domingo, 20 de junho de 2010

Lakers 83, Celtics 79. História foi escrita.

"This is one of the most poorly played games you will ever see from an offensive standpoint"
- Jeff Van Gundy, ESPN

“Somebody will come across the box score and think this was one of the more hideous championship games ever decided. The numbers won't convey the tension felt by everyone who watched, regardless of their rooting interest or even impartiality. The digits can't capture the reputations on the line, or the desire each side felt in a rivalry that has been pulled out of the dusty archives and displayed in vivid high-def during the 13 Finals games these two teams have played in the past three years.”
- J.A. Adande, ESPN.com



Não foi nada bonito, mas foi MUITO intenso. Os Lakers perderam as finais de 2008 para os Celtics e passaram a ser considerados um time “light”. Mesmo com o título de 2009, vencido em cima do Orlando Magic nas finais, ainda ficava aquele ponto de interrogação, chamado Boston Celtics. Toughness (ser agressivo, ser duro, ser forte, ter raça, tudo isso junto). Essa era a palavra que perseguia o time. E “toughness” foi o que não faltou no jogo 7. Faltou nível técnico para ambos os times, mas foi uma guerra do começo ao fim. Ao final do jogo, era evidente que todos os jogadores estavam exaustos. Principalmente os Celtics, que não conseguiram segurar uma vantagem de 13 pontos conquistada no início do terceiro quarto (talvez por culpa do técnico Doc Rivers, que não utilizou o banco de reservas como deveria).

Assim como nos outros 6 jogos da série, o time que pegou mais rebotes venceu o jogo. Os Lakers pegaram 53 rebotes, contra 40 dos Celtics. Mas que impressionou foram os 23 rebotes ofensivos dos Lakers em uma noite de baixíssimo aproveitamento nos arremessos – tiveram que lutar por cada ponto. Ao final do segundo tempo Kobe Bryant e Pau Gasol estavam com um aproveitamento somado de 6-26. E estavam com uma desvantagem de apenas 6 pontos. Do laudo dos Celtics, os arremessos também não caiam. Paul Pierce e Ray Allen combinaram para um aproveitamento de 8-29 ao longo do jogo.

E no meio de toda essa bagunça, temos a história do jogo: Ron Artest. Como fiquei feliz ao lembrar de ter escrito aquele parágrafo sobre ele antes do jogo, dando crédito por tudo o que ele vinha fazendo. Seria muito fácil elogiá-lo apenas agora, após o jogo 7. Foi ele que manteve os Lakers no jogo quando nada dava certo. Ninguém fez mais pontos do que ele no primeiro tempo (12). Suas 5 roubadas de bola foram providenciais e, o mais importante, segurou mais uma vez Paul Pierce na defesa (PP terminou com 5-15 nos arremessos). Durante os momentos decisivos do jogo, logo após uma bola de 3 pontos de Rasheed Wallace,reduzindo a vantagem dos Lakers para 3 pontos, foi Ron Ron que fez a cesta mais importante da noite, em um arremesso de 3 pontos daqueles que TODOS os torcedores dos Lakers tinham calafrios (“NÃÃÃÃÃÃO!”) quando ele arremessava nos jogos anteriores. Naquele arremesso, após o qual ele jogou beijos para a torcida, levou a diferença para 6 pontos (79-73) com apenas 60 segundos para jogar. Ainda teríamos mais 2 bolas de 3 para os Celtics, uma de Ray Allen e outra de Rajon Rondo (mais uma bizarrice do jogo), mas os lances livres de Kobe Bryant e (pasmén!) Sasha Vujacic, deram os números finais: 83-79.

E como se tudo isso não bastasse, Ron Ron ainda deu entrevistas folclóricas após jogo (deixo os vídeos abaixo, vale a pena!), agradecendo até à sua psiquiatra, que o ajudou a ficar mais relaxado. O cara que causou a maior briga da história da NBA, em 2005 e que ficou suspenso por 1 ano foi o principal nome de um jogo 7 entre os dois times mais tradicionais e vencedores da história da NBA, que somam 33 títulos em 64 anos de liga.

Kobe levou o prêmio de MVP, apesar da má atuação no ataque (6-24). Muito se fala que ele teria a obrigação de ser o melhor em quadra, como Michael Jordan fazia. Não vamos nos esquecer que houve situações que Michael Jordan precisou da ajuda de coadjuvantes, especialmente John Paxon (1991 e 1993) e Steve Kerr (1997) para garantir alguns títulos. Kobe estava jogando contra uma marcação implacável, quase sempre dupla, dos Celtics, que pareciam determinados a impedir que ele jogasse, na tática de “se eles querem nos vencer, que nos vençam com os outros jogadores, pois não vamos deixar o superstar fazer nada”. Terminou o jogo com 23 pontos, mas precisou de 24 arremessos para isso, acertando apenas 6. Compensou nos rebotes – foram 15 no total. Se no ataque as coisas não davam certo, ele conseguiu contribuir – e muito – de outra forma.

Pau Gasol poderia ter sido eleito o MVP que também teria sido merecido. Terminou o jogo com 19 pontos e 18 rebotes, sendo alguns decisivos. Acrescente os 23 pontos e 14 rebotes do jogo 1 e o quase triple-double do jogo 6 (17-13-9), todos em vitórias dos Lakers, e temos um série monstruosa. Além disso, o melhor jogo do Kobe veio em uma derrota (no jogo 5), enquanto as 3 melhores atuações de Gasol aconteceram em vitórias.

E não dá pra não falar de Phil Jackson. Na minha previsão antes da temporada eu o citei como o maior ponto de interrogação para a temporada, pelo desafio de repetir o título e de comandar Ron Artest. E pela quarta vez ele consegue títulos consecutivos. Nas outras três vezes, duas pelo Chicago Bulls (91-93 e 96-98) e outra pelos Lakers (2000-2002) ele conseguiu o three-peat. Teria condições de buscar o quarto tricampeonato? Vai depender de suas condições de saúde. Mas não dá mais para questioná-lo, após 11 títulos, como o maior técnico da história da NBA.

Voltando ao jogo, para finalizar. Hoje, 2 dias depois, fica cada vez mais claro o quão intenso o jogo foi. Vimos jogadores multimilionários voando de cabeça em bolas perdidas e atrás de cada rebote. Tudo pelo desejo de vencer. É um jogo que cada técnico de cada modalidade esportiva, não importa o nível, deveria utilizar como exemplo para suas equipes. Ao longo da série não tivemos nenhum jogo decidido no último segundo. Mas tivemos uma série definida no último jogo. Foi histórica. E os Lakers passaram pelo seu eterno fantasma, os Celtics.


Ron Artest - entrevista após o jogo




Ron Artest – Jimmy Kimmel Live


sexta-feira, 18 de junho de 2010

GAME 7



Sabemos que Jack Nicholson estará ocupando seu lugar no courtside do Staples Center. Qualquer um que se arriscar fazer qualquer outro tipo de previsão para o jogo de hoje à noite estará correndo o sério risco de passar vergonha.

Jogo 7 das finais da NBA (o terceiro dos últimos 21 anos). Lakers e Celtics – as duas equipes mais vitoriosas da história da liga (32 títulos somados), as mais tradicionais, a maior rivalidade. Pela décima-primeira vez se enfrentam em uma final. Pela quinta vez, a final chega a um jogo 7 (os Celtics venceram as outras 4 vezes). A Copa do Mundo que me desculpe, mas não há jogo mais importante do que esse até o próximo dia 11 de julho (e olha lá!).

E realmente é muito difícil fazer qualquer precisão. Basta fazermos um resumo do que foram os primeiros 6 jogos da série:

JOGO 1: Lakers 102, Celtics 89.
- Pau Gasol: 23 pontos e 14 rebotes
- Ron Artest: 15 pontos, 5-10 FG e 3-5 3pt FG
- Kobe Bryant: 30 pontos
- Rebotes: Lakers 42, Celtics 31
- Pontos no garrafão: Lakers 48, Celtics 30
Os Lakers dominaram o jogo inteiro, chegando a abrir diferença de 30 pontos no terceiro quarto.

JOGO 2: Celtics 103, Lakers 94
- Ray Allen: 32 pontos, sendo 27 no primeiro tempo, com 8 arremessos certos de 3 pontos (recorde em finais), sendo 7 no primeiro tempo (outro recorde).
- Rajon Rondo: Triple-double: 19 pontos, 10 assistências, 12 rebotes.
- Rebotes: Celtics 44, Lakers 39
- Pontos no garrafão: Celtics 36, Lakers 26
- Pontos dos reservas: Celtics 24, Lakers 15
Ray Allen esteve incrível no primeiro tempo e Rajon Rondo matou o jogo quando os Lakers tentaram reagir. Os Lakers pararam de jogar quando venciam por 3 pontos a 5 minutos do final.

JOGO 3: Lakers 91, Celtics 84
- Kobe Bryant: 29 pontos
- Derek Fisher: 16 pontos, sendo 11 no último quarto.
- Kevin Garnet: 25 pontos
- Rebotes: Lakers 43, Celtics 35
Derek Fisher foi incrível no último quarto e o responsável pela vitória dos Lakers

JOGO 4: Celtics 96, Lakers 89
- Kobe Bryant: 33 pontos
- Glen “Big Baby” Davis: 18 pontos
- Nate Robinson: 12 pontos em 17 minutos
- Rebotes: Celtics 41, Lakers 34
- Pontos no garrafão: Celtics 54, Lakers 34
- Pontos dos reservas: Celtics 36, Lakers 18
O banco dos Celtics fez a diferença no último quarto, especialmente Glen Davis e Nate Robinson.

JOGO 5: Celtics 92, Lakers 86
- Kobe Bryant: 38 pontos, sendo 19 no terceiro quarto
- Paul Pierce: 27 pontos
- Kevin Garnett: 18 pontos e 10 rebotes
- Rebotes: Celtics 35, Lakers 34
- Pontos no garrafão: Celtics 46, Lakers 32
Ficou claro que Kobe Bryant não consegue ganhar o jogo sozinho. Paul Pierce finalmente conseguiu fazer algo contra a marcação implacável de Ron Artest.

JOGO 6: Lakers 89, Celtics 67
- Kobe Bryant: 26 pontos e 11 rebotes
- Pau Gasol: 17 pontos, 13 rebotes, 9 assistências
- Ron Artest: 15 pontos, 6-11 FG e 3-6 3pt FG
- Rebotes: Lakers 52, Celtics 39
- Pontos no garrafão: Lakers 40, Celtics 32
- Pontos dos reservas: Lakers 25, Celtics 13 (chegou a estar 24x0 ao final do terceiro quarto).
Os Celtics não apareceram no jogo que poderia lhes dar o título, os Lakers estavam com as costas na parede e fizeram a lição de casa. Foram para o intervalo com uma vantagem de 20 pontos e fizeram o que não haviam feito no jogo 4 de 2008: venceram o terceiro quarto. Naquele jogo, em 2008, os Celtics viraram uma diferença de 24 pontos.

A única constante nos 6 primeiros jogos: todos foram vencidos pelo time que pega mais rebotes. A performance do banco de reservas e de cada time dentro do garrafão foram decisivas em 5 dos 6 jogos. Fora isso, nada mais. Com exceção dos jogos 1 e 6, que tiveram histórias bem parecidas, cada um dos demais jogos teve uma história diferente: Ray Allen e Rajon Rondo no jogo 2, Derek Fisher no jogo 3, Nate Robinson e Glen Davis no jogo 4 e Paul Pierce e Kevin Garnett no jogo 5. Ah, e Kobe Bryant vem mantendo a média próxima de 30 pontos na série, mas, como ficou claro no jogo 5, quando fez 19 pontos no terceiro quarto, não consegue vencer o jogo sozinho.

Uma pausa para falar de Ron Artest. O maior ponto de interrogação dos Lakers antes da temporada, veio para substituir Trevor Ariza, que foi importantíssimo no título do ano passado, mas que não teve seu contrato renovado e não conseguiu embalar ao longo da temporada. Seus arremessos são um teste para cardíaco. Eu os comparo com aquelas viradas de bola de três dedos que o Richarlysson tenta dar nos jogos do São Paulo: acerta uma em cada 10 e o restante é contra-ataque para o adversário. Sem brincadeira, eu grito um “NÃÃÃÃÃO!” cada vez que ele tenta um arremesso de 3 pontos. E parece que o mesmo acontece no Staples Center. Nos jogos em Boston, a torcida dos Celtics gritava “shoot” cada vez que ele pegava na bola. E, mesmo assim, por mais que estar com ele no time signifique atacar em 4 contra 5, tenho que reconhecer que, com exceção do jogo 5, ele vem fazendo um trabalho fantástico de marcação em Paul Pierce (que, não podemos esquecer, foi o MVP das finais de 2008). Ele foi contratado para marcar caras como Pierce, Carmelo Anthony e Lebron James. E essa função ele está cumprindo. Com os bônus de suas atuações OFENSIVAS nos jogos 1 e 6, dou meu crédito a ele. Mas vou continuar gritando “NÃÃÃÃÃO!” a cada arremesso.

Retomando: e hoje temos o jogo 7. A ausência de Kendrick Perkins será sentida pelos Celtics, já que os rebotes estão sendo decisivos. Resta saber como está o joelho de Andrew Bynum. Se ele conseguir apresentar ao menos 20 minutos de boa produção, os Lakers já começam com uma vantagem enorme. Caso contrário, volta o equilíbrio. Quem ainda está devendo na série é Lamar Odom, que costuma ser o terceiro melhor jogador dos Lakers. Quem sabe não é justamente hoje que ele represente a história do último jogo de uma série já cheia de histórias.

Os Lakers buscam o bicampeonato e o 16º título de sua história, o que os deixariam com apenas 1 título a menos que os Celtics. Kobe busca seu quinto título, no desejo de cada vez mais atingir as conquistas e as comparações com Michael Jordan. Também não quer ser lembrado como aquele não consegue vencer os Celtics em finais (como os jogadores dos Lakers dos anos 60 – Jerry West e cia. – são). Phil Jackson busca seu décimo-primeiro título, aumentando o recorde. E não podemos nos esquecer que essa geração dos Celtics tenta o segundo título em 3 anos, o que os colocaria em situação de ganhadores de títuloS (no plural), assim como as gerações dos anos 60 e dos anos 80.

É dia de jogo 7. Um único jogo para definir o campeão. O sonho de todo fã de esporte. Vence quem demonstrar que quer mais.  Mais um capítulo da história sendo escrita. Imperdível.

E não sabemos se Jack Nicholson vai comemorar ou não no final.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Chegou. 11 de junho de 2010.


Ao invés de escrever um daqueles textos longos e chatos vou tentar um texto longo (não consigo resistir), mas não tão chato de ler. Resolvi montar um ranking das 32 seleções da Copa, divididas em categorias, incluindo alguns comentários pertinentes. Algumas categorias são auto-explicativas. Sem mais delongas...

Categoria 1: Felizes por estarem lá.

32. Coréia do Norte
31. Nova Zelândia

Ficarei surpreso se fizerem pontos ou mesmo gols...

Categoria 2: Graças a Deus que são 32 vagas...

30. Grécia
29. Honduras
28. Suíça
27. Argélia (ou França B).

Categoria 3: Qual a diferença? Não me importa e, na dúvida, aposto contra

26. Eslovênia
25. Eslováquia

Categoria 4: Será que rola ganhar um jogo?

24. Austrália
23. Coréia do Sul
22. Japão
21. Sérvia

20. África do Sul – caiu no grupo mais complicado e corre o risco de ser o primeiro país sede a não passar da primeira fase de uma Copa do Mundo. Contra si tem o fato de que Carlos Alberto Parreira, chegando para sua sexta Copa, nunca ganhou um único jogo nas 3 Copas em que esteve dirigindo seleções que não a Brasileira. A favor, o clima de “Invictus” que se mostrou no país ultimamente. O Batata chegou a perguntar se poderíamos ter algum risco de ter uma repetição da história contada no filme (com a seleção de Rugby). Obviamente a chance de título é nula, mas passar para as oitavas-de-final, num grupo com França, Uruguai e México, já poderá ser um feito histórico.

Categoria 5: Graças a Deus pelo grupo fácil

19. Chile

Categoria 6: Eternas incógnitas

18. Dinamarca
17. Paraguai
16. Uruguai
15. México

14. Estados Unidos – meu candidato a surpresa da Copa. Achei que causaria espanto e indignação aos outros ao colocar o Team USA na semifinal da Copa em um dos meus bolões. Bobagem. Muita gente fez o mesmo.

13. Portugal - se complica no provável cruzamento com a Espanha nas oitavas-de-final. Mas nos oferece essa pérola.


Categoria 7: Estamos em casa (África), vamos pro rabisco.

12. Gana
11. Camarões
10. Costa do Marfim (Drogba operou o braço a 5 dias e já está treinando!)
9. Nigéria

As categorias 6 e 7 poderiam ser fundidas em uma única, que eu chamaria de “candidatos a zebra da Copa” (nesse caso a ordem de 9 a 18 sofreria algumas mudanças). Acredito que um desses podem chegar nas semifinais. Nos bolões que preenchi, escolhi os Estados Unidos em um deles e a Nigéria no outro.

Categoria 8: Tradição importa

8. Alemanha
7. França
6. Itália

Não acredito nem na Alemanha (várias contusões importantes) e nem na França. A Itália é aquela coisa de sempre. Mas na hora que o bicho pega, camisa pesa muito. Basta lembrar que, se olharmos as últimas 10 finais de Copa do Mundo, as 20 vagas foram ocupadas por apenas 6 seleções: Alemanha (6 vezes), Brasil (4), Itália (4), Argentina (3), Holanda (2) e França (2, sendo 2 nas últimas 3 copas). Apesar de não acreditar, não me surpreenderá nem um pouco se uma delas chegar longe.

Categoria 9: Candidatos

5. Argentina: Resta saber se Maradona finalmente entendeu que nessa Copa não importa que ele é o segundo maior jogador da história, mas sim o técnico do time. Um baita time do meio pra frente e fraco na defesa. E não se brinca com o time que tem o melhor jogador do mundo.

4. Holanda: Um dos dois times que está jogando o futebol mais bonito do mundo nos últimos 4 anos (volto ao outro daqui a pouco). Não se sabe como será a recuperação de Robben, que parece que vai conseguir o improvável e se recuperar de uma ruptura de tendão em impressionantes 12 dias.

Categoria 10: Os favoritos

3. Inglaterra: no papel, meu time favorito. Minha escolha para campeão em 2 dos 3 bolões que preenchi. Sou MUITO fã de Steven Gerrard e de Wayne Rooney. E sempre fui muito fã também de David Beckham (o considero um baita jogador, às vezes subestimado pelo fator marketing que o envolve). Seria a coroação da Ewing Theory se o English Team finalmente conseguisse o título sem a maior estrela esportiva do país dos últimos, sei lá, 20 anos. Em um dos meus bolões coloquei a Inglaterra vencendo a Itália na final. Não seria, digamos, curioso, irônico, ver a Itália perder uma Copa para outra seleção dirigida por um técnico italiano?

2. Brasil: talvez eu precisaria de um texto a parte para falar de nossa seleção, mas tentado resumir o que penso: muito se fala e se compara a seleção de 2010 com a seleção de 1994, principalmente pelo fato de que o capitão daquele time é o técnico do atual. O Bola fez uma análise muito boa. Mas eu faço uma comparação com o time de 2002. Naquele ano, Felipão fechou um grupo com seus homens de confiança. Deixou Romário de fora, “peitando” toda a torcida e toda a mídia e levou Luisão e Edilson, que ajudaram nos últimos dois jogos das eliminatórias. Até tinha a intenção de montar um time mais equilibrado com dois meias (Rivaldo e Juninho), mas durante a Copa Juninho perdeu a vaga no time para Kléberson e o time foi com 3 volantes (Edmilson, Gilberto Silva e Kléberson), umas zaga impecável (Lúcio e Roque Junior), laterais no auge de sua forma (Cafu e Roberto Carlos) e um trio fantástico na frente (Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo). Dessa vez? Dunga também fechou com seus homens de confiança – e que o ajudaram a ganhar tudo o que disputou nos últimos 3 anos, é bom que se diga - e vejo uma armação muito parecido do time: um baita goleiro, um lateral voando (Maicón), uma zaga mais do que segura (o mesmo Lúcio, agora junto com Juan), os 3 volantes (Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano, sendo que acho que este último é muito mais criticado do que merece) e os três homens de frente (Kaká, Robinho e Luis Fabiano). A incógnita é a lateral esquerda, onde Michel Bastos assumiu a posição, mesmo sendo um meia direita em seu time. Tirando isso, na minha opinião, a semelhança é imensa. E acho que Daniel Alves termina a Copa como titular.

É verdade que, ao pensarmos que o reserva de Kaká é Júlio Baptista, temos calafrios, ainda mais com o histórico recente de contusões do camisa 10. Mas estamos falando em 7 jogos. Também tínhamos calafrios ao cogitar se Romário, em 1994, ou Ronaldo, em 2002, se machucassem. E consigo ver ponto positivo até na questão de termos jogadores que não estejam jogando como titulares em seus clubes ou que ficaram algum tempo parados por problemas de contusão (como Ronaldo e Rivaldo em 2002). Explico: temos visto tantos jogadores se contundindo nas vésperas da estréia, alguns por estarem chegando após o final da temporada européia, que talvez seja bom termos jogadores “descansados” e que atingirão a melhor forma ao longo da Copa, e não no mês anterior a ela.

Em 2002 não chegamos como favoritos. França e Argentina chegaram como a Espanha está chegando agora e caíram na primeira fase. Sou otimista. Vou torcer até por Robinho. E no fundo não importa se a comparação é mais válida com 1994 ou com 2002, o que importa é que o destino final do time seja o mesmo que o dos os times das outras duas Copas.

1. Espanha – o futebol mais bem jogado dos últimos 4 anos. Se estivéssemos falando de um campeonato de pontos corridos, seria a escolha óbvia. Mas sempre é o maior candidato ao posto de “joga como nunca e perde como sempre”. Possivelmente, dessa vez, deverá jogar ainda mais do que nunca... e perder como sempre.

Que comecem as vuvuzelas!



sexta-feira, 4 de junho de 2010

LAKERS X CELTICS XI

Em outubro fiz minha previsão para a temporada da NBA e escrevi o seguinte:

SE Kevin Garnett estiver em boas condições físicas, recuperado da cirurgia no joelho, os Celtics vencem o Leste. Nada a acrescentar.”

Os Celtics começaram a temporada ganhando 23 dos primeiros 28 jogos. Até o Natal, parecia que tudo estava bem, que Kevin Garnet estava realmente recuperado da cirurgia do joelho e que os time voltava à condição de favoritíssimo ao título do leste. A partir daí, começou a derrocada: venceram apenas metade dos últimos 54 jogos (27-27). Parecia que Garnett, Ray Allen e Paul Pierce não conseguiriam manter o alto nível do título de 2008.

Chegam os playoffs e havia quem achasse que eles não passariam nem pelo Miami Heat de Dwyane Wade. Só não fizeram 4x0 porque D-Wade teve uma atuação monstruosa no jogo 4, e a série acabou em Boston no jogo 5. Veio a série contra o badalado Cleveland Cavaliers (ou “Lebron e os Lebronetes”). Os Celtics dominaram os Cavs de uma forma impressionante, expondo todas as suas deficiências: basicamente anularam toda a ajuda de Lebron, que teria que tentar vencer a série sozinho. Mais: Lebron James nem foi o melhor jogador da série, mas sim o armador Rajon Rondo do Celtics. De repente, o “Big Three” (KG, Allen e Pierce) passou a ser coadjuvante de Rondo (será que devemos passar a chamá-lo de “Big One”?).

Na final do leste, contra o Orlando Magic, pareceu ainda mais fácil. Venceram os dois primeiros jogos em Orlando, abriram 3-0 na série e só não completaram a varrida por que esqueceram de aparecer para jogar no jogo 4. Mas fecharam no jogo 6 e estão de volta às finais da NBA. Fica a dúvida: teria sido proposital a “poupada” do time nos últimos dois-terços da temporada regular? É possível utilizar o botão de liga/desliga quando quisessem? Parece que os Spurs também tentaram isso e parecia que também daria certo quando eliminaram os Mavericks na primeira rodada dos playoffs. Só não contavam com a varrida que (finalmente) sofreriam dos Suns na rodada seguinte (umas das grandes histórias dos playoffs desse ano, diga-se de passagem: Steve Nash e Cia. exorcizando seu maior fantasma e batendo Tim Duncan e Cia.).

Enquanto isso, os Lakers pareciam ter problemas para passar pela sensação Oklahoma City Thunder, mas conseguiram fachar a série em 6 jogos (mal posso esperar para ver Kevin Durant jogando pessoalmente em setembro). Contra os Jazz, uma varrida que parecia mostrar que o time acertara o ritmo e que rumava firme ao tricampeonato do Oeste, o que se confirmou nos dois primeiros jogos contra os Suns. Mas então veio a defesa zona 2-3 que o técnico Alvin Gentry tirou da manga para transforma a série em um campeonato de arremessos de longa distância, o que favoreceu os Suns nos jogos 3 e 4. Mas os playoffs são feitos de ajustes e Phil Jackson voltou a acertar o time e fechou a série em 4-2.

E agora temos a décima-primeira edição de uma final entre as maiores franquias da história da NBA: Celtics (17 títulos, 8 em cima dos Lakers) contra os Lakers (15 títulos, 2 em cima dos Celtics). Os dois últimos campeões. Os melhores times renovando a maior rivalidade.

Para tentar prever o que pode acontecer naquela que pode ser a melhor série final dos últimos 12 anos (se contarmos Bulls x Jazz de 98) ou mesmo dos últimos 17 anos, quando Bulls x Suns fizeram 6 jogos memoráveis em 1993, vou fazer alguns comparações com as finais de 2008, quando os Celtics venceram em 6 jogos:

1) Dessa vez o mando de quadra é dos Lakers. Isso significa que o jogos 3, 4 e 5 serão em Boston. Desde que o formato 2-3-2 foi implantado (há cerca de 25 anos), somente em 2 vezes o time que jogos os jogos 3, 4 e 5 em casa venceu os três (Detroit em 2004 e Miami em 2006). Isso, somado ao fato de que os Lakers dificilmente perdem 3 jogos seguidos, significa que os Celtics, se quiserem ser campeões, terão que vencer 2 jogos em Los Angeles. Os Lakers venceram 28 dos últimos 31 jogos de palyoffs disputados no Staples Center. Faça as contas...

2) O jogo 1 é muito importante. Phil Jackson venceu o jogo 1 de uma série de playoff 47 vezes. E dessas 47 vezes, acabou vencendo a série em... 47 vezes!

3) Em 2008 os Celtics tinham James Posey para marcar Kobe Bryant, o que era uma grande vantagem. Posey não está mais e o trabalho terá que ser feito por Paul Pierce, o que significa que parte de sua energia será consumida na defesa, deixando menos gás para o ataque.

4) Do outro lado, em 2008 a marcação de Paul Pierce (o MVP daquela série) teve que ser feita por Vladmir Radmanovic e muitas vezes por Kobe Bryant. Dessa vez, os Lakers têm Ron Artest, o melhor marcador de perímetro da liga, que foi feito para marcar jogadores como Pierce, Carmelo Anthony e Lebron James.

5) Andrew Bynum não jogou em 2008. Não está 100% dessa vez, mas pode ser um fator de diferença. Além disso, naquele ano Pau Gasol estava no time há apenas 3 meses e agora já parece ser outro jogador.

6) Em favor dos Celtics, Rajon Rondo era um mero condutor de bola, e não o melhor jogador do time.

7) O trunfo em favor dos Celtics nessa série deverá ser Ray Allen, pois imagino que Kobe ficará encarregado da marcação de Rondo para não ter que correr atrás dos corta-luzes feitos para Allen.

8) Ron Artest de um lado e Rasheed Wallace do outro. MUITO trabalho para a arbitragem e torcidas desesperadas quando qualquer um dos dois armar um arremesso de 3 pontos.

9) Kobe Bryant está jogando pelo seu legado. Ele ainda pensa que pode chegar ao nível de ser comparado com Michael Jordan (não pode) e para isso, precisa chegar aos 6 títulos (esse seria o quinto). Também quer ser considerado o melhor jogador da história dos Lakers, mas jamais entrará na conversa se não conseguir vencer os arqui-rivais em uma série (Magic Johnson fez isso 2 vezes). Ele está em uma missão. E quem viu seu desempenho nas últimas 2 séries, contra Suns e Jazz, percebeu que ele está jogando como nunca, apesar dos problemas físicos (já teve que drenar o joelho durante esses playoffs).

Colocando tudo isso na balança, vejo certa vantagem para Lakers (no bolão que participo apostei em 6 jogos). Mas eu também apostei nos Cavs e no Magic contra os Celtics. E quebrei a cara.

Uma série entre dos times mais tradicionais da história da NBA. Já é imperdível e tem tudo para ser histórica.

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