quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

GLORY DAYS

Depois dos acontecimentos dos últimos dias eu pensei que precisaria escrever diversos posts para registrar tudo. Decidi fazer somente um, aproveitando o título do clássico do Bruce Springsteen, que realizou uma apresentação memorável (parte 1 e parte 2)no intervalo do Super Bowl XLIII (ouvir “Born To Run” ao vivo – certamente uma das minhas 20 músicas favoritas de todos os tempos – sempre arrepia). Realmente vivemos dias gloriosos quando o assunto é esporte. E não estou falando somente dos últimos dias, das últimas semanas ou dos últimos meses, estou falando da nossa época. Como o Balu escreveu muito bem hoje em um e-mail (e em breve em um post em seu blog), temos sorte de estarmos presenciando ou de termos presenciado alguns fenômenos do esporte que definitivamente ficarão para a história.

Hoje ainda ouvimos nossos pais e avós contando as histórias de Pelé, Garrincha, Emerson Fittipaldi, Éder Jofre, Amaury Passos e Wlamir Marques (volto a esses dois daqui a pouco), entre outros, muitos outros. Lemos muito também sobre Mohamed Ali, Bill Russel, Wilt Chamberlain, Jesse Owens, Babe Ruth, Johnny Unitas, Mark Spitz, Bjorn Borg, Jack Nicklaus, enfim, a lista é enorme. Acontece que também teremos de quem falar para nossos filhos e netos – e a lista também será muito grande: Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird, ou para falar de nomes atuais, Kobe Bryant (que ontem mesmo fez 61 pontos contra o New York Knicks, batendo o recorde de pontos no Madison Square Garden) e Lebron James; Maradona, Ronaldo, Zidane e Rogério Ceni (especial para os palmeirenses); Hortência e Paula; Ayrton Senna e Michael Schumacher; Tiger Woods, Michael Phelps, Lance Armstrong; Joe Montana e Jerry Rice, ou os atuais Tom Brady e Peyton Manning; Manny Ramirez e Alex Rodriguez; Carl Lewis, Michael Johnson e Usain Bolt; Pete Sampras e Roger Federer... Podemos ocupar linhas e linhas com nomes e mais nomes.


Em tempo: o parágrafo anterior não é necessariamente uma lista dos melhores de cada modalidade (se bem que vale para muitos), apenas joguei nomes que definitivamente são ou serão lembrados na história como fenômenos acima da média.

Tudo isso para chegar nesses últimos dias, nos quais pudemos acompanhar eventos que fatalmente serão lembrados na história do esporte. Pudemos também relembrar de um evento que já faz parte da história do esporte, e que enche os brasileiros de orgulho. Valeu a pena todo o sono da segunda-feira, especialmente após as duas maratonas do domingo.

Super Bowl XLIII:

Mesmo que a maior parte do jogo não tenha apresentado lances de efeito ou momentos de tensão, o que dizer da interceptação e retorno de 100 jardas do James Harrison para touchdown, na última jogada do segundo quarto, com direito a balão de oxigênio, não só impedindo que os Cardinals marcassem o TD (era 1st and goal) e fossem para o intervalo liderando por 14x10, como possibilitando que os Steelers abrissem uma diferença de 10 pontos (17x7)? Um lance de 14 pontos. Ou então, o que dizer duas viradas nos últimos 3 minutos? Primeiro, o TD de 65 jardas de Larry Fitzgerald dando a liderança para os Cardinals (23x20) no único momento em que a defesa dos Steelers vacilaram na sua marcação, seguido do drive de 78 jardas dos Steelers que terminou com a recepção espetacular do Santonio Holmes (MVP do jogo) para garantir a vitória por 27x23.

Um jogo tão emocionante como o do ano passado, também com 2 viradas no placar nos últimos 3 minutos, quando os Giants surpreenderam os Patriots. Não considero o melhor Super Bowl da história, pelo menos considerando os que eu assisti, pois não dá pra esquecer das finais entre Rams e Titans (2000), Patriots e Rams (2002), Patriots e Panthers (2004) e Patriots e Giants (2008), entre outras. Mas, sem dúvida, um jogo histórico.

Os Steelers conquistaram o sexto título do Super Bowl, e se isolaram como os maiores vencedores da NFL (Cowboys e 49ers têm 5 títulos cada). Além do São Paulo, teeeeemos mais um hexacampeão, hello Sixburgh! (tentem ler a última frase no estilo Paulo Antunes e não cair a gargalhada).

Roger Federer x Rafael Nadal – final do Australia Open

Valeu a pena acordar às 06:30 da manhã de domingo para assistir a mais um duelo de 5 horas entre Roger Federer e Rafael Nadal. Outro dia escrevi em um e-mail que Nadal e Federer são o equivalente no tênis a Lebron James e Kobe Bryant no basquete. Nadal (Lebron) é uma força da natureza, que quando quer é “imparável”. Além disso, tem uma capacidade mental invejável. Já Fereder (Kobe) é o jogador mais completo, mais habilidoso e tenta alcançar o status do maior de todos (Sampras/Jordan), mas não sabemos se vai chegar a tanto (vale dizer que no caso de Kobe sabemos que NÃO vai chegar). Federer (Kobe) dominou os últimos anos (13 Grand Slams / 3 títulos da NBA e um título de MVP), mas Nadal já está dominando, já com 6 títulos de Grand Slam, incluindo títulos fora do saibro, como Wimbledon e Australia Open (todos verão como serão os próximos 10 anos de Lebron).

Alguns dizem que o choro de Federer durante a cerimônia de premiação foi patético. Não concordo. Dá para imaginar o pressão em relação ao eventual 14º título de Grand Slam (o que empataria com Sampras) e mesmo em relação à conseguir ganhar de Nadal, que lidera por 13x6 nos confrontos entre os dois. Mesmo com toda a estrutura que ele deve ter e com tudo o que já alcançou, reconheçamos que não é pouca coisa. O próprio Nadal mostrou-se meio constrangido e chegou ao cúmulo de pedir desculpas por ter vencido. Esse negócio de esporte é mesmo coisa de louco.

Recomendo esse excelente texto da ESPN.com sobre o jogo, que trata também da questão da rivalidade. Destaco uma frase que resume muito bem as coisas:

“Spent, both men are in tears for the trophy ceremony. Only they understand why. Each is less without the other, though the other may destroy him. The legacy of one must now become the legacy of the other. Trapped, they define each other. Paris, London and New York still lie ahead of them. And ahead of us.”

Brasil Campeão Mundial de Basquete Masculino - 1959

No último sábado, dia 31 janeiro, a principal conquista do basquete masculino do Brasil completou 50 anos. No Chile, em 1959, o time comandado por Amaury Passos e Wlamir Marques conquistava o Campeonato Mundial, façanha que se repetiria 4 anos depois, em 1963. A ESPN Brasil apresentou um especial emocionante sobre a conquista, com depoimentos dos jogadores, incluindo Rosa Branca, falecido no último mês de dezembro. Wlamir Marques esteve no Chile para o programa, relembrando detalhes e homenageando os companheiros de time (tanto os vivos quanto os que já se foram). Um fato histórico e que tem quer ser valorizado ao extremo. Uma pena que no país do futebol foram poucas as menções à data e a ESPN Brasil está de parabéns. Uma pena também que não podemos nos orgulhar da atual situação do basquete brasileiro, que não participa de uma Olimpíada desde 1996.



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Temos também que acabar com essa história de que só é bom o que é dos tempos antigos. Nesse raciocínio, todos os “melhores do mundo” já se aposentaram e nunca vai aparecer ninguém melhor, o que não precisa ser necessariamente verdade. Vale também para os eventos. Parece um crime dizer que o jogo entre Federer e Nadal na final de Wimbledon no ano passado tenha sido o melhor jogo de tênis da história. Por que não? Definitivamente, podemos não só rever ou relembrar a história do esporte, temos o privilégio de poder também presenciá-la.

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Agradecimento ao Bola, de quem "peguei emprestado" a foto da Seleção de Basquete Masculino de 1959 e aos caras que inventaram o Youtube, o qual eu não canso de classificar como um negócio espetacular.
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4 comentários:

Fabio Pimentel disse...

Também concordo quanto ao choro do Federer. Em tempos em que o dinheiro fala mais alto, é muito legal ver a manifestação emocionada de um mito como o suíço, pela perda de um título. Afinal, esse é o verdadeiro espírito da coisa.

Danilo Balu disse...

uhu!
Mto bom! Eu acho um privilégio poder ver tanta gente excepcional com o advento da net e do youtube. Faço questão de ver algumas coisas porque acho que história, sabe? Fiquei de madrugada para presenciar ao vivo o Phelps 8x... fiz questão! Fiz questão de ver a Daiane em uma Copa do Mundo lá em SP... sei lá, às vezes acho que no futuro vou me orgulhar ainda mais de ter feito isso e outras coisas!
Abrax
p.s.: estava viajando e não vi o choro... abri todos os vídeos que postou rsrsrs

Ronalto disse...

Balu,
Algumas pessoas não entendem... mas vc não imagina o que foi estar no Ninho de Pássaro quando o Bolt fez "aquilo" nos 100m. Coisas como essa não têm preço. Valeu cada um dos (muitos) "centavos" e o countdown pra Londres já tá no rodapé no blog. E até lá já tenho outros eventos sendo programados. Como escrevi, esse negócio de esporte é meio coisa de louco.

Abraço!

Danilo Balu disse...

hahaha vi agora o rodapé! Não tinha visto (RSS)! Vou tentar colocar, mas apanho MTO de html!

Pois é, algumas pessoas não entendem isso do esporte. Eu faço questão de presenciar o que posso! O que vc viu ao vivo é história! Não tem preço!

Abrax