terça-feira, 30 de março de 2010

ARMANDO NOGUEIRA

Uma das coisas que mais me irrita hoje no jornalismo esportivo é a falta de preparo de muitos daqueles que ganham dinheiro (e não deve ser pouco) para ocupar espaço nos programas de TV, de rádio, nas revistas, nos jornais e na Internet. Com raras exceções, esses comentaristas agregam muito pouco para quem busca uma boa análise técnica e tática do esporte. Felizmente, temos algumas boas exceções, e já citei em outros textos meus favoritos, como Paulo Vinícius Coelho, Paulo Calçade, Everaldo Marques, Paulo Antunes, Marcelo Barreto e Tostão (para citar um ex-atleta), falando apenas de brasileiros. De resto, temos ex-jogadores e jornalistas que fazem apenas análises superficiais, deixando o caráter torcedor tomar conta da opinião e se preocupam apenas com aspectos menos importantes do jogo. Fica evidente que não existe preparo, os caras se limitam a assistir o jogo e dar palpites, coisa que pai também sabe fazer no domingo à tarde após aquela lasanha, durante qualque jogo que estiver passando. Meu pai pode falar o que bem entender e sem se preocupar em ser ou não coerente ou mesmo ter ou não um critério técnico adequado, já que ele não ganha dinheiro para palpitar e não está tentando influenciar a opinião pública. Esses caras não podem.

Com isso, nos restam poucas opções com alguma qualidade quando buscamos análise esportiva. E essas opções estão restrita à TV à cabo, enquanto a TV aberta mantém aqueles programas onde se fala muito em termos de quantidade e praticamente nada em termos de qualidade. E na noite de ontem (segunda-feira, 29 de março) os dois programas de análise mais importantes da TV a cabo, o Linha de Passe da ESPN Brasil e o Bem Amigos da Sportv, passaram praticamente todo o tempo deixando um pouco de lado as análises para prestar a mais do que merecida homenagem a Armando Nogueira, que morreu ontem aos 83 anos, vítima de câncer.

Armando Nogueira era um jornalista único no seu estilo (pelo menos dos que eu acompanhei). Ele não trazia análises técnicas ou táticas detalhadas, e nem era sua especialidade (era advogado de formação), mas seu estilo de comentar e escrever nos fazia pensar no esporte na sua forma mais pura: o enaltecimento do que é bom, do que é melhor. Nunca me esqueço de como ele enaltecia Romário durante a Copa de 1994, ou como falava de Hortência e Paula quando foram campeãs mundiais e vice-campeãs olímpicas, ou mesmo quando relembrava Mané Garrincha. Ontem no Sportscenter mostraram uma entrevista da Ana Mozer lembrando quando teve um dos seus muitos problemas no joelho e Armando Nogueira, em uma coluna, chegou a oferecer seus próprios joelhos para que ela pudesse jogar, assim ele não seria privado de ver uma das maiores jogadores de vôlei da história, apesar da curta carreira.

Chamado de “mestre” e de “referência” por praticamente todos que lhe prestaram homenagem ontem, conseguia escrever textos e achar palavras para descrever feitos e atletas de uma forma que não se vê mais hoje em dia. Mesmo não trazendo análises técnicas, era como se fosse um torcedor, um de nós, dando aquele toque emotivo, mas com qualidade, no meio de tanto comentário. Em um cenário ideal, deveríamos sempre ter um programa esportivo com bons analistas e um Armando Nogueira. Na maioria dos casos, não temos nem uma coisa (com as raras exceções que eu citei no primeiro parágrafo) e, agora, não temos mais a possibilidade de ter a outra. Para quem é apaixonado pelo esporte e tenta escrever algo de vez em quando apenas por hobby, a escassez cada vez maior de boas referências é uma pena.

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quinta-feira, 11 de março de 2010

TIRANDO O ATRASO...

Com muita coisa acontecendo acabei deixando de escrever com a freqüência que gostaria no último mês. Para tirar o atraso, dez comentários que não posso deixar passar, pelo menos pra ficar em dia com os eventos.

1. Na minha lista de momentos esportivos da década deixei de fora o jogo dos 81 pontos de Kobe Bryant. Imperdoável. Fica o registro.

2. Kevin Durant deverá ser o líder de média de pontos na NBA nesse ano (já ultrapassou Lebron e D-Wade). E ele tem apenas 21 anos. É uma máquina de pontuar (teve uma sequência de 29 jogos seguidos com pelo menos 25 pontos por jogo) e já virou um dos meus jogadores favoritos. Ninguém tem idéia do quanto eu estou feliz com a regra do keeper que foi instituída na minha liga fantasy nesse ano. Ele não sai do meu time nunca mais.

3. Apesar da euforia até mesmo aqui no Brasil, não consegui me empolgar com o curling nos Jogos Olímpicos de Inverno. Continuo achando muito chato. Se dependesse de mim, os Jogos de Inverno teriam apenas as provas de corrida, hóquei e o salto gigante (144 metros!!!). Nada de provas onde tem que se dar nota. Ou então que a medalhas das outras modalidades sejam menores.

4. O São Paulo montou um grande elenco, mas até agora não temos um time engrenado. O time joga em câmera lenta, parece que falta vontade. Nessas horas eu sinto falta do Muricy indignado com falta de motivação dos jogadores. A derrota para o Once Caldas foi daquelas difíceis de engolir, pois o time teve todas as condições de ganhar o jogo, só faltou querer.

5. Na NBA, passou o prazo para trocas e o que se viu foi equipes querendo se livrar de grandes contratos para limpar a folha salarial e tentar a sorte no próximo verão quando nomes como Lebron, D-Wade, Chris Bosh e Joe Johnson estarão no mercado. Imagino ser um portador de season tickets desses times e ter que me conformar com meu time abrindo mão de ter uma equipe competitiva para tentar contratações importantes no futuro. Os Knicks, por exemplo, já abriram mão das 3 últimas temporadas...

6. Guerra ao Terror é um filme excelente, mas o filme do ano foi Bastardos Inglórios, sem dúvida. Pela segunda vez Quentin Tarantino faz o filme do ano e sai do Oscar de mãos vazias. Mas pelo menos não deu Avatar.

7. Não resta mais dúvidas... Meryl Streep é a maior estrela do mundo do cinema. Fim de discussão. Bill Simmons e o Balu têm a mesma opinião.

8. (Spoiler) Sobre os 10 primeiros episódios de “24”: to achando a temporada fraca em relação às anteriores. A questão do Jack Bauer ficar fazendo doce pra ver se vai ajudar a CTU ou não já cansou. Tiveram que convencê-lo 3 vezes (pelo menos a terceira foi para garantir a ajuda até o final). Espero que ao final da temporada ele resolva voltar em definitivo para não termos a mesma frescura na próxima temporada. Quanto à história em si: começou num ritmo muito bom, mas parece que já precisaram começar a enrolar pra conseguirem encher os 24 episódios – os cilindros nucleares já mudaram de mãos 4 vezes! E ainda não saquei que fim vai levar a história do Freddie Prinze Jr (o novo prodígio da CTU) e sua noiva que trabalha na CTU mas tem um passado de criminosa.

9. Em compensação, tivemos o final da quarta temporada de “Friday Night Lights”. Brilhante. Os personagens são muito poderosos e o casal Eric e Tammy Taylor são meus personagens favoritos dentro todos os seriados que assisto ou já assisti (menção honrosa para o presidente David Palmer, das 4 primeiras temporadas de “24”). Por ser uma história numa high school, é inevitável que alguns personagens se formem e tenham que deixar a série. E, felizmente, a reposição com novos personagens foi muito feliz. O desfecho para Tim Riggins (outro baita personagem) foi previsível, até certo ponto triste, mas não tinha como ser diferente. Minha terceira série favorita, depois de The Wire e Lost. Falando em Lost...

10. (Spoiler) Finalmente começou a tão esperada última temporada de LOST. E já começaram as cornetas. Minha maior crítica é que o pessoal tem a necessidade de analisar cada episódio isoladamente e fica frustrado quando as tão esperadas respostas não são dadas. Temos que esperar o final da série para analisar essas coisas. Particularmente, já estou satisfeito com as explicações para os números e o monstro de fumaça e só espero a explicação maior, que é o sentido da presença de todos na ilha. Desde a primeira temporada os produtores dizem que a série é focada nos personagens e parece que está rumando para um desfecho nesse sentido. E achei brilhante a idéia da realidade paralela para confrontar o destino de cada um. Ainda temos 12 episódios pela frente.

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quinta-feira, 4 de março de 2010

35 ANOS, 35 ÍDOLOS

Acho que já deu para perceber que eu gosto de listas. No dia que completo 35 anos de idade faço uma homenagem a 35 personalidades do esporte que marcaram minha vida até hoje. A ordem dos nomes deve variar de tempos em tempos, talvez com exceção dos 3 primeiros da lista, e muita gente boa ficou de fora. Obviamente o patriotismo e fator "times do coração" têm peso significativo na escolha. Sem mais delongas...

35. Ivan Lendl (Tênis) – quando comecei a acompanhar tênis John McEnroll e Jimmy Connors já estavam no final das carreiras e Lendl começava seu domínio.

34. Michael Johnson (Atletismo) – por tudo o que ele fez nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996. A imagem do final dos 200m rasos ficou gravada na minha memória até hoje.

33. Usain Bolt (Atletismo) – jamais vou esquecer aquela final dos 100m rasos de Pequim

32. Randy Johnson (Baseball) – o melhor pitcher que vi jogar até hoje

31. Steffi Graf (Tênis) – a melhor atleta feminina do mundo nos anos 90. Sorte das irmãs Williams que elas são bem mais novas...

30. “Magic” Paula (Basquete) – campeã mundial e vice-campeã olímpica de basquete. Formou uma das melhores duplas da história do esporte.

29. Cesar Cielo (Natação) – e ele está só começando...

28. Zico (Futebol) – a primeira Copa do Mundo que me lembro de ter assistido foi a de 1982. Lembro dos golaços contra a Escócia e contra a Nova Zelândia. Uma vez algum jornalista disse: “Se o Zico nunca ganhou uma Copa do Mundo, azar da Copa do Mundo!”.

27. Lebron James (Basquete) – estamos presenciando uma lenda. E ele ainda tem uns 10 anos de alto nível pela frente.

26. Larry Bird (Basquete) – falando em lenda, uma pena que peguei apenas o final da carreira de Larry Legend. Mas foi mais que suficiente.

25. Muller (Futebol) – Esteve envolvido em duas das três grandes gerações de times do São Paulo que presenciei: a geração de 1985 a 1987 e a geração de 1991 a 1994. E o gol contra o Milan foi mais do que histórico.

24. Telê Santana (Futebol) – não está incluído como atleta, mas como esportista. Não é à toa que o Morumbi grita seu nome eventualmente até hoje. Obviamente teremos piadas sobre o fato de o técnico bicampeão mundial pelo São Paulo estar no número 24 da lista.

23. Joe Montana (Futebol Americano) – peguei apenas o final de sua carreira (discutivelmente o melhor quarterback da história), mas foi o cara que me fez gostar de futebol americano e dos 49ers.

22. Zinedine Zidane (Futebol)
21. Diego Maradona (Futebol)
Dois monstros que marcaram época no futebol. Ainda no começo da adolescência acordava cedo aos domingos para ver o Napoli de Maradona e Careca pelo campeonato italiano. Era mágico. E Zidane é o grande jogador (ao lado de Ronaldo) do mundo pós-maradona.

20. Manny Ramirez (Baseball) – esse sim meu jogador de baseball favorito. É o cara que nos impede de sair da TV quando está no bastão pois SEMPRE temos a sensação de que algo vai acontecer – e muitas vezes acontece. Começou no meu Cleveland Indians e depois, nos Red Sox, foi um dos responsáveis por um dos maiores feitos que vi até hoje (o título de 2004).

19. Lance Armstrong (Ciclismo) – a história de vida, a luta contra o câncer, o retorno e os 7 títulos do Tour de France. CQD.

18. Pete Sampras (Tênis) – talvez o maior tenista da história até surgir o número 4 da minha lista. Dominou os anos 90.

17. Steve Young (Futebol Americano) – quando os 49ers dispensaram ninguém mais, ninguém menos que Joe Montana era porque tinha um quarterback que poderia assumir seu papel sem deixar os fãs com saudades do maior da história. Vivo dizendo que a melhor temporada de um quarterback que eu já vi foi a temporada de Steve Young em 1994.

16. Shaquille O’Neal (Basquete) – Dominou os garrafões durante o final dos anos 90 e início dos anos 2000 com precedentes talvez só em Wilt Chamberlain. Três títulos com os Lakers, sendo 3 vezes o MVP das finais.

15. Romário (Futebol)
14. Careca (Futebol)
O baixinho era impressionante. Nos deu uma Copa do Mundo depois de 24 anos e fez miséria por onde passou, especialmente no Barcelona. E Careca foi o cara que fez o gol mais inesquecível da minha vida, contra o Guarani na final do Brasileiro de 1986.

13. Oscar Schmidt (Basquete) – muita gente não gosta do Oscar e o consideram o responsável pela decadência do basquete brasileiro, por ser o responsável por marcar uma época de basquete puramente ofensivo, sem tática em sem defesa. Um absurdo. Para essas pessoas: lembram-se do Pan de 1987? Histórico – a primeira derrota dos Estados Unidos em seu território na história. E, principalmente: o Brasil não disputa os Jogos Olímpicos desde 1996, ou seja, desde que Oscar se aposentou.

12. Reggie Miller (Basquete) – guardadas as devidas (e imensas) proporções, o jogador de basquete com o qual eu mais me identificava. Não é a toa que um dos meus cães tem seu nome e uso o número 31 para jogar pelo USP Seniors.

11. Raí (Futebol) – o capitão do time bicampeão da Libertadores (92-93) e campeão mundial de 92, que fez os dois gols contra o Barcelona.

10. Ayrton Senna (Fórmula 1) – não considero automobilismo necessariamente um esporte, pois depende mais do equipamento do que do ser humano, mas o costume de acordar cedo na expectativa de ouvir o Tema da Vitória fazia parte dos nossos domingos marcou demais.

9. Jerry Rice (Futebol Americano) – Tenho 2 quadros pendurados na minha sala de jantar: fotos de Jerry Rice e o próximo da lista. O maior wide receiver da história (ninguém da história da NFL marcou mais touch downs do que ele), jogou com Joe Montana e com Steve Young pelos 49ers. Tenho a camisa número 80 e realizei o sonho de vesti-la no Candlestick Park no ano passado. E pra minha sorte pude ver Jerry Rice em pessoa prestando uma homenagem ao ex-dono do time.

8. Kobe Bryant (Basquete) – aquele que mais se assemelha a Michael Jordan. Quatro títulos com os Lakers e com gás para buscar mais um ou dois e se igualar aos 6 de MJ.

7. Hortência (Basquete) – a segunda maior atleta mulher da história do Brasil (atrás de Maria Ester Bueno) e uma das maiores jogadoras de basquete de todos os tempos no mundo. O título mundial de 1994 e a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta foram históricos.

6. Ronaldo (Futebol) - o cara que me fez não ficar chateado ao ver um gol do Corinthians contra o São Paulo. Nem preciso falar do que ele fez pelo Barcelona e pela Seleção Brasileira, especialmente em 2002.

5. Gustavo Kuerten (Tênis) – escrevi muito sobre ele quando fiz as minhas listas de melhores da década. Tricampeão de Roland Garros, Campeão da Masters Cup de 2000, derrubando Sampras da semifinal e Agassi na final, e número 1 do mundo em 2001.

4. Roger Federer (Tênis) – Gênio.

3. Rogério Ceni (Futebol) – Nosso capitão, maior ídolo da história do São Paulo, maior número de partidas pelo time que qualquer outro (rumo aos 1000 jogos), líder nas conquistas dos últimos 5 anos (Libertadores, Mundial e o tri brasileiro) e, acima de tudo, um baita de um goleiro.

2. Michael Jordan (Basquete) – o melhor da história no meu esporte favorito. Só não está no número 1 da lista por causa do...

1. Magic Johnson (Basquete) – o cara que me fez escolher o Basquete como esporte favorito, os Lakers como time do coração e cujos movimentos eu ficava tentando imitar nas quadras após os treinos. Escrevi sobre ele quando completou 50 anos, no ano passado. Sem dúvida, meu maior ídolo no esporte.