Se alguns anos atrás alguém me dissesse que o Brasil sediaria uma Copa do Mundo e uma edição de Jogos Olímpicos num espaço de 2 anos, eu diria que essa pessoa estaria completamente louca.
Não torci e nem fiz campanha para que o Rio de Janeiro fosse escolhida a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Ainda não consigo deixar de pensar em várias coisas que aconteceram e foram reveladas após do Pan de 2007, também no Rio: superfaturamento de 1000%, contas não aprovadas pelo TCU, projetos de transporte e ambientais que não sairam do papel, sem falar no tal legado dos jogos que não ocorreu (o Bola citou um bom exemplo em seu blog sobre a forma como alguns atletas vem sendo tratados). Imagino como esses problemas seriam potencializados na organização de uma edição de Jogos Olímpicos e não consigo deixar de ficar mais do que preocupado com toda a parte ilícita do negócio. Empreiteiros devem estar esfregando as mãos, políticos idem. Muitos dos responsáveis pela lambança financeira que foi o Pan estarão encarregados da organização dos JO's e, por isso, é impossível, para mim, não ficar pensando nos desvios e superfaturamentos que vão ocorrer. Sem falar que o Brasil vai sediar os Jogos Olímpicos sem ter uma política minimamente razoável para o esporte de base.
Mas hoje, dia do anúncio, acabei deixando tudo isso de lado. De lado não, afinal ainda tenho um pé atrás. Mas fui obrigado a sair da empresa na hora do almoço e procurar um lugar para almoçar e ficar em frente a uma TV para assistir ao anúncio do COI. O anúncio estava programado para as 13h50. Minutos antes, comecei a ficar ansioso de uma forma que só havia ficado uma vez na vida, momentos antes daquele pênalti batido por Roberto Baggio em 1994. O coração quase saiu pela boca. E veio o anúncio.
Fiquei paralisado (assim como logo após o chute pra fora de Baggio) e só conseguir soltar um "UAU!". Tendo acompanhado os Jogos Olímpicos de Pequim in loco me fez perceber o tamanho e a importância do evento, e tê-lo a menos de 500 km da porta de casa me trouxe um sentimento de felicidade. Isso mesmo, estava feliz. Nesse momento, só conseguia pensar no pessoal do COB que conheço (Aê Claudinha!) e no tanto que eles trabalharam. Eles são a parcela que participa do processo por realmente acreditarem no movimento olímpico e por amor ao esporte. Não estão atrás de vantagens pessoais. Fiquei muito feliz por eles. E, antes de ser um crítico de nossos políticos e das roubalheiras que eles fazem melhor do que ninguém, sou um amante incondicional do esporte. E os Jogos Olímpicos são o momento máximo do esporte. No ano passado tive que atravessar o mundo para acompanhá-los. Em 2016, talvez até vá de carro, dirigindo.
Foi um conflito de sentimentos. Hoje, a emoção falou mais alto. Como outro otimista nato, estou adotando o discurso de meu amigo PJ (texto muito bem escrito) e só posso esperar que a fiscalização ao processo de organização dos jogos seja muito bem feita. Que a imprensa fique atenta, que as autoridades cumpram seu papel, e que o Brasil (especificamente o Rio de Janeiro) saiba tirar proveito dos benefícios que essa oportunidade pode trazer. O que num primeiro momento é difícil de acreditar, considerando o pessoal que está envolvido (aquele do segundo parágrafo) e a impunidade que reina em nosso país. Mas temos mais uma chance de fazer bem feito.
E um parabéns especial para a Claudinha (uma de minhas companheiras de Pequim 2008 e do US OPEN 2009) e o para o restante do pessoal do COB (aquele do quarto parágrafo).
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário