domingo, 6 de setembro de 2009

COPA AMÉRICA DE BASQUETE MASCULINO

Antes de me mandar pra terra do Tio Sam, não vou deixar de escrever algumas observações sobre a Copa América de Basquete Masculino e a Seleção Brasileira. As 4 vagas para o Mundial de 2010 já estão definidas: Brasil, Porto Rico, Argentina e Canadá.

A Argentina passou aperto na primeira fase, especialmente após a derrota para a Venezuela, mas se recuperou e garantiu a vaga. Não que isso fizesse alguma diferença. Explico: para o Mundial do ano que vem, o sistema de classificação inclui o país-sede (Turquia), os campeões olímpicos (EUA) e os classificados dos torneios continentais desse ano. Sobrariam 4 vagas que seriam utilizadas pela FIBA para convidar quem ela bem entendesse (é uma forma estúpida eu sei, mas...). Se a Argentina não conseguisse a vaga na Copa América, obviamente seria um os convidados. Porto Rico vem cumprindo o papel de anfitrião e a única zebra, na minha opinião, foi a classificação do Canadá no lugar da República Dominicana, apesar dos reforços dominicanos da NBA: Charlie Villanueva, Francisco Garcia e Al Horford (um dos meus jogadores favoritos da nova geração).

Quanto ao Brasil, confesso que o time superou as minhas expectativas. Antes do torneiro, eu considerava os donos da casa e os argentinos como favoritos. Ainda teremos as semifinais nesse final de semana e tudo pode acontecer. Mas o Brasil terminou a segunda fase no primeiro lugar geral, com apenas uma derrota, e deverá vencer o Canadá em uma das semifinais. O time já mostrou uma evolução muito boa no desempenho. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o fato de, já no primeiro jogo, o técnico Moncho Monsalve ter escalado Alex no lugar de Marcelinho Machado no time titular (finalmente!). E Alex foi o destaque da estréia contra a República Dominicana. Guilherme Giovanoni voltou à seleção como uma boa opção vinda de banco, a dupla de pivôs (Thiago Spliter e Anderson Varejão) encaixou muito bem tanto na defesa quanto no ataque, embora na parte ofensiva ainda falte um pouco mais de peso (literalmente falando) para dominar o garrafão - eles ainda são obrigados a jogar de costas para a cesta e com arremessos de média distância. Talvez a volta dos nossos “meninos” (Baby e Nenê, ausentes por contusão), resolva esse problema. Leandrinho, nossa maior estrela, manteve a regularidade que se espera, apesar de uma tendinite que o fez ser poupado nos dois últimos jogos da segunda fase (vitória contra o Uruguai e derrota para Porto Rico) e Marcelinho Huertas assumiu com propriedade a vaga de armador principal.

Outra coisa que me agradou muito foi a melhoria no sistema defensivo e a maior paciência ofensiva, bem no estilo europeu, equilibrada com a velocidade de Leandrinho nos contra-ataques. Bem diferente do time da “era Marcelinho”, quando não havia nenhuma disciplina tática.

Coisas que preocupam:
1) A falta de um armador reserva – não estou falando nem que o armador reserva da seleção é ruim, pois NÃO HÁ ARMADOR RESERVA. Isso faz com que o Marcelinho precise ficar muito tempo em quadra, o que definitivamente pode pesar negativamente nas fases decisivas de um campeonato longo.

2) A possibilidade do técnico Moncho Monsalve deixar o time após a Copa América e não ir para o Mundial. Infelizmente, não vejo nenhum técnico no Brasil com condições de continuar com o trabalho sem trazer um retrocesso ao esquema de jogo. É muito bom ver um técnico que consegue melhorar um sistema de jogo e que não é refém de uma prancheta nos pedidos de tempo. Isso mostra que o trabalho de preparação (leia-se treinamentos, que é onde o sistema é absorvido, não durante o jogo) foi muito bem feito, apesar do pouco tempo disponível.


Pensando um ano para frente, no Mundial da Turquia, o primeiro passo é tentar manter o técnico. Se isso não for possível, que se traga outro estrangeiro, seja espanhol (a língua ajuda), sérvio ou croata. Além disso, mantendo-se a base de Huertas, Leandrinho, Alex, Guilherme, Spliter e Varejão, o retorno de Nenê e Baby e mais um armador reserva (o maior problema) e teríamos uma rotação de 9 jogadores (o número ideal para um jogo de alto nível) que poderia trazer um bom resultado para o Brasil, depois de 14 anos de fiascos (desde o sexto lugar nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996). Seria um time para ficar entre os 8 melhores do mundo. Chegar entre os 4 é difícil, pois Estados Unidos, Espanha e Argentina ainda estão em um nível acima, mas daria para brigar com Lituânia e Grécia (quarto e quinto melhores times do mundo), mais Croácia e outros europeus, além de China e Austrália.

Só espero que o trabalho do Moncho não se perca...

Tá chegando a hora de se mandar para o aeroporto. O próximo post já será de Nova York.

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