segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

KURT WARNER E A PERSISTÊNCIA

Kurt Warner tem uma carreira mais do que curiosa e não deixa de ser um exemplo de perseverança: assinou com o Green Bay Packers em 1994 sem ter passado pelo draft, mas foi dispensado logo depois. Depois disso, chegou a trabalhar como empacotador de supermercado até conseguir entrar para a Arena Football League (AFL), onde jogou de 1995 a 1997, quando teve uma nova chance na NFL, assinando com o St. Louis Rams. Mas não conseguiu a vaga no time em 1998 – foi enviado para a NFL Europe, onde jogou um ano pelo Amsterdam Admirals. Em 1999, finalmente conseguiu a vaga nos Rams devido à contusão do então quarterback titular, Trent Green. E explodiu de uma forma sem precedentes, chegando a ser eleito o MVP da temporada e conduzindo os Rams ao título do Super Bowl, quando também foi eleito o MVP da partida final. Voltou a ser eleito MVP da liga em 2001, quando voltou ao Super Bowl, mas perdeu para o New England Patriots (na época uma zebra) do então novato Tom Brady. Me lembro muito bem da entrevista de Kurt Warner após a derrota. Ele não se mostrava abalado, reconheceu o mérito do adversário e disse com convicção: “sei que vou voltar a disputar o Super Bowl”.

Mas as coisas começaram a complicar para ele: no ano seguinte seu rendimento caiu, passou por algumas contusões e perdeu a vaga no time. Dispensado no início de 2004, assinou com os Giants. Em NY também não conseguiu se firmar, sendo substituído pelo calouro Eli Manning.

Foi transferido para o Arizona Cardinals, onde também iniciou com dificuldades (contusões e irregularidades) , disputando a posição com mais um novato: Matt Leinart. Todos achavam, que sua carreira rumava ao final, quando voltou a firmar. Fez uma temporada muito boa em 2007 e se voltou a ser o titular.

Em 2008, aos 37 anos, está fazendo história, cumprindo o que disse após a derrota do Super Bowl XXXVI: está de volta ao Super Bowl. O Arizona Cardinals, um dos times mais antigos da liga, que já foi sediado anteriormente em St Louis e Chicago, era o único time da NFC que não havia chegado à final da conferência até hoje. Há 10 anos fora dos playoffs, venceu a NFC West, divisão mais fraca da liga e se classificou com a medíocre campanha de 9 vitórias e 7 derrotas. Ninguém apostava nas chances do time na pós-temporada, mas venceram o Atlanta Falcons no Wild Card, os favoritos Carolina Panthers no Divisional Weekend e ontem passaram pelos Philadelphia Ealgles na final da NFC.

E foi um jogaço. Os Cardinals começaram arrasadores no primeiro tempo, com a combinação Kurt Warner e Larry Fitzgerald, seguramente o melhor Wild Receiver da NFL, que levou a 3 touch downs e a liderança por 24x06 no intervalo. Mas no segundo tempo os Eagles reagiram, acertando a defesa e com Donovan McNabb comandando o ataque numa reação espetacular, virando para 25x24. Mas Kurt Warner ainda tinha bala na agulha e comandou a campanha final, que terminou com um TD de Tim Hightower a pouco mais de 2 minutos do final para dar os números finais ao placar (32x25) e a vaga no Super Bowl.

E Kurt Warner está de volta ao Super Bowl, com mais uma história curiosa (achei que era invenção quando li na coluna de sexta-feira do Bill Simmons, mas ontem vi e ouvi o técnico dos Cardinals confirmando a história): embalado pelo discurso de Barack Obama no dia da eleição, quando o presidente eleito disse que havia prometido um cãozinho às filhas caso se mudassem para a Casa Branca, ele fez o mesmo – antes do início dos playoffs prometeu um cãozinho à filha caso vencesse o Super Bowl. Obama está se mudando para a Casa Branca nesta semana. E para Kurt Warner, agora só falta mais um jogo.

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