terça-feira, 23 de dezembro de 2008

MELHORES DE 2008

Ainda no ritmo de Alta Fidelidade e com tantas premiações de final de ano acontecendo, deixo minha lista dos melhores do ano:

MELHORES ATLETAS:

1) Usain Bolt - o segundo lugar da lista que me desculpe, mas ter feito o que fez na final Olímpica dos 100m E quebrar o recorde mundial do Michael Johnson nos 200m coloca o Jamaicano no topo da minha lista.

2) Michael Phelps - 8 medalhas de ouro em Pequim, acho que não são necessários maiores detalhes.

3) Rafael Nadal - desbancou Roger Federer no topo do ranking mundial, venceu Roland Garros (de novo), Wimbledon e as Olimpíadas.

4) Kobe Bryant - MVP da NBA e líder da seleção americana que ganhou o ouro de volta para os EUA em Pequim

5) Cristiano Ronaldo - deve ser eleito o melhor do mundo pela FIFA no início de janeiro.


MELHORES EQUIPES

1) SELEÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DE BASQUETE MASCULINO - Recuperaram o ouro olímpico com propriedade, mesmo com a ameaça espanhola na final. Não posso deixar de colocar no topo da lista um time que reúne Kobe Bryant, Lebron James, Dwyane Wade, Chris Paul, entre outros.

2) BOSTON CELTICS - melhor campanha da NBA na temporada 2007-2008, título merecido e início da nova temporada arrasador (24-2, com 18 vitórias seguidas e contando).

3) MANCHESTER UNITED - Campeão Inglês (o campenonato nacional mais legal da Europa), da Champions League e do Mundial da FIFA.

4) SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE - primeiro tricampeão brasileiro da história, maior vencedor do campeonato (6 títulos), campanha de recuperação impressionante no segundo turno. Nós, Sãopaulinos, continuaremos chatos (e com razão) por algum tempo.

5) SELEÇÃO BRASILEIRA DE VÔLEI FEMININO - apagaram a fama de amarelonas e conquistaram a medalha de ouro perdendo um único set em 8 jogos. E eu estava lá!

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RETROSPECTIVA 2008

Antes de terminar o ano, gostaria de deixar registrado os fatos que marcaram o ano esportivo para mim. Meu critério é muito simples: são os eventos, acontecimentos, performances ou jogos que virão a minha cabeça quando me referir a 2008 daqui a, digamos, uns 10 anos. Como assisti a Alta Fidelidade mais uma vez nessa semana, segue minha lista no esquema Top 10:

10) Jogo 5 da ALCS - Boston Red Sox 8 x 7 Tampa Bay Rays - uma daquelas viradas típicas dos Red Sox pós-2004. Boston perdia de 7x0 no sétimo inning e conseguiu a virada para 8x7 e continuou vivo na série (perdiam por 3x1 antes daquele jogo). Tivessem vencido a série e a World Series, esse jogo fatalmente entraria no Top 5.

9) US OPEN de golfe - a vitória de Tiger Woods no playoff mesmo com uma séria contusão no joelho foi impressionante no momento em que aconteceu e tornou-se ainda mais história nos dias seguintes, quando os exames mostraram o tamanho da gravidade da contusão: ligamentos do joelho esquerdo e fratura dupla por stress na perna esquerda, que levaram a uma cirurgia que colocou fim a sua temporada. Vale assistir a essa entrevista onde o próprio Tiger, questionado sobre o risco que ele assumiu ao continuar no torneio mesmo com contusões desse tipo e se havia valido a pena, disse simplesmente: "I Won!". Na mesma entrevista, ele afirma que só voltará a 100% da sua condição em 2 anos.

8) Fluminense 3 x 1 São Paulo, quartas-de-final, Taça Libertadores. Meu primeiro jogo no Maracanã, a desclassificação doída nos últimos segundos, não dá pra não dizer que não foi um jogaço. Melhor passar para o próximo da lista...

7) Final de Wimbledon - Rafael Nadal x Roger Federer. Definitivamente, um dos maiores jogos da história do tênis (para alguns, o maior) e a afirmação de Rafael Nadal como número 1 do mundo após a grande hegemonia do suíço. Mais de cinco horas de jogo, interrupções por causa da chuva, 5 sets, lances sensacionais e a vitória do espanhol pela primeira vez em um Grand Slan fora do saibro.


6) GP Brasil de Fórmula 1 - uma corrida que parecia monótona, mas que reservou um final eletrizante, quando o Felipe Massa chegou a ter o título nas mãos por alguns segundos.

5) SUPER BOWL XLII - New York Giants 17 x 14 New England Patriots. Os Patriots tentavam fechar a temporada perfeita, buscando o primeiro título invicto desde o Miami Dolphins de 1972, mas pela primeira vez com uma campanha de 16 vitórias na temporada regular. Mas perderam o Super Bowl numa das maiores surpresas da história do esporte, num jogo espetacular, com uma campanha final impressionante dos Giants, incluindo o famoso Helmet Catch, um lance que ficou para a história.

4) Corinthians na Série B - essa lembrança eles vão ter que aguentar para sempre.

3) NBA FINALS - LAKERS x CELTICS. A maior rivalidade da NBA de volta às finais depois de 21 anos. Vitória dos Celtics em 6 jogos, Paul Pierce MVP, Kevin Garnett finalmente comemorando um título.



2) SÃO PAULO CAMPEÃO BRASILEIRO - uma arrancada incrívei no segundo turno, tirando 11 pontos de diferença do então líder Grêmio e conquistando o sexto título nacional e o primeiro tricampeonato brasileiro da história.





1) JOGOS OLÍMPICOS DE PEQUIM - o principal momento esportivo de 2008 não poderia ser outro, especialmente após a realização do sonho de acompanhar os jogos in loco pela primeira vez. Obviamente, os jogos vão ficar marcados para sempre na minha memória, além de terem sido o motivo que originou esse blog. Desmembrar os eventos resultaria numa lista enorme, mas vale lembrar a minha seleção dos melhores momentos, aos quais podemos acrescentar a inesquecível final do basquete masculino entre Estados Unidos e Espanha, as medalhas de ouro do Cesar Cielo e da Maurren Maggi e, obviamente, as 8 medalhas de ouro do Michael Phelps.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

SÃO PAULO NÃO CAIU EM 1990

Nesse post de outubro eu fiz um comentário sobre a queda do São Paulo à segunda divisão do Campeonato Paulista em 1990. Há algumas semanas, graças ao Bola, tomei conhecimento de alguns links que mostram que, DE FATO, O SÃO PAULO NÃO CAIU PARA A SEGUNDA DIVISÃO. Obviamente, faço questão de registrar aqui. Do Blog do Birner, publicado em 06/11/2007:

O São Paulo foi rebaixado em 1990?
De José Renato Sátiro Santiago Jr

Atendendo aos inúmeros pedidos, encaminho abaixo detalhes sobre os fatos ocorridos durante o Campeonato Paulista de 1990.

Ele foi dividido em 2 grupos:

Grupo 1: Corinthians, Internacional, Bragantino, Novorizontino, Palmeiras, São Paulo, Mogi-Mirim, Santos, Portuguesa, União São João, São José e Guarani.

Grupo 2: Catanduvense, Juventus, Botafogo, XV de Piracicaba, XV de Jaú, América, Noroeste, São Bento, Santo André, Ferroviária, Ituano e Ponte Preta

1) Segundo o regulamento do Campeonato Paulista, durante as duas primeiras fases as equipes se enfrentariam dentro e fora de seus grupos. Sendo que os 12 times com melhor campanha, independentemente do grupo do qual fazia parte, se classificariam, automaticamente, para a Quarta Fase:

O que aconteceu: As equipes classificadas foram o Corinthians, Palmeiras, Bragantino, Santos, Mogi-Mirim, Portuguesa e Novorizontino, pelo Grupo 1 e XV de Piracicaba, XV de Jaú, Ferroviária, Ituano e América, pelo Grupo 2.(Regulamento Cumprido)

2) Conforme o regulamento os campeões de cada grupo se classificariam automaticamente para a Copa do Brasil de 1991.

O que aconteceu: Corinthians e XV de Piracicaba foram os vencedores de seus grupos e se classificaram para a Copa do Brasil de 1991. (Regulamento Cumprido)

3) O regulamento informava que as equipes que não tivessem se posicionado entre as 12 melhores aos longos das duas primeiras fases, deveriam disputar a Terceira fase, uma espécie de repescagem. As equipes seriam divididas em dois grupos de 6.

O que aconteceu: As equipes foram divididas em 2 grupos, o primeiro formado por Botafogo, Internacional, Santo André, São Paulo, Ponte Preta e Noroeste e o outro por Guarani, Catanduvense, São José, Juventus, União São João e São Bento. (Regulamento Cumprido)

4) O regulamente definia que apenas os campeões de cada grupo desta terceira fase, se classificariam para a quarta fase, quando se juntariam aos demais 12 classificados anteriormente, e seriam divididos em 2 grupos de 7.

O que aconteceu: Botafogo e Guarani foram os campeões de seus grupos e se classificaram para a Quarta fase. Nesta fase, as equipes foram divididas em 2 grupos de 7. O primeiro grupo foi formado por Bragantino, Corinthians, Botafogo, Santos, Ituano, Mogi-Mirim e XV de Jaú, o segundo grupo foi constituído por Novorizontino, Palmeiras, Guarani, Portuguesa, América, XV de Piracicaba e Ferroviária. (Regulamento Cumprido)

5) Quanto ao rebaixamento, vamos ao texto original do regulamento oficial do Campeonato Paulista de 1990. Parágrafo 1º do artigo 5º: “Para o Campeonato da Primeira Divisão de Futebol Profissional de 1991, o Grupo I será constituído pelas 14 associações classificadas para disputar a quarta fase do Campeonato de 1990 e o Grupo II será constituído pelas dez associações restantes que não se classificaram para a quarta fase e mais quatro advindas da Divisão Especial de 1990.” Parágrafo 2º - “No campeonato da primeira divisão de futebol profissional de 1990, não haverá descenso à divisão especial de futebol profissional. Mas a partir de 1991, ou a cada ano haverá o descenso de uma associação da Primeira Divisão de Futebol Profissional e o acesso de uma associação da Divisão Especail de Futebol Profissional”

O que aconteceu: O Campeonato Paulista de 1991 foi constituídos por 2 grupos de 14 equipes: Grupo I formado pelos 14 classificados para a Quarta Fase do Campeonato de 1990 - Corinthians, Palmeiras, Botafogo, Portuguesa, Guarani, Bragantino, Santos, Ituano, América, Novorizontino, XV de Piracicaba, XV de Jaú, Ferroviária e Mogi-Mirim; Grupo II formando pelas 10 equipes que não se classificaram para a Quarta Fase do Campeonato de 1990: São Paulo, Internacional, Santo André, Noroeste, Catanduvense, Juventus, Ponte Preta, União São João, São José e São Bento, mais 4 equipes originária da Divisão Especial de 1990 que foram: Olímpia, Marília, Sãocarlense e Rio Branco (Regulamento Cumprido)

6) Por fim, voltando a Quarta Fase do Campeonato de 1990, o regulamento previa que os campeões de cada grupo disputariam o título

O que aconteceu: Bragantino e Novorizontino foram campões de seus grupos e decidiram o título em 2 jogos, nos dias 22 e 26 de agosto. O título foi conquistado pelo Bragantino (Regulamento Cumprido)

Também sugiro o vídeo abaixo, que mostra o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, explicando o regulamento do Campeonato Paulista:



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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

DIFERENTES ESTRATÉGIAS

A contratação do Ronaldo, para muitos, especialmente os corinthianos, já é um sucesso. Pergunto: "Como assim? Quantos gols ele já fez? Que título ele ajudou a conquistar para o time?" Me respondem: "Você não viu a apresentação dele na sexta-feira? Quantas camisas já foram vendidas? É um sucesso!".

A ousada contratação do Fenômeno é um mega-sucesso de marketing, sem dúvida. Nada mais. Todo mundo fala que Sãopaulino é chato (o que é verdade, mas é um chato com razão, como diz meu amigo Danilo Batata), mas existe uma diferença gritante de comportamento e agora temos que aguentar a corinthianada, para quem a contratação do Ronaldo é a solução de todos os problemas e agora "ninguém segura o Timão, rumo ao título da Libertadores em 2010, ano do centenário". Perceberam a diferença? Ele ainda mal consegue correr (já escrevi antes que espero que ele se recupere e volte à seleção)e a corinthianada já está delirando. Depois não querem ouvir as piadas quando perdem para o River Plate no Pacaembú.

Em tempo: o Ronaldo merece toda a festa que foi feita para ele. Só não entendo como é possível encher uma arquibancada para recepcionar um jogador na manhã de um dia útil. Vi entrevista de torcedor dizendo-se que valia a pena "dar migué no trabalho" para receber o Fenômeno... vai Brasil!

Semana passada ouvi o Benjamin Bachi dizer no Estádio 97 que a Trafic (parceira do Palmeiras) não pensava em contratar o Carlinhos Paraíba do Coritiba porque ele já tem 25 anos e depois seria complicado para vendê-lo ao exterior. Então esse é o principal objetivo? E a idéia de montar um time com o objetivo de... conquistar títulos?

Depois reclamam que o time não chega e o São Paulo leva um título após o outro. No meio do ano o Barcelona chegou com uma oferta de 12 milhões de Euros pelo Hernanes. Aposto que se essa proposta tivesse chegado para 99% dos times brasileiros, ou seus parceiros, topariam o negócio da hora, considerando apenas a questão do lucro com a venda (o Hernanes veio das categorias de base do São Paulo). Mas o presidente Juvenal Juvêncio bancou a permanência daquele que foi peça fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro e que acabou eleito o melhor jogador do campeonato pela CBF.

Questão de objetivos, meios e fins.

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MINHA SELEÇÃO DO BRASILEIRO

Não entendo essa obrigatoriedade de que a seleção do Campeonato Brasileiro tenha que respeitar o esquema 4-4-2. Foi assim na escolha da CBF e da Bola de Prata da Revista Placar. Seleção não é para indicar os melhores? Então, na minha opinião, os melhores do Brasileiro formam uma escalação no esquema 3-5-2, por dois motivos: 1) não consigo deixar de escalar os três zagueiros que tiveram um campeonato espetacular e 2) a falta de meias que tenham se destacado a ponto de merecer lembrança. Com isso, minha seleção ficou assim:

Rogério Ceni (São Paulo)
Vitor (Goiás)
Miranda (São Paulo)
André Dias (São Paulo)
Thiago Silva (Fluminense)
Juan (Flamengo)
Ramirez (Cruzeiro)
Hernanes (São Paulo)
Alex (Internacional)
Nilmar (Internacional)
Borges (São Paulo)


Provavelmente os palmeirenses vão achar um absurdo a presença de tantos sãopaulinos. Como a seleção é minha, é isso aí mesmo. Minha maior dúvida foi em relação aos atacantes. Kléber Pereira, Washignton e Kléber (Palmeiras) merecem destaque, mas fico com o Borges pelos gols decisivos nos últimos jogos. E não nos esqueçamos que ele ganhou a Bola de Prata.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

RONALDO NO CORINTHIANS



Considero Ronaldo, ao lado de Zidane, os dois maiores jogadores de futebol dos últimos 15 anos (época pós-Maradona). Ronaldo teve, pelas minhas contas apenas 6 temporadas de altíssimo nível (1994 a 1998 e 2002) - e foi eleito o melhor do mundo em 3 dessas 6 temporadas (1996, 1997 e 2002). Imagino como seria se não fossem as contusões.

E agora ele é anunciado como reforço exatamente do time que o mais torço contra: o Corinthians. Não consigo torcer contra Ronaldo, da mesma forma que jamais consegui torcer contra Michael Jordan ou Tim Duncan, mesmo nas vezes em que eles passavam por cima dos Lakers. Isso não quer dizer que vou deixar de torcer contra o Time-da-Marginal-Sem-Número - continuo querendo que eles voltem a comemorar o título da segunda divisão muitas e muitas vezes. Mas ao mesmo tempo não vou deixar torcer para que Ronaldo se recupere e volte a ser, se não o mesmo dos anos já citados, pelo menos aquele que tenha condições de voltar à Seleção Brasileira.

Aí que está um dos dois problemas que vejo nessa contratação ousada do Corinthians: em 2002, ele surpreendeu o mundo ao se recuperar a tempo para se tornar o artilheiro da Copa do Mundo, trazendo o penta para o Brasil. Mas naquela época, ele tinha 26 anos. Agora, com 32, qual a chance de que isso volte a acontecer (pelo menos num nível razoável)? Tenho minhas dúvidas.

Além disso, como os outros jogadores do time vão encarar ter uma estrela no time, com um mega-salário (falam de algo que pode variar de R$ 400 mil a R$ 1 milhão), com um tratamento fatalmente diferenciado (participação dos patrocínios e amistosos)? Estarão todos dispostos a correr pelo artilheiro ou pode acontecer algo semelhante ao que aconteceu com o São Paulo quando contratou Ricardinho a peso de ouro em 2004? É verdade que há indícios de que a chance de que o Fenômeno conquiste os colegas seja muitíssimo maior que aquelas que Ricardinho teve (diziam que o maior problema não era o alto salário, mas sim a fama de leva-e-traz). Ronaldo já começou agindo certo na entrevista exibida pelo Jornal Nacional de terça-feira, quando mandou anunciar que "estava chegando mais um louco para o bando de loucos que já estava lá". Obviamente a torcida está indo à loucura (dizem que Sãopaulino é chato - o que não deixa de ser verdade, com a diferença de que Sãopaulino é aquele chato com razão - aguenta a curintianada agora), e o retorno em bilheteria, venda de camisa e direito de TV serão garantidos.

Agora "só" falta ele se recuperar (problema número 1) e mostrar que pode ser estrela num time que comeu o pão que o diabo amassou na série B sem tirar a motivação dos demais (problema número 2). O Bola lembrou que, em 1966, o Corinthians contratou Garrincha - foram 10 jogos e 2 gols, nada mais. Torço para que Ronaldo se dê melhor que isso, mas apenas o suficiente para voltar a merecer o posto na Seleção Brasileira, não precisa se preocupar em trazer nenhum título para o Parque São Jorge.

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

CAMPEÃO... DE NOVO!


Está ficando oficial: o Campeonato Brasileiro, se seguir nesse ritmo, já pode ser considerado parecido com o campeonato alemão, no qual o Bayern de Munique venceu 7 dos últimos 10 títulos. Mais um pouco, será igual ao campeonato francês, no qual o Lyon ganhou cada um dos últimos 7 títulos e segue firme rumo ao octacampeonato.

O São Paulo, com o primeiro tricampeonato de sua história e sendo o primeiro tricampeão da história do Brasileiro, confirmou no último domingo que é o grande clube do futebol brasileiro, o mais vitorioso (6-3-3!) e o melhor estruturado. Nesse ano, mesmo com um elenco mais limitado do que os anos anteriores, conseguiu uma arrancada impressionante no segundo turno, terminando o campeonato com 18 jogos seguidos sem derrota (foram 12 vitórias e 6 empates. Tirou uma diferença de 11 pontos que o Grêmio possuía no início do segundo turno e chegou a abrir 5 pontos a duas rodadas do final.

Antes de mais nada, não concordo com o que muita gente vem falando que a eventual incompetência dos outros times, especificamente Palmeiras, Grêmio, Flamengo e Cruzeiro, os quais se mantiveram nas 4 primeiras posições na maior parte do campeonato, foi o fator primordial para “permitir” que o São Paulo conquistasse o título. Digo isso com base na comparação com os dois campeonatos anteriores, também vencidos pelo São Paulo, considerando a classificação dos 5 primeiros colocados:

2006: São Paulo (78), Inter (69), Grêmio (67), Santos (64), Paraná (60)

2007: São Paulo (77), Santos (62), Flamengo (61), Fluminense (61), Cruzeiro (60)

2008
: São Paulo (75), Grêmio (72), Cruzeiro (67), Palmeiras (65), Flamengo (64)

Olhando a pontuação do segundo ao quinto colocados nos três anos, observamos que, justamente nesse ano (2008) os clubes foram mais competentes do que nos anos anteriores. Foi isso que possibilitou um pega empolgante entre os cinco times ao longo de muitas rodadas e fez com que a decisão ficasse apenas para as últimas 3 rodadas com 3 times na briga e na última rodada com 2 times postulando o título. É verdade que alguns tropeços, como os do Flamengo no Maracanã contra Atlético-MG, Portuguesa e Goiás, do Palmeiras contra o Grêmio em casa e do Cruzeiro nos jogos fora de casa, além da queda de produção do Grêmio em grande parte do segundo turno, foram relevantes, mas eu não diria que foram decisivos... porque foram normais! Assim é um campeonato de pontos corridos: cada rodada tem o mesmo valor e a mesma importância, mas é a somatória de todas que decide um título. Os times que brigaram mas não levaram foram, em 2008, mais competentes do que em 2007 e em 2006, mas ainda não suficientemente competentes para chegar ao título.

E é exatamente a competência sãopaulina que vem fazendo a diferença nesses anos. Competência que tem alguns fatores mais do que citados pela mídia especializada nas últimas semanas (a tal “organização diferenciada”), dos quais destaco:

1) No São Paulo, a direção do clube tem uma rotatividade dentro dos padrões democráticos. Cada presidente pode ser reeleito no máximo uma vez. Não há virada de mesa ou “adendos ao estatuto” que permita a existência de Mustafás, Dualibs ou Marcelos Teixeiras da vida. E se a situação quiser manter-se no poder, que faça um bom trabalho. Houve 2 viradas de poder (situação/oposição) nos últimos 15 anos.

2) Liderança: personificada no capitão Rogério Ceni, vai muito além do simples “chefe” ou aquele que é a referência e o jogador mais importante. Isso ficou muito claro na entrevista de ontem no programa Bem Amigos do Sportv: no time do São Paulo há uma espécie de forma de trabalho que quem quiser participar tem que se adaptar a ela. E nesse ponto o capitão dá o exemplo, procurando trabalhar duro e não deixando que os outros amoleçam. Não há espaço para “malas” (ex.: Carlos Alberto). Ou se entra no “esquema” ou nem vem tentar atrapalhar o que está funcionando.

3) Continuidade do trabalho: existe a máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”. Mesmo ganhando os Brasileiros, o Muricy balançou diversas vezes, principalmente nas perdas das três últimas Libertadores (em minha opinião, considero que as críticas a ele são justas apenas na derrota de 2007 para o Grêmio). Mas o presidente Juvenal Juvêncio bancou sua permanência. E a continuidade não se aplica somente à direção técnica. Aplica-se também na manutenção do elenco ou na renovação de forma equilibrada e contínua. No início desse ano as contratações “polêmicas” de Adriano, Fábio Santos e Carlos Alberto fugiram do padrão que vinha sendo adotado (foram 3 contratos de 6 meses) e foi um dos motivos que fez com o primeiro semestre não fosse tão bom, culminando com a desclassificação da Libertadores e com o início complicado do Campeonato Brasileiro.

Parece uma receita relativamente simples e lógica, mas é impressionante a dificuldade que outros times têm para colocar esses pontos em prática: seja vaidade, sede de poder, desespero por conquistas ou qualquer outro motivo – a instabilidade é marcante e decisiva. Ou os outros times começam a pensar nos objetivos maiores, coisa que alguns, como Inter e Cruzeiro, já dão sinais, ou então a hegemonia tricolor só vai se prolongar.

Arbitragem

Fui assistir ao jogo decisivo, contra o Goiás, na casa do meu amigo Dante, juntamente com os outros que acompanharam juntos as últimas rodadas (Batata, Bola, Cris e Baboo). No momento do gol do Borges todos nós pulamos dos sofás, mas ficamos uns 10 segundos parados, pois o impedimento era tão claro que o gol tinha que ser anulado. Só comemoramos quando tivemos certeza da confirmação do gol. Minutos antes, o Paulo Bayer teve uma chance clara de gol, quase marcando de letra, também em impedimento. Não é questão de que time A ou time B está sendo beneficiado ou prejudicado. A questão é que a arbitragem nacional é muito ruim pelo simples fato de ser AMADORA. Enquanto os árbitros não se profissionalizarem e passarem todo o tempo entre os jogos se preparando, estudando, analisando e debatendo lances polêmicos, não vejo como a situação pode ser melhorada. Não que os erros vão ser eliminados, mas tenho certeza que serão minimizados.

Herança

No domingo anterior, no jogo contra o Fluminense, fiz questão de levar meu pai ao estádio. Ele havia completado 70 anos na véspera e eu esperava que a comemoração do título fosse um presente extra. Infelizmente não comemoramos um título no estádio, mas tivemos que esperar apenas mais uma semana. Há 27 anos, meu pai me levou a um estádio de futebol (tinha que ser o Morumbi) pela primeira vez (eu tinha 6 anos), na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1981, contra o Botafogo. Foi memorável, me lembro como se fosse hoje. Chegamos com alguma dificuldade e, quando entramos, o Botafogo já vencia por 2x0. Vimos uma virada histórica, com gols do Serginho Chulapa (1) e Éverton (2). Infelizmente, o São Paulo não foi campeão naquele ano, perdendo a final para o Grêmio, o mesmo Grêmio que dessa fez ficou com o vice-campeonato. Mas foi naquele jogo que o tricolor, de quem eu já gostava pela influência paterna, me conquistou definitivamente. Hoje, passados 27 anos, mais 5 Brasileiros conquistados, 3 Libertadores e 3 Mundiais, só posso dizer: “Papai, obrigado por eu ser Sãopaulino!!!”

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