(Esse é o primeiro de 3 posts para encerrar o assunto Basquete em Pequim.)
O Basquete é uma modalidade que parou de evoluir taticamente faz algum tempo. O que se tem são “escolas” de formas de jogo, das quais as principais são a do Leste Europeu (nascida na antiga Iugoslávia), que se caracteriza pelo jogo mais cadenciado e coletivo e a Americana, que prioriza a velocidade e a individualidade. Fora disso, somente algumas variações que utilizam um misto das duas - talvez por isso que Argentina e Espanha, que conseguem oscilar entre os dois citados, com predominância do europeu, são países que têm se dado tão bem ultimamente.
O que se viu em Pequim foram seleções se mantendo em sua forma tradicional de jogo, mas realizando sempre uma de duas coisas: ou o famoso “corta-e-tira”, ou seja, o jogador com a bola tenta penetrar na defesa com o drible e, ao perceber a ajuda do lado oposto, solta a bola para um jogador aberto, o que resulta num arremesso livre, normalmente de 3 pontos, ou o pick’n’roll no topo do garrafão, normalmente entre um dos pivôs e o armador, para tentar desequilibrar a defesa e forçar uma ajuda, o que também resulta num passe para alguém que ficou livre. Só o Brasil, com seus técnicos ultrapassados, continua com aquele negócio de dezenas de jogadas e movimentações complicadas que muitas vezes só confundem a cabeça dos jogadores e resulta em arremessos desequilibrados e fora de hora. Será tão difícil entender que o que precisamos é um sistema de jogo que possibilite fazer o mais simples?
O problema é que muitas vezes se via um festival de arremessos de 3 pontos em todos jogos. Chegamos ao extremo no jogo entra Argentina e Grécia, nas quartas-de-final, quando AMBOS os times arremessaram mais bolas de 3 pontos do que bolas de 2 pontos.
Até a seleção dos Estados Unidos também passou a jogar um pouco mais no estilo europeu, graças a presença de um técnico universitário, que trouxe a cultura de jogo mais coletivo e cadenciado. Mas não deixou de utilizar a velocidade dos contra-ataques e as individualidades – afinal de contas, estamos falando de um time que contava com Kobe, Lebron e D-Wade!
Com isso, tínhamos de um lado Lituânia e Grécia encabeçando as seleções que jogavam no estilo puramente europeu, com jogo extremamente cadenciado – era comum que os times utilizassem 22, 23 segundos dos 24 disponíveis de posse de bola antes de realizar o arremesso. Dava gosto de ver a movimentação coletiva das equipes, mas ambas ficaram pelo caminho. As medalhas ficaram exatamente com Estados Unidos, Espanha e Argentina, que também apresentaram um jogo coletivo muito forte, mas que conseguiam dosar momentos de velocidade e individualidade (os americanos com mais intensidade).
Algumas mudanças nas regras estão previstas para o final de 2009, como o aumento da distância da linha de 3 pontos em 50cm e a introdução do semi-círculo no meio do garrafão dentro do qual não poderá ser marcada a falta de ataque (como na NBA). Espero que essas mudanças ajudem a mudar um pouco o panorama tático da modalidade.
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Um comentário:
Ronalto,
Parabéns pelo texto. Há tempos acompanho mais o basquete nacional que a NBA e os campeonatos europeus, e dá raiva ver os técnicos brasileiros com a prancheta e as canetas borradas desenhando o que os jogadores tinham que fazer... Ninguém presta atenção nisso! E o pior é que muitos dos novos técnicos são ex-jogadores, que viveram isso, e não percebem a evolução...
Grande abraço,
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