quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MAGIC JOHNSON - 50 ANOS



Acho que já deu pra perceber que gosto muito de escrever sobre os ídolos do esporte. Dessa vez, vou escrever sobre o meu maior ídolo, que completou 50 anos de idade no último dia 14 de agosto.

Em novembro de 1991 o mundo ficou chocado quando Magic Johnson anunciou que estava se aposentando do basquete por ter contraído o vírus HIV. Estou falando de 1991, quando o nível de informação sobre a doença ainda era pequeno e os tratamentos praticamente inexistentes. Anunciar ser portador do vírus era praticamente dizer que seus dias de vida estavam contados.

Fiquei arrasado. Era o cara que me fez me apaixonar definitivamente pelo basquete, quando assisti pela primeira vez a um jogo de NBA, em 1987. No mesmo ano tivemos a vitória histórica da seleção brasileira no Pan de Indianápolis, que foi mais um motivador. Eu já estava na escolinha do SESI desde 1984, mas naquele ano eu soube que esse seria o meu esporte. E que seria um fanático pelos Lakers dali em diante. Vejam o lance a 1:48 do vídeo acima. Eu ficava horas na quadra tentando imitar aquele movimento. Acreditem, não é nada fácil para um moleque de 12, 13 anos. Uma vez, ainda naquela época, consegui fazer o mesmo movimento durante um jogo, foi uma realização.

Naquela altura, Magic Johnson acabara de disputar uma final histórica da NBA, contra Michael Jordan e o Chicago Bulls e havia previsões que aquela havia sido apenas a primeira de uma série de confrontos entre Magic e Jordan, após uma década de confrontos históricos entre Magic e Larry Bird. Os números de Magic em 1991 haviam sido impressionantes (79 jogos, 989 assistências, 80 acertos de 3 pontos e mais de 90% de acerto nos lances-livres - seu segundo melhor ano nesses itens). Havia sido o MVP em 1989 e 1990 (também em 1987). Tinha apenas 32 anos de idade e estava convocado para os Jogos Olímpicos de 1992, como parte do Dream Team original (e único). Uma aposentadoria mais do que precoce.

Para nossa felicidade, as cédulas de votação do All Star Game de 1992 já haviam sido distribuídas, e seu nome estava incluído nelas. Os fãs votaram e ele foi escalado para o jogo, mesmo "aposentado". E nos proporcionou talvez o maior momento da história dos All-Star Games, quando os mesmos ainda eram competitivos (o que não acontece hoje). Ele finalizou o jogo marcando primeiro Isiah Thomas e depois Michael Jordan no um-contra-um e, na sequência, fez o último lance do jogo com uma cesta incrível de 3 pontos. Vejam o vídeo ao final desse texto. Felizmente foi mantido no Dream Team e disputou os Jogos Olímpicos de Barcelona, no melhor time de modalidade coletiva que já existiu.

Graças também à sua condição financeira, conseguiu realizar os tratamentos mais avançados disponíveis para o HIV. E aqueles "dias contados" nunca se confirmaram. Hoje, completados 50 anos de idade, apresenta uma saúde invejável - os traços do vírus, que ainda está lá, são ínfimos, graças aos coquetéis de drogas e demais tratamentos que tomou ao longo desses anos.

Ele ainda voltou a jogar em 1996, em parte da temporada, pelos Lakers. Mas ficou por isso. Tive o prazer de vê-lo em um jogo-exibição organizado pelo Oscar Schmidt, em 1998, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Fiz questão de comprar os lugares localizados bem atrás do banco de seu time. Inesquecível.

Indiscutivelmente é o melhor armador da história do basquete, 5 vezes campeão da NBA e 3 vezes MVP da temporada. Disputou 9 finais em 12 anos de carreira (não consigo pensar em ninguém com esse aproveitamento, nem Bill Russell). Possivelmente o segundo melhor jogador da história (seguramente top-5). Sem dúvida o mais carismático de todos e o melhor "teammate" que já existiu. Foi o primeiro jogador a comandar o título de um adversário dos Celtics dentro do Boston Garden. Junto com Larry Bird, salvou a NBA nos anos 80 e deixou as portas abertas para Michael Jordan assumir o reinado e globalizar o esporte. Ainda se tornou um grande homem de negócios. Seu livro, My Life, é espetacular - traz seu depoimento pessoal e totalmente honesto dos erros de sua vida, que entre outras coisas o levaram a contrair o vírus, além de capítulos memoráveis sobre seus contemporâneos da NBA - o capítulo sobre Larry Bird, em particular, é de chorar. Acabei de passar quase uma hora inteira assistindo a seus vídeos no Youtube e recomendo a quem quiser, vale cada minuto, cada imagem.

sábado, 15 de agosto de 2009

DRAFT DO FANTASY FOOTBALL

Pela primeira vez estou participando de uma liga de Fantasy Football. Na última quarta-feira realizamos nosso draft on line, o que é sempre um evento que vale a pena participar, especialmente pelos recursos que a Internet proporciona. Como era a primeira vez na NFL (no Fantasy NBA a experiência já é de 3 anos), tentei me preparar o melhor possível para não fazer besteira. Dentro do possível, procurei ler ao máximo as colunas dos especialistas (e na ESPN.com há vários especialistas de plantão) e estudei cada posição: jogadores top, jogadores duvidosos, possíveis sleepers (aqueles que estão no final do ranking mas podem ter uma boa temporada). Montei minha estratégia e preparei uma verdadeira estrutura de guerra para o draft: dezenas de páginas impressas com as colunas mais importantes, listas de jogadores por posição, rankings, lista de sleepers, tabela da NFL, tabela do Fantasy, e por aí vai. Deixei o laptop ligado na tela do draft e ainda o monitor do desktop numa outra tela, com o ranking e as projeções de cada jogador e uma planilha de consulta que todo engenheiro-maluco-por-fantasy-games-que-se-preze deve preparar. Assei uma fornada de nuggets, abri um pacote de Ruffles e uma garrafa de Coca-Cola (afinal, o draft tinha potencial para durar até 7 horas).

Começa o draft pontualmente às 20 horas e o primeiro problema: dos 14 inscritos na nossa Michael Chang League, apenas 7 estavam on line. O que isso significa? Aqueles que não estavam on line entram direto num sistema automático de escolha dos jogadores, o que faz com que as rodadas fiquem muito mais rápidas, sobrando menos tempo para pensar, especialmente por não dar tempo de avaliar com calma cada jogador que é escolhido - no nosso caso, havia 4 participantes offline que estavam na sequência de escolha, então a cada rodada, numa fração de segundo, 4 jogadores saiam da lista de disponíveis. Durante o draft, outros 2 proprietários conseguiram se juntar, o que melhorou um pouco. Mas, devido a velocidade, mal dava tempo de analisar as dezenas de páginas impressas que eu havia preparado, muito menos virar para o outro monitor. Os nuggets esfriaram, a Coca-Cola esquentou. Um caos.

Pelo menos consegui definir uma estratégia e permancer com ela nas primeiras rodadas de escolha: eu tinha a quarta escolha, o que me permitiria escolher um dos principais running backs. Como eu sabia que Adrian Peterson e Michael Turner dificilmente chegariam até a quarta escolha (o que realmente aconteceu, com Peterson sendo o #1 e Turner o #3), minha dúvida estava entre os dois próximos da lista: Maurice Jones-Drew e Matt Forte. Decidi pelo segundo. A seguir, voltaria a escolher somente na 25ª posição (a cada rodada a ordem de escolha é invertida), o que me deu calafrios, pois eu precisava de um Wide Receiver top, o que nesse ano era uma raridade (haviam 9 deles e eu imaginava que sairiam antes de chegar na minha vez novamente). Felizmente, foram escolhidos 3 quarterbacks no primeiro round (Brady, Brees e Manning) e, graças ao bom número de running backs viáveis para as duas primeiras rodadas, consegui o meu WR top, que foi Reggie White.

Com Drew Brees e Tom Brady já escolhidos, havia uma lista grande de QB's de valor próximo, o que significava que eu poderia deixar a escolha dessa posição para a quarta ou quinta rodada e investi em mais um RB (Pierre Thomas). O QB veio na quarta rodada - Donovan McNabb, de quem eu sou fã, o que só vai ajudar a torcer a favor.

Meu time titular estava ficando bom. Ainda precisava de mais 2 jogadores para as vagas de WR e RB, além de um tight-end. Segui o conselho do Mattew Berry, que disse que nesse draft devemos e podemos esperar para pegar um tight-end. Foi o que fiz, ainda mais quando vi que os quatro principais jogadores da posição e que valeriam uma escolha mais precoce (Tony Gonzales, Dallas Clark, Antonio Gates e Jason Witten) já haviam sido escolhidos: escolhi o WR Antonio Bryant na quinta rodada (que está voltando de contusão, mas que pode colocar números expressivos) e o RB Jamal Lewis na sexta.

Na nona rodada escolhi os Patriots para ser meu time de defesa, uma aposta se considerarmos o desempenho do time em 2008, mas uma escolha consciente considerando as melhorias que o time vem fazendo antes do início da temporada, com contratações para as posições carentes da defesa. Minha segunda opção seriam os Chargers, pelos mesmíssimos motivos - tiveram uma defesa incrível em 2007, que se perdeu por contusões em 2008, mas que agora parece estar recomposta.

De resto, completei os titulares com o que havia sobrado na lista, especialmente no caso do TE e do Kicker - escolhido na última rodada, como manda os especialistas. Por pouco não consegui o Kicker dos 49ers, que era meu objetivo, ainda mais que vou assistir a um jogo deles em setembro, quando estarei de férias em San Francisco. Aliás, não peguei nenhum jogador dos 49ers, time que torço, o que não é lá muito problema, já que a fase do time não é nada boa. Ainda consegui pegar um ou outro jogador da minha lista de sleepers nas últimas rodadas.

Ao final do draft (durou pouco mais de duas horas - muito rápido!), estava pensando que tinha feito tudo errado. Mas ao visualizar meu time titular e os outros times formados, até que fiquei bem satisfeito, embora dependa da volta em boas condições do Antonio Bryant e de mais uma boa temporada do Jamal Lewis, além de uma consistência boa do McNabb, o que não tem acontecido em todas as últimas temporadas. Só estou muito preocupado com a quinta semana, quando perderei meus dois running backs, cujos times estarão de folga

Será um ano de aprendizado, e se rolar um top 4 já será ótimo. Na liga há 2 participantes bem experientes e o restante são marinheiros de primeira viagem, o que proporcionou algumas escolhas duvidosas

1) Tom Brady sendo escolhido na segunda escolha da primeira rodada, deixando Michael Turner (#2 para a maioria dos especialistas e até #1 para alguns) disponível para a terceira escolha. Payton Manning também saiu na primeira rodada, o que pra mim não faz sentido.

2) LaDainiam Tomlinson saindo no #10 - na minha lista ele era no máximo o #6, pois acredito que ele esteja totalmente recuperado das contusões.

3) Alguns, seguindo a coluna do Ken Daube, apostando em 2 WR nos 2 primeiros rounds, deixando passar os RB's Steve Slaton, Frank Gore e DeAngelo Williams, coisa que eu não faria.

4) Um time de defesa (Steelers) foi escolhido na segunda rodada, coisa que não se deveria fazer até o, sei lá, 7th round...

5) Um kicker escolhido no 6th round (!), quando todos recomendam deixar para o último round, já que é a posição que menos influência tem.

A temporada começa no dia 10 de setembro. Muita diversão para todos. Como diria Paulo Antunes (e dirá muitas vezes ao longo da temporada): "Teeeeeeeeemos um jogo".

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O CAMPEÃO VOLTOU

Não estou dizendo que o São Paulo será campeão de novo... mas pra quem estava totalmente desacreditado, com a troca de técnico e a má fase, o bom futebol voltou, especialmente o do Hernanes, e já começamos a aparecer no retrovisor dos líderes.

Como bem disse o Vitão, pelo menos já voltou a valer a pena ter comprado o passaporte tricolor - os jogos estão bons de se assisitir. Onde vai chegar? Não sei, mas todos os outros já devem estar pensando: "Lá vem eles de novo encher o saco".
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

2009 MICHAEL CHANG NFL FANTASY LEAGUE DRAFT LOTERY RESULTS

Desculpem a precariedade, mas segue a transmissão da loteria do draft da nossa Michael Chang League, a liga fantasy da NFL. A bateria da câmera acabou quando eu estava lendo o resultado, mas fica assim mesmo. Acho que dá pra ver tudo. Abaixo do vídeo está a lista.



Ordem do sorteio:

1) Mighty Mighty Bengals - Danilo Muller
2) Patriots Team - Fabio Caldas
3) TriShow Berber's - Rodrigo Berber
4) Jerry Rice Tribute - Ronalt Brasilio
5) Saint Louis 02 BENTO - CAIO BENTO
6) Madrid Jokers - Leonardo Bruno
7) Team Bessa - Mateus Bessa
8) Giants Empire - Vitor Ohtsuki
9) Sao Paulo Blue Araras - Guilherme Junqueira
10) Goiania Houndogs - Andre Pinheiro
11) Vitão's Team - Vitor Ziruolo
12) Team Pereira - Thiago Pereira
13) Titans Old School - Osmar Camilo
14) Real Rottenoranges - Fabricio Tota

DRAFT: 12 de agosto às 20h00 (horário de Brasília)

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

HERÓI - AVE CÉSAR!


A revista Veja dessa semana traz em sua reportagem de capa o título "Enfim, um herói", com uma foto do nadador César Cielo, nosso campeão olímpico dos 50m livres e agora nosso campeão mundial, novamente nos 50m livres e agora também nos 100m livres, com direito a recorde mundial.



Esse "herói" pode ter dois sentidos. O primeiro, obviamente, é que estamos vendo o surgimento de um atleta que, mantendo esse ritmo, entrará para a galeria dos maiores atletas da história de nosso país, ao lado de nomes como Gustavo Kuerten, Ayrton Senna, Éder Jofre, Ademar Ferreira da Silva, Amauri Passos, entre tantos outros, sem mencionar todos os ídolos do futebol e do voleibol. E, por que não, um dos maiores da história da natação. Não no nível de Michael Phelps ou Mark Spitz, mas sim no nível de Alexander Popov, talvez o melhor nadador de velocidade da história (até agora). Afinal, como bem lembrou meu amigo Fabrício, somente Popov havia conseguido ser campeão olímpico e mundial nos 50m livres simultaneamente.

Aliás, aproveito para indicar o blog do Fabrício e da Paty, dois dos meus companheiros de Pequim, que estiveram em Roma para acompanhar o Mundial de Esportes Aquáticos. Fotos, análises de alto nível (sério mesmo!) - recomendo!

Voltando a Cielo, mais um daqueles que marcarão as vidas dos amantes do esporte (Glory Days!), o termo "herói" também pode representar a façanha que é para um brasileiro que não joga futebol ser o melhor do mundo em algum outro tipo de modalidade. E que se diga que a CBDA não tem nenhum mérito na conquista do Cesão, que, depois de passar pelo E.C. Pinheiros (esse sim um clube sério), se mandou para os Estados Unidos para treinar em Alburn, Alabama, com o técnico australiano Brett Hawke. Como Guga Kuerten, Cielo por acaso nasceu no Brasil. Ainda bem para nós. Como muito bem lembrado pelo jornalista Milton Leite, do Sportv, em uma coluna nesse domingo no Estadão (também recomendo a leitura - é perfeita!), agora vai ter visita ao presidente, pose para foto com o Ministro dos Esportes (gulp!) e toda aquela palhaçada. E milhões sendo torrados na campanha Rio 2016, que tende ao fracasso, enquanto o esporte de base, maior chance de descobrimento de novos "Cielos", continua às moscas. Uma pena.

Um último comentário sobre o mundial, quanto à controvérsia das roupas especiais: no ano que vem, as tais roupas tecnológicas, que ajudam os nadadores, passarão a ser proibidas. Antes disso, dezenas de recordes mundiais foram batidos com a ajuda dessas roupas. Com a proibição, alguma chance desses recordes voltarem a ser batidos? Imagino que, num médio prazo, não. Confesso que não entendi a decisão da FINA: primeiro proibiu o uso da roupa, depois liberou (motivos econômicos?) e agora vai proibir novamente, mas somente a partir de 2010. De 2 decisões razoáveis - proibir de vez ou liberar de vez - tomou uma terceira, e menos acertada, que foi liberar por um período. Sou contra o uso dessas roupas, na minha opinião é uma espécie de doping, pois é uma ajuda externa ao atleta. Os recordes estabelecidos com essas roupas? Mais asteriscos...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MANNY E BIG PAPI NA LISTA DE 2003. SERÁ QUE ALGUÉM SE SALVA?

"I know what it is for my son to have Big Papi as a father. There are a lot of people who do great things for him because he's my son. His life is going to be easier because he's the son of Big Papi. And that is the biggest reason why I have never used steroids. Because then he would have to go to school and have to listen to all the kids say that his dad is dirty, a cheater, and everything for him would be taken away from him, and he would be ruined. I make sure I don't do those things, for him."

Essa declaração foi feita por David Ortiz, o Big Papi, rebatedor dos Boston Red Sox, para o jornalista Howard Bryant, da ESPN, em 12 de maio desse ano, e foi motivado por alguns comentários de parte da mídia e dos fãs que tentavam ver alguma relação entre a queda de sua produção e o aumento do controle anti-dopagem da MLB. Ao ler uma declaração como essa, vinda de um dos jogadores mais queridos da liga, tanto pelos fãs quanto pelos companheiros de time (com exceção dos fãs dos Yankees, obviamente), a primeira impressão que temos é de honestidade, não? Alguns meses antes, em fevereiro, ele havia dado outra declaração, sugerindo que o controle anti-dopagem fosse feita não de forma amostral, mas sim em 100% dos atletas. E mais: sugeriu que, caso um atleta fosse flagrado no teste, que fosse suspenso por toda a temporada.

Ainda em fevereiro, escrevi um texto quando foi divulgado que Alex Rodriguez, dos Yankees, fazia parte de uma lista de 104 jogadores que haviam sido testados positivamente em 2003. Na época, esses testes foram feitos para que a liga verificasse o nível de utilização de drogas que aumentam a performance e definisse a regulamentação adequada a partir desse ponto (até então não havia regulamentação nenhuma). O nome de A-Rod foi o primeiro que vazou dessa lista, que deveria ser totalmente secreta, segundo acordo entre o sindicato dos jogadores e a liga em 2003.

E no último dia 30 o New York Times publicou uma matéria que trouxe a conhecimento do público os nomes de mais 2 jogadores dessa lista: David Ortiz e Manny Ramirez. Ambos foram os principais jogadores dos Red Sox na campanha histórica de 2004. Na final da Liga Americana, contra os Yankees, os Red Sox perdiam a série por 3x0 e viraram para 4x3 (coisa que nunca havia acontecido na história da MLB). Ortiz foi o MVP da série. Na World Series, os Red Sox atropelaram o St Louis Cardinals por 4x0 e Manny Ramirez foi o MVP das finais. E, o mais importante: o primeiro título dos Red Sox desde 1918.

Para esse que vos escreve, fã de baseball e que torce fervorosamente contra os Yankees, foi um dos momentos mais fantásticos da história do esporte, sem nenhum exagero, mesmo não sendo torcedor dos Red Sox (sou torcedor do Cleveland Indians). Primeiro, pela virada histórica na ALCS e, em segundo, pelo título após 86 anos. E agora esse momento (mais um daqueles históricos que vivo falando) pode ficar marcado com um asterisco do tamanho do Fenway Park. Mais um asterisco.

Manny Ramirez, talvez o meu jogador favorito da liga, que teve uma passagem brilhante pelos Indians antes de se mudar para Boston, e que me fez escrever um dos meus maiores posts deste que comecei esse blog, tem a situação ainda mais complicada, pois acabou de cumprir 50 jogos de suspensão por ter sido flagrado no exame anti-doping no início da atual temporada. E agora é citado na lista de 2003.

Manny e Papi seriam 2 jogadores pelos quais seria possível apostar que não fariam parte desse tipo de esquema. Agora? Está difícil de acreditar em qualquer um. Dos principais rebatedores dos últimos 15 anos, a maioria já foi ligada ao uso de esteróides (Manny, Papi, A-Rod, Barry Bonds, Mark McGwire, Sammy Sosa) e poucos continuam teoricamente “limpos”, valendo destacar Ken Griffey Jr e Albert Pujols. Imagino o que aconteceria se esses dois também passarem para o outro lado. Ou Derek Jeter, Pedro Martinez, Randy Johnson, verdadeiros ícones dos últimos 15 anos. Há quem diga que, se todos são sujos, então todos competem em condições de igualdade. E mais: não havia regras que proibissem essas coisas. Mas os jogadores trapacearam no ponto de vista esportivo, que é o mais importante. Com isso, como colocar os resultados “duvidosos” no contexto histórico, que eu valorizo tanto? Como comparar os números e recordes estabelecidos nos últimos, 15, 20 anos, com os números dos grandes das outras épocas, como Hank Aaron e Babe Ruth, por exemplo? O baseball é basicamente um esporte individual e isso permitiria que comparações entre diferentes épocas pudessem ser feitas apenas pelas estatísticas, ao contrário do basquete, por exemplo. Mas o fator extra (PED – sigla para performance enhanced drugs) elimina esse nivelamento.

Como um fanático por esporte, o que marca é a questão esportiva. Os jogadores trapacearam. E, com isso, os feitos passam a ser duvidosos, as lembranças ganham um asterisco e todas aquelas coisas que nos fazem sentir o que sentimos pelo esporte perdem um pouco o significado. Imaginem como os fãs dos Red Sox estão se sentindo. Os fãs dos Yankees devem estar comemorando, obviamente, mas aí já é outra história.