Acho que já deu pra perceber que gosto muito de escrever sobre os ídolos do esporte. Dessa vez, vou escrever sobre o meu maior ídolo, que completou 50 anos de idade no último dia 14 de agosto.
Em novembro de 1991 o mundo ficou chocado quando Magic Johnson anunciou que estava se aposentando do basquete por ter contraído o vírus HIV. Estou falando de 1991, quando o nível de informação sobre a doença ainda era pequeno e os tratamentos praticamente inexistentes. Anunciar ser portador do vírus era praticamente dizer que seus dias de vida estavam contados.
Fiquei arrasado. Era o cara que me fez me apaixonar definitivamente pelo basquete, quando assisti pela primeira vez a um jogo de NBA, em 1987. No mesmo ano tivemos a vitória histórica da seleção brasileira no Pan de Indianápolis, que foi mais um motivador. Eu já estava na escolinha do SESI desde 1984, mas naquele ano eu soube que esse seria o meu esporte. E que seria um fanático pelos Lakers dali em diante. Vejam o lance a 1:48 do vídeo acima. Eu ficava horas na quadra tentando imitar aquele movimento. Acreditem, não é nada fácil para um moleque de 12, 13 anos. Uma vez, ainda naquela época, consegui fazer o mesmo movimento durante um jogo, foi uma realização.
Naquela altura, Magic Johnson acabara de disputar uma final histórica da NBA, contra Michael Jordan e o Chicago Bulls e havia previsões que aquela havia sido apenas a primeira de uma série de confrontos entre Magic e Jordan, após uma década de confrontos históricos entre Magic e Larry Bird. Os números de Magic em 1991 haviam sido impressionantes (79 jogos, 989 assistências, 80 acertos de 3 pontos e mais de 90% de acerto nos lances-livres - seu segundo melhor ano nesses itens). Havia sido o MVP em 1989 e 1990 (também em 1987). Tinha apenas 32 anos de idade e estava convocado para os Jogos Olímpicos de 1992, como parte do Dream Team original (e único). Uma aposentadoria mais do que precoce.
Para nossa felicidade, as cédulas de votação do All Star Game de 1992 já haviam sido distribuídas, e seu nome estava incluído nelas. Os fãs votaram e ele foi escalado para o jogo, mesmo "aposentado". E nos proporcionou talvez o maior momento da história dos All-Star Games, quando os mesmos ainda eram competitivos (o que não acontece hoje). Ele finalizou o jogo marcando primeiro Isiah Thomas e depois Michael Jordan no um-contra-um e, na sequência, fez o último lance do jogo com uma cesta incrível de 3 pontos. Vejam o vídeo ao final desse texto. Felizmente foi mantido no Dream Team e disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona, no melhor time de modalidade coletiva que já existiu.
Graças também à sua condição financeira, conseguiu realizar os tratamentos mais avançados disponíveis para o HIV. E aqueles "dias contados" nunca se confirmaram. Hoje, completados 50 anos de idade, apresenta uma saúde invejável - os traços do vírus, que ainda está lá, são ínfimos, graças aos coquetéis de drogas e demais tratamentos que tomou ao longo desses anos.
Ele ainda voltou a jogar em 1996, em parte da temporada, pelos Lakers. Mas ficou por isso. Tive o prazer de vê-lo em um jogo-exibição organizado pelo Oscar Schmidt, em 1998, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Fiz questão de comprar os lugares localizados bem atrás do banco de seu time. Inesquecível.
Indiscutivelmente é o melhor armador da história do basquete, 5 vezes campeão da NBA e 3 vezes MVP da temporada. Disputou 9 finais em 12 anos de carreira (não consigo pensar em ninguém com esse aproveitamento, nem Bill Russell). Possivelmente o segundo melhor jogador da história (seguramente top-5). Sem dúvida o mais carismático de todos e o melhor "teammate" que já existiu. Foi o primeiro jogador a comandar o título de um adversário dos Celtics dentro do Boston Garden. Junto com Larry Bird, salvou a NBA nos anos 80 e deixou as portas abertas para Michael Jordan assumir o reinado e globalizar o esporte. Ainda se tornou um grande homem de negócios. Seu livro, My Life, é espetacular - traz seu depoimento pessoal e totalmente honesto dos erros de sua vida, que entre outras coisas o levaram a contrair o vírus, além de capítulos memoráveis sobre seus contemporâneos da NBA - o capítulo sobre Larry Bird, em particular, é de chorar. Acabei de passar quase uma hora inteira assistindo a seus vídeos no Youtube e recomendo a quem quiser, vale cada minuto, cada imagem.
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