A contratação do Ronaldo, para muitos, especialmente os corinthianos, já é um sucesso. Pergunto: "Como assim? Quantos gols ele já fez? Que título ele ajudou a conquistar para o time?" Me respondem: "Você não viu a apresentação dele na sexta-feira? Quantas camisas já foram vendidas? É um sucesso!".
A ousada contratação do Fenômeno é um mega-sucesso de marketing, sem dúvida. Nada mais. Todo mundo fala que Sãopaulino é chato (o que é verdade, mas é um chato com razão, como diz meu amigo Danilo Batata), mas existe uma diferença gritante de comportamento e agora temos que aguentar a corinthianada, para quem a contratação do Ronaldo é a solução de todos os problemas e agora "ninguém segura o Timão, rumo ao título da Libertadores em 2010, ano do centenário". Perceberam a diferença? Ele ainda mal consegue correr (já escrevi antes que espero que ele se recupere e volte à seleção)e a corinthianada já está delirando. Depois não querem ouvir as piadas quando perdem para o River Plate no Pacaembú.
Em tempo: o Ronaldo merece toda a festa que foi feita para ele. Só não entendo como é possível encher uma arquibancada para recepcionar um jogador na manhã de um dia útil. Vi entrevista de torcedor dizendo-se que valia a pena "dar migué no trabalho" para receber o Fenômeno... vai Brasil!
Semana passada ouvi o Benjamin Bachi dizer no Estádio 97 que a Trafic (parceira do Palmeiras) não pensava em contratar o Carlinhos Paraíba do Coritiba porque ele já tem 25 anos e depois seria complicado para vendê-lo ao exterior. Então esse é o principal objetivo? E a idéia de montar um time com o objetivo de... conquistar títulos?
Depois reclamam que o time não chega e o São Paulo leva um título após o outro. No meio do ano o Barcelona chegou com uma oferta de 12 milhões de Euros pelo Hernanes. Aposto que se essa proposta tivesse chegado para 99% dos times brasileiros, ou seus parceiros, topariam o negócio da hora, considerando apenas a questão do lucro com a venda (o Hernanes veio das categorias de base do São Paulo). Mas o presidente Juvenal Juvêncio bancou a permanência daquele que foi peça fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro e que acabou eleito o melhor jogador do campeonato pela CBF.
Questão de objetivos, meios e fins.
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Um comentário:
Ronalto, o visionário.
Abrax
Balu
http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/tostao/
A solução não é proibir os investidores. Um clube não é um balcão de negócios
O São Paulo, campeão brasileiro, é o clube que melhor contratou até agora, como quase sempre acontece.
O São Paulo não contrata melhor somente porque tem uma comissão técnica mais competente, porque os jogadores de outros clubes querem atuar no São Paulo ou porque o clube é mais organizado e conhece os contratos de todos os atletas que atuam no Brasil e no exterior. Isso tudo está no Google para quem quiser.
O São Paulo contrata melhor, principalmente, porque o primeiro critério é técnico, e não quanto o jogador poderá dar de lucro em uma venda posterior. A Traffic, investidora do Palmeiras, com o aval de Luxemburgo, achou que ia ganhar muito dinheiro com Lenny. Por isso, o técnico colocava o jogador no segundo tempo e prejudicava a equipe. Lenny deve ir para o Vitória, que também é da Traffic. O que não é da Traffic?
O critério técnico e seguro acaba sendo mais rentável. O time fica melhor, ganha mais títulos e todos são valorizados. Elementar.
A solução não é proibir os investidores. Ficaria ainda pior. Mas é preciso impor limites. Um clube não pode ser um balcão de negócios nem os atletas mercadorias. Para jogarem melhor, eles precisam criar vínculos afetivos com os clubes. Isso acontece com qualquer profissional. Os técnicos correm também o risco de se transformarem em gerentes de banco, executivos financeiros.
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