quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

MANCHAS E ASTERISCOS NA HISTÓRIA

Na semana passada escrevi sobre o privilégio que é podermos presenciar alguns ídolos do esporte, que certamente terão um lugar de destaque na história, ainda durante suas carreiras. Citei diversos nomes e entre eles, Alex Rodriguez, terceira-base do New York Yankees. A-Rod, como é conhecido, já é considerado um dos maiores rebatedores de todos os tempos e, seguindo o ritmo que apresentou em sua carreira, mesmo que os números sofram uma ligeira queda, fatalmente baterá o recorde de Home Runs na carreira, que atualmente pertence a Barry Bonds, com 762 HR’s (já possui 533 e tem mais 9 anos de contrato com os Yankees). Bonds bateu esse recorde, que antes era de 755 e pertencia a Hank Aaron, em 2007. Além disso, A-Rod tem o maior contrato da história da Major League Baseball (275 milhões de dólares por 10 anos).

Na época, Bonds enfrentava problemas frente a acusações de utilização de substâncias ilícitas (leia-se esteróides). Por isso, seu recorde possui um asterisco, pois parte de seus números foram obtidas com “ajuda extra”. Boa parte dos fãs do baseball nem considera que o recorde foi batido.

Pois é... neste último final de semana, uma reportagem da Revista Sports Illustrated trouxe à tona que A-Rod teria testado positivo para esteróides em testes realizados em 2003. Dois dias depois, em uma entrevista para a ESPN, A-Rod admitiu o uso de substâncias banidas entre 2001 e 2003, quando ainda jogava pelo Taxas Rangers. A transcrição da entrevista pode ser lida aqui.

Antes de prosseguir, vale explicar o histórico do problema: até 2003 não havia regras na MLB que proibisse ou indicasse punições para o uso de tais substâncias. Existia “apenas” um código de ética informal. Nem controle anti-dopagem havia. Em 2003, a partir de um escândalo que envolveu alguns atletas e um laboratório, a liga resolveu implantar testes em todos os jogadores da liga, mas sem objetivo de punição, seria apenas para dimensionar o tamanho de um eventual problema. As amostras coletadas seriam identificadas apenas com um código, e a lista que relacionava esses códigos com os nomes dos atletas ficaria com uma terceira empresa, em caráter de confidencialidade. Em princípio, nomes de atletas que testassem positivo não seriam publicados.

Acontece que foi verificado que 104 amostras tiveram resultado positivo. Isso equivalia a quase 10% da liga, um número absurdo. E, a partir de 2004, regras, controles e punições foram estabelecidos. Durante esse tempo, os únicos nomes que vieram a público foram os nomes relacionados ao tal laboratório da Califórnia (BALCO). Entre esse nomes, tivemos alguns notáveis, como Roger Clemens, Andy Pettitte, Mark McGwire, Sammy Sosa e Barry Bonds, entre outros. Alguns desses, como Clemens e McGwire, vêm enfrentando problemas com a justiça americana, não pelo uso das substâncias, mas sim por terem negado o uso sob juramento. Bons resumos desse caso podem ser lidos aqui e aqui.

E agora, o primeiro nome da lista de 104 vem à tona. E logo o jogador mais prestigiado da liga. As primeiras questões a serem levantadas, obviamente, são: E os outros 103? Os nomes devem ser divulgados? Se não foram divulgados, TODOS os jogadores da liga passarão a ser suspeitos.

Não vou entrar no mérito dos procedimentos a serem tomados nem as conseqüências imediatas para a liga propriamente dita. O que mais me preocupa é que boa parte da história está manchada. Até que ponto podemos acreditar nos números e nos recordes estabelecidos por esses “atletas”? Mark McGwire já foi recusado no “Baseball’s Hall Of Fame” e os outros provavelmente terão o mesmo destino.
.

Nenhum comentário: