels. O que não será fácil.

Na Liga Nacional, onde teremos St Louis Cardinals x Los Angeles Dodgers e Colorado Rockies x Philadelphia Phillies, o favoritismo está sendo apontado para os Cardinals, mas nessa liga, mais fraca, tudo pode acontecer. Vou torcer pelos Dodgers, de Manny Ramirez, mas não podemos menosprezar os atuais campeões Phillies, e nem o Colorado Rockies, que deu mais uma arrancada impressionante no final da temporada regular, semelhante ao que fizeram em 2007, para garantir a classificação,.

Minha torcida para a World Series é para Red Sox x Dodgers. Mas é uma aposta bem arriscada. E improvável.


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sábado, 3 de outubro de 2009

HOJE DEIXEI A EMOÇÃO SUPERAR A RAZÃO



Se alguns anos atrás alguém me dissesse que o Brasil sediaria uma Copa do Mundo e uma edição de Jogos Olímpicos num espaço de 2 anos, eu diria que essa pessoa estaria completamente louca.

Não torci e nem fiz campanha para que o Rio de Janeiro fosse escolhida a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Ainda não consigo deixar de pensar em várias coisas que aconteceram e foram reveladas após do Pan de 2007, também no Rio: superfaturamento de 1000%, contas não aprovadas pelo TCU, projetos de transporte e ambientais que não sairam do papel, sem falar no tal legado dos jogos que não ocorreu (o Bola citou um bom exemplo em seu blog sobre a forma como alguns atletas vem sendo tratados). Imagino como esses problemas seriam potencializados na organização de uma edição de Jogos Olímpicos e não consigo deixar de ficar mais do que preocupado com toda a parte ilícita do negócio. Empreiteiros devem estar esfregando as mãos, políticos idem. Muitos dos responsáveis pela lambança financeira que foi o Pan estarão encarregados da organização dos JO's e, por isso, é impossível, para mim, não ficar pensando nos desvios e superfaturamentos que vão ocorrer. Sem falar que o Brasil vai sediar os Jogos Olímpicos sem ter uma política minimamente razoável para o esporte de base.

Mas hoje, dia do anúncio, acabei deixando tudo isso de lado. De lado não, afinal ainda tenho um pé atrás. Mas fui obrigado a sair da empresa na hora do almoço e procurar um lugar para almoçar e ficar em frente a uma TV para assistir ao anúncio do COI. O anúncio estava programado para as 13h50. Minutos antes, comecei a ficar ansioso de uma forma que só havia ficado uma vez na vida, momentos antes daquele pênalti batido por Roberto Baggio em 1994. O coração quase saiu pela boca. E veio o anúncio.



Fiquei paralisado (assim como logo após o chute pra fora de Baggio) e só conseguir soltar um "UAU!". Tendo acompanhado os Jogos Olímpicos de Pequim in loco me fez perceber o tamanho e a importância do evento, e tê-lo a menos de 500 km da porta de casa me trouxe um sentimento de felicidade. Isso mesmo, estava feliz. Nesse momento, só conseguia pensar no pessoal do COB que conheço (Aê Claudinha!) e no tanto que eles trabalharam. Eles são a parcela que participa do processo por realmente acreditarem no movimento olímpico e por amor ao esporte. Não estão atrás de vantagens pessoais. Fiquei muito feliz por eles. E, antes de ser um crítico de nossos políticos e das roubalheiras que eles fazem melhor do que ninguém, sou um amante incondicional do esporte. E os Jogos Olímpicos são o momento máximo do esporte. No ano passado tive que atravessar o mundo para acompanhá-los. Em 2016, talvez até vá de carro, dirigindo.

Foi um conflito de sentimentos. Hoje, a emoção falou mais alto. Como outro otimista nato, estou adotando o discurso de meu amigo PJ (texto muito bem escrito) e só posso esperar que a fiscalização ao processo de organização dos jogos seja muito bem feita. Que a imprensa fique atenta, que as autoridades cumpram seu papel, e que o Brasil (especificamente o Rio de Janeiro) saiba tirar proveito dos benefícios que essa oportunidade pode trazer. O que num primeiro momento é difícil de acreditar, considerando o pessoal que está envolvido (aquele do segundo parágrafo) e a impunidade que reina em nosso país. Mas temos mais uma chance de fazer bem feito.

E um parabéns especial para a Claudinha (uma de minhas companheiras de Pequim 2008 e do US OPEN 2009) e o para o restante do pessoal do COB (aquele do quarto parágrafo).
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MAGNIFICENT!

Lá no início dos anos 90, em 1991, para ser mais exato, o U2 corria a Europa e a América do Norte com a turnê Zoo TV, para divulgar o fantástico álbum "Achtung Baby" (ao lado do "The Joshua Tree", os melhores da carreira da banda, na minha opinião). A turnê não passou pelo Brasil, que na época ainda não estava da rota das grandes turnês, o que só mudou a partir de 1993, com a vinda de Madonna e Michael Jackson, e 1994, com a vinda dos Rolling Stones. Na época, ainda estudante de segundo grau, eu colocava como sonho de consumo assitir o U2 pelo menos uma vez na vida, nem que tivesse que ir para fora do Brasil. Felizmente, os irlandeses aterrisaram em São Paulo em 1998, na turnê Pop Mart e, depois, em 2006, com a turnê Vertigo. Assisti a 2 shows de cada turnê, todos no Estádio do Morumbi.

E agora, nessas últimas férias, tive a oportunidade de assisti-los pela primeira vez fora do Brasil (sonho de consumo realizado), no último dia 24 de setembro, no Giants Stadium em Meadowlands, East Rutherford, New Jersey (para facilitar, ali do lado de Nova York). Como ainda não há previsão de que a turnê 360º passe pelo Brasil, me considero um privilegiado. Privilegiado porque tive a oportunidade de presenciar uma das maiores produções já concebidas na história da música, com uma das minhas bandas favoritas e que atualmente pode ser considerada a maior do mundo. A turnê promove o ótimo "No Line On The Horizon", álbum lançado no início de 2009.

Aqueles fãs mais radicais da banda podem reclamar (e muitos estão reclamando) do excesso de músicas recentes no set list. Eu também costumava pensar assim, mas de uns tempos para cá mudei um pouco meu ponto de vista. Os caras já estão na estrada há quase 30 anos, por que não podem tocar o que bem entendem? Não gostou do set list, que deixa de ser surpresa após o primeiro show e varia muito pouco ao longo da turnê? Não vá! E mais: os álbuns lançados na última década, "All That You Can Leave Behind", "How To Dismantle An Atomic Bomb" e o próprio "No Line On The Horizon", são REALMENTE bons e trazem algumas músicas que causam um efeito impressionante quando tocadas ao vivo. Basta ver os vídeos que coloco a seguir, de "Beautiful Day", "Elevation" e "Vertigo". São músicas que passaram a ser obrigatórias em qualquer apresentação deles.

Não tocaram as minhas duas músicas favoritas: "Pride" e "Bad", mas saí mais do que satisfeito do show. Ouvir
"Unforgetable Fire", "Ultra Violet" e, principalmente
"Walk On" pela primeira vez valeu o ingresso. Além disso, como eu havia imaginado nos meus comentários sobre o álbum No Line On The Horizon, as novas "Magnificent" e "Get On Your Boots" ficaram muito poderosas ao vivo. Só gostaria de ter ouvido a versão original de "I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight", mas a versão remix me surpreendeu e combinou com o show.

E não dá pra não falar do palco. Já vi palcos espetaculares do próprio U2 nas turnês anteriores e dos Rolling Stones e, quando imaginava que não havia mais como inovar, eles aparecem com esse palco redondo, sem fundo, que possibilita a presença de público na área do estádio que normalmente fica desocupada, que é exatamente onde estávamos (não é a toa que foi o maior público da história do Giants Stadium), com uma bateria que em alguns momentos gira 180 graus - vejam o vídeo de "Beautiful Day" - e que faz com que eles circulem à vontade, até o círculo externo. E, como se não bastasse, um mega telão de 360 graus, que traz uma dinâmica sensacional ao show, não só com imagens, mas também com efeitos especiais (vejam em "Vertigo").

Sobre o público, tinha ouvido do meu amigo César, que esteve no show de Chicago, que o público do Brasil é imbatível em termos de empolgação (e deve ser mesmo), mas achei o público do Giants Stadium muito bom.

E, para finalizar, as clássicas "Sunday Bloody Sunday", "One", "With or Without You" e a melhor música do U2 para ser tocada em um show, cujo vídeo deixo abaixo. Deixei o estádio mais do que satisfeito. No balanço final, achei o set list da turnê passada (Vertigo) um pouco melhor, mas não tenho muito o que reclamar desse. Um show histórico para mim. E, quem sabe, não consiga vê-lo novamente em 2010, no Brasil ou em algum outro lugar?