segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MANNY E BIG PAPI NA LISTA DE 2003. SERÁ QUE ALGUÉM SE SALVA?

"I know what it is for my son to have Big Papi as a father. There are a lot of people who do great things for him because he's my son. His life is going to be easier because he's the son of Big Papi. And that is the biggest reason why I have never used steroids. Because then he would have to go to school and have to listen to all the kids say that his dad is dirty, a cheater, and everything for him would be taken away from him, and he would be ruined. I make sure I don't do those things, for him."

Essa declaração foi feita por David Ortiz, o Big Papi, rebatedor dos Boston Red Sox, para o jornalista Howard Bryant, da ESPN, em 12 de maio desse ano, e foi motivado por alguns comentários de parte da mídia e dos fãs que tentavam ver alguma relação entre a queda de sua produção e o aumento do controle anti-dopagem da MLB. Ao ler uma declaração como essa, vinda de um dos jogadores mais queridos da liga, tanto pelos fãs quanto pelos companheiros de time (com exceção dos fãs dos Yankees, obviamente), a primeira impressão que temos é de honestidade, não? Alguns meses antes, em fevereiro, ele havia dado outra declaração, sugerindo que o controle anti-dopagem fosse feita não de forma amostral, mas sim em 100% dos atletas. E mais: sugeriu que, caso um atleta fosse flagrado no teste, que fosse suspenso por toda a temporada.

Ainda em fevereiro, escrevi um texto quando foi divulgado que Alex Rodriguez, dos Yankees, fazia parte de uma lista de 104 jogadores que haviam sido testados positivamente em 2003. Na época, esses testes foram feitos para que a liga verificasse o nível de utilização de drogas que aumentam a performance e definisse a regulamentação adequada a partir desse ponto (até então não havia regulamentação nenhuma). O nome de A-Rod foi o primeiro que vazou dessa lista, que deveria ser totalmente secreta, segundo acordo entre o sindicato dos jogadores e a liga em 2003.

E no último dia 30 o New York Times publicou uma matéria que trouxe a conhecimento do público os nomes de mais 2 jogadores dessa lista: David Ortiz e Manny Ramirez. Ambos foram os principais jogadores dos Red Sox na campanha histórica de 2004. Na final da Liga Americana, contra os Yankees, os Red Sox perdiam a série por 3x0 e viraram para 4x3 (coisa que nunca havia acontecido na história da MLB). Ortiz foi o MVP da série. Na World Series, os Red Sox atropelaram o St Louis Cardinals por 4x0 e Manny Ramirez foi o MVP das finais. E, o mais importante: o primeiro título dos Red Sox desde 1918.

Para esse que vos escreve, fã de baseball e que torce fervorosamente contra os Yankees, foi um dos momentos mais fantásticos da história do esporte, sem nenhum exagero, mesmo não sendo torcedor dos Red Sox (sou torcedor do Cleveland Indians). Primeiro, pela virada histórica na ALCS e, em segundo, pelo título após 86 anos. E agora esse momento (mais um daqueles históricos que vivo falando) pode ficar marcado com um asterisco do tamanho do Fenway Park. Mais um asterisco.

Manny Ramirez, talvez o meu jogador favorito da liga, que teve uma passagem brilhante pelos Indians antes de se mudar para Boston, e que me fez escrever um dos meus maiores posts deste que comecei esse blog, tem a situação ainda mais complicada, pois acabou de cumprir 50 jogos de suspensão por ter sido flagrado no exame anti-doping no início da atual temporada. E agora é citado na lista de 2003.

Manny e Papi seriam 2 jogadores pelos quais seria possível apostar que não fariam parte desse tipo de esquema. Agora? Está difícil de acreditar em qualquer um. Dos principais rebatedores dos últimos 15 anos, a maioria já foi ligada ao uso de esteróides (Manny, Papi, A-Rod, Barry Bonds, Mark McGwire, Sammy Sosa) e poucos continuam teoricamente “limpos”, valendo destacar Ken Griffey Jr e Albert Pujols. Imagino o que aconteceria se esses dois também passarem para o outro lado. Ou Derek Jeter, Pedro Martinez, Randy Johnson, verdadeiros ícones dos últimos 15 anos. Há quem diga que, se todos são sujos, então todos competem em condições de igualdade. E mais: não havia regras que proibissem essas coisas. Mas os jogadores trapacearam no ponto de vista esportivo, que é o mais importante. Com isso, como colocar os resultados “duvidosos” no contexto histórico, que eu valorizo tanto? Como comparar os números e recordes estabelecidos nos últimos, 15, 20 anos, com os números dos grandes das outras épocas, como Hank Aaron e Babe Ruth, por exemplo? O baseball é basicamente um esporte individual e isso permitiria que comparações entre diferentes épocas pudessem ser feitas apenas pelas estatísticas, ao contrário do basquete, por exemplo. Mas o fator extra (PED – sigla para performance enhanced drugs) elimina esse nivelamento.

Como um fanático por esporte, o que marca é a questão esportiva. Os jogadores trapacearam. E, com isso, os feitos passam a ser duvidosos, as lembranças ganham um asterisco e todas aquelas coisas que nos fazem sentir o que sentimos pelo esporte perdem um pouco o significado. Imaginem como os fãs dos Red Sox estão se sentindo. Os fãs dos Yankees devem estar comemorando, obviamente, mas aí já é outra história.




Um comentário:

Danilo Balu disse...

Pois é.... o doping vai destruindo nossos ídolos... eu não consigo gostar de jeito nenhum de um cara que é oficialmente um dopado.

Abrax