terça-feira, 30 de setembro de 2008

BASQUETE 3 - “O” MELHOR DO MUNDO

Ainda há quem questione o fato de que Kobe Bryant seja o melhor jogador do mundo. Também acho um tanto exageradas as comparações que o colocam como o “novo MJ”, embora ache que ele é o que mais se aproxima de Michael Jordan. E digo isso após vê-lo de perto por alguns jogos. Se eu fizesse a seguinte experiência: pegar o chinês da foto ao lado (ele ganha uns trocados tirando fotos com turistas na saída da Muralha), o qual eu DUVIDO que conheça qualquer coisa de basquete (no máximo já ouviu falar no Yao Ming), colocá-lo sentado ao meu lado no ginásio, pedir para observar o aquecimento do time, e perguntar a ele no final qual deles ele achava que era o melhor jogador de todos, a chance de ele apontar para o Kobe seria de uns 95%. Estava lá para quem quisesse ver: a concentração, a postura, a liderança, a seriedade no aquecimento, a expressão de estar se preparando para algo especial.

Lebron e D-Wade são fantásticos, sem dúvida, cada um no seu jeito. D-Wade lembra o jovem MJ talvez ainda mais do que o Kobe, no sentido de assumir o jogo quando precisa e resolver de uma forma que parece fácil – fez isso nas finais da NBA em 2006, quando ganhou o campeonato jogando quase que sozinho. Kobe não teve essa oportunidade, pois nos seus primeiros anos da NBA, mesmo no tricampeonato dos Lakers, ainda era o coadjuvante do Shaq. Já Lebron, esse é um fenômeno da natureza. Antigamente se dizia que ou se era rápido, ou se era grande. Ou se era forte ou se era habilidoso. Lebron consegue ser tudo isso ao mesmo tempo – é a versão rápida e habilidosa do Shaq, quando quer é completamente imparável. Só é um verdadeiro "mala" durante o aquecimento: fica zanzando pela quadra, conversando com a comissão técnica, fazendo piada com os companheiros, dando uma ou outra enterrada para agradar a torcida, olhando para o público... coisa de moleque.


Mas Kobe consegue combinar tudo isso: quando quis ser um excelente defensor, conseguia anular o melhor jogador adversário. E, quando a coisa apertou, adivinhem para quem a bola foi dada? Quando a Espanha diminuiu a diferença para 2 pontos, já último quarto do jogo, O Coach K pediu um tempo. Imaginem a pressão sobre o time. E imaginem que na quadra estavam 4 caras (Kobe, Lebron, D-Wade e Chris Paul) que SEMPRE recebem a bola em seus times quando a coisa aperta. E a jogada foi feita para o Kobe, que fez uma jogada de força, habilidade e equilíbrio, marcando uma cesta quase caindo, seguido por uma bola de 4 pontos (sofreu a falta enquanto arremessava uma bola certeira de 3 pontos). Game over para a Espanha e para a discussão sobre quem é o melhor jogador de basquete do mundo.

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BASQUETE 2 – OS MELHORES DO MUNDO

Os Estados Unidos reconquistaram o posto de melhores do mundo – coisa que não conseguiam desde os jogos de 2000, em Sidney. De lá pra cá, foram derrotados nos mundiais de 2002 (6º lugar) e 2006 (3º lugar) e nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 (3º lugar). Dessa vez conseguiram o comprometimento de um grupo de jogadores que participaram de um programa que se iniciou em 2005 e culminou com a conquista da medalha de ouro em Pequim.

É verdade que a diferença para as outras equipes é bem menor do que era em 1992, ano do Dream Team. Argentina e Espanha estão muito próximas e deram MUITO trabalho em Pequim. Mas quando os melhores jogadores se comprometem e querem ganhar, fica difícil de segurá-los. E nessas horas a individualidade fez a diferença. Na semifinal contra a Argentina, começaram arrasadores, abrindo 20 pontos já no primeiro quarto, jogando coletivamente. Quando o Manu Ginobili saiu machucado, todos acharam que a coisa se transformaria num massacre. Mas aconteceu o contrário - a Argentina reagiu e equilibrou o jogo, mantendo a diferença na casa dos 10 pontos. Mas a diferença física e a disponibilidade de mais jogadores de ponta – leia-se 12 caras de mesmo nível, quando os outros times tinham no máximo 5 ou 6 – prevaleceram. O mesmo aconteceu na final contra a Espanha, conforme eu já havia escrito antes.

Aliás, falando nisso, volto ao assunto imprensa e comentaristas esportivos. Os comentaristas de basquete do Sportv, especificamente Bira Belo e Miguel Ângelo da Luz são ESPECIALMENTE RUINS. Impressionante a falta de compreensão do contexto das coisas. Eles repetiram várias vezes que os reservas americanos vinham jogando melhor que os titulares... até batizaram os reservas de “tropa de choque”, pois pegavam um jogo equilibrado, melhoravam a defesa e abriam as diferenças enquanto os titulares não conseguiam fazer o mesmo. Só esqueceram de falar que os titulares, quando em quadra, precisavam enfrentar os melhores 5 jogadores dos adversários, que formavam times fantásticos, especialmente no caso da Argentina (Prigioni, Ginobili, Nocioni, Scola, Oberto) e da Espanha (Rick Rubio, Navarro, Gasol, Reyes e Jimenez). Os “reservas" americanos (Chris Paul, Deron Williams, Tyshawn Prince, D-Wade e Chris Bosh – um timaço por si só) jogavam contra os reservas dos adversários, turbinados no máximo com Carlos Delfino na Argentina e Rudy Fernandez no caso da Espanha, ou então com titulares já mais cansados que eram obrigados a ficar mais tempo em quadra.

Voltando ao assunto do post, quando o jogo final acabou, um fato demonstrou que o programa começado em 2005, com o comprometimento de um grupo de jogadores zigalionários que abriram mão de 3 verões consecutivos para se dedicar à seleção, realmente funcionou. Do excelente artigo de Bill Simmons sobre o jogo, (cujo link eu já havia postado aqui):

"I could tell that at the final buzzer, when 12 filthy rich grown-ups began to celebrate like Little Leaguers. No posturing, fake crying or rehearsed dance routines, just hugging and more hugging. We wanted a selfless team that cared. We wanted a team to come through when it mattered. We wanted one unforgettable game. We got all of it."

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BASQUETE 1 – EVOLUÇÃO TÁTICA

(Esse é o primeiro de 3 posts para encerrar o assunto Basquete em Pequim.)


O Basquete é uma modalidade que parou de evoluir taticamente faz algum tempo. O que se tem são “escolas” de formas de jogo, das quais as principais são a do Leste Europeu (nascida na antiga Iugoslávia), que se caracteriza pelo jogo mais cadenciado e coletivo e a Americana, que prioriza a velocidade e a individualidade. Fora disso, somente algumas variações que utilizam um misto das duas - talvez por isso que Argentina e Espanha, que conseguem oscilar entre os dois citados, com predominância do europeu, são países que têm se dado tão bem ultimamente.

O que se viu em Pequim foram seleções se mantendo em sua forma tradicional de jogo, mas realizando sempre uma de duas coisas: ou o famoso “corta-e-tira”, ou seja, o jogador com a bola tenta penetrar na defesa com o drible e, ao perceber a ajuda do lado oposto, solta a bola para um jogador aberto, o que resulta num arremesso livre, normalmente de 3 pontos, ou o pick’n’roll no topo do garrafão, normalmente entre um dos pivôs e o armador, para tentar desequilibrar a defesa e forçar uma ajuda, o que também resulta num passe para alguém que ficou livre. Só o Brasil, com seus técnicos ultrapassados, continua com aquele negócio de dezenas de jogadas e movimentações complicadas que muitas vezes só confundem a cabeça dos jogadores e resulta em arremessos desequilibrados e fora de hora. Será tão difícil entender que o que precisamos é um sistema de jogo que possibilite fazer o mais simples?

O problema é que muitas vezes se via um festival de arremessos de 3 pontos em todos jogos. Chegamos ao extremo no jogo entra Argentina e Grécia, nas quartas-de-final, quando AMBOS os times arremessaram mais bolas de 3 pontos do que bolas de 2 pontos.

Até a seleção dos Estados Unidos também passou a jogar um pouco mais no estilo europeu, graças a presença de um técnico universitário, que trouxe a cultura de jogo mais coletivo e cadenciado. Mas não deixou de utilizar a velocidade dos contra-ataques e as individualidades – afinal de contas, estamos falando de um time que contava com Kobe, Lebron e D-Wade!


Com isso, tínhamos de um lado Lituânia e Grécia encabeçando as seleções que jogavam no estilo puramente europeu, com jogo extremamente cadenciado – era comum que os times utilizassem 22, 23 segundos dos 24 disponíveis de posse de bola antes de realizar o arremesso. Dava gosto de ver a movimentação coletiva das equipes, mas ambas ficaram pelo caminho. As medalhas ficaram exatamente com Estados Unidos, Espanha e Argentina, que também apresentaram um jogo coletivo muito forte, mas que conseguiam dosar momentos de velocidade e individualidade (os americanos com mais intensidade).

Algumas mudanças nas regras estão previstas para o final de 2009, como o aumento da distância da linha de 3 pontos em 50cm e a introdução do semi-círculo no meio do garrafão dentro do qual não poderá ser marcada a falta de ataque (como na NBA). Espero que essas mudanças ajudem a mudar um pouco o panorama tático da modalidade.

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

LIU XIANG

Tirei a foto ao lado dentro do maior shopping da Rua Wangfuging, a "Rua das Compras" de Pequim. São "réplicas" do Liu Xiang, campeão olímpico em Atenas 2004 na prova dos 110m com barreira. Virou herói nacional desde então e acho que só perdia para o Yao Ming em termos de importância. Réplicas como essa estavam espalhadas por toda a cidade, mesmo considerando que o uniforme de corrida dele não estivesse a venda.

Depois de 2004 ele passou a ganhar provas seguidas, até aparecer o cubano Dayron Robles, que bateu seu recorde mundial em junho deste ano. Havia uma expectativa de um duelo espetacular em Pequim, mas Liu Xiang não conseguiu competir, devido a uma inflamação no tendão-de-aquiles direito. A lesão já o vinha incomodando por algum tempo, o que fez com que ele se poupasse durante esse ano para manter o foco nos Jogos Olímpicos. Mas durante os treinos e até no aquecimento para as eliminatórias a lesão voltou a incomodá-lo. Ainda foi para a pista do Ninho de Pássaro, tentou uma largada, mas sua dor se transformou na dor dos milhares de chineses que lotava o estádio e dos outros milhões em todo o país. deixou a pista e o estádio sem tentar a segunda largada.

Minha amiga Priscila Koo estava no estádio e registrou o momento em uma sequência de fotos que ela mesma entitulou, em seu blog, de "chocante" e "frustrante".

Obviamente, a galera da Teoria da Conspiração começou a falar em amarelada, considerando o fato de que a pressão era imensa, tendo havido até um comentário do presidente da China de que, se ele não ganhasse a prova em casa, tudo o que ele havia feito até então não valeria mais nada. E, considerando a fase que o Robles atravessava, a chance de derrota era bem razoável.

Não gosto dessa versão. Prefiro acreditar que ele tentou competir até o limite, chegando a tirar o agasalho e tentar uma largada. Não aparecer alegando a contusão seria pior, com certeza. Uma pena que um dos duelos mais esperados dos jogos, que pararia o país inteiro, acabou não acontecendo.

Robles venceu a final com folga, cravando 12"93, sem precisar se esforçar.

Preocupa também o futuro de Liu Xiang. Não se sabe se ele se conseguirá se recuperar, pois ele tem um osso calcâneo diferente em relação às outras pessoas, que é mais saliente, o que torna seu amortecimento mais difícil. Não se sabe o que acontecerá com ele, nem com seu contrato com a Nike (cuja maior parte vai para o governo chinês, como é o caso de quase todos os atletas chineses, com exceção do Yao Ming, que conseguiu uma cláusela de exceção quando foi para a NBA). Esperemos que Liu Xiang se recupere.

sábado, 27 de setembro de 2008

FINAL DO JOGO ARGENTINA X GRÉCIA

Fiquei devendo o vídeo do final do jogo entre Argentina e Grécia, nas quartas-de-final do basquete masculino. Dos 15 jogos do basquete masculino que eu assisti, sem dúvida foi o melhor (já escrevi isso antes). A 30 segundos do final, a Argentina vencia por 2 pontos e tinha a posse de bola... tenho certeza de que, se o Ginobili estivesse 100% não teria parado para arremessar de 3 pontos, teria "batido pra dentro". E a Grécia ainda teve a última chance de vencer.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

UM MÊS DEPOIS...


Ontem fez 1 mês que os Jogos Olímpicos de Pequim se encerraram. E eu continuo a escrever sobre eles. Provavelmente o assunto nem interessa mais para a maioria e sabe-se lá quantos visitantes o blog tem, coisa que não me preocupa, já que a minha principal idéia ao criar o blog foi deixar registrado a viagem e tudo que envolvesse as primeiras Olimpíadas que eu acompanhei in loco. E acho que estou cumprindo essa missão.

Dito isso, ainda tenho algumas coisas para postar sobre os jogos. Ainda quero fazer (mais) uma análise do basquete, falar sobre o quadro de medalhas e sobre a organização dos jogos, entre outras coisas. Pretendo fazer isso ainda até o final desse mês.

Depois, é provável que ainda continue escrevendo, não sobre os jogos, mas sobre esporte em geral, pois estou pegando gosto pela coisa de escrever minhas impressões. No meu post sobre o desempenho brasileiro em Pequim, meu amigo Danilo Balu fez um comentário sobre o fato de que lá no Bolão NBA (o egroup da galera da Poli e agregados que discute esporte o tempo todo) vivem lançado a idéia de "que poderíamos formar uma equipe de análise esportiva". E quem participa do grupo sabe da qualidade das análises, que fazem muitos "jornalistas profissionais" parecerem palpiteiros de boteco, coisa que teríamos muito mais justificativa para parecer.

Felizmente ainda temos jornalistas profissionais simplesmente excelentes, como Paulo Vinícius Coelho e Paulo Calçade, na ESPN Brasil e Marcelo Barreto, no Sportv (alías, recomendo o blog que ele fez durante os jogos), só pra citar alguns. Lembro também da dupla Everaldo Marques e Paulo Antunes, da ESPN, que me fizeram desistir de apertar a tecla SAP durante as transmissões de Baseball e de Futebol Americano - é bom finalmente ouvir quem sabe do que está falando (além do fator comédia incluído no pacote do Paulo Antunes). Mas esses são apenas algumas ótimas exceções no meio de outros tantos que teimam em achar que o espectador/leitor aceita ouvir qualquer opinião.

O campeonato Brasileiro vai entrar na reta final, a NFL está começando, vão começar os playoffs da MLB e em novembro já tem NBA. Assunto não vai faltar... e vou continuar deixando meus registros.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

SOBRE O DESEMPENHO BRASILEIRO


Antes dos jogos, a galera do Bolão NBA, para não perder o costume, resolveu fazer um bolão de medalhas brasileiras. Meu palpite foi de 15 medalhas – exatamente o número de medalhas conquistadas pelo Brasil. Acabei não levando a grana do bolão, pois o Rodrigo Berber também cravou 15 medalhas e levou o desempate pela melhor aproximação no número de ouros. Dentre os outros participantes do bolão, se não me engano, os palpites ficaram entre 13 e 17 medalhas, salvo um pessimista (Dante – 9 medalhas) e um mais-que-otimista (Gui Odonto – 27 medalhas). A galera do Bolão NBA é composta de ex-universitários que acompanham esporte num nível bem acima do normal e todos estimavam um número de medalhas bem próximo do que realmente aconteceu.

É óbvio eu esperava um número maior de ouros, como Thiago Camilo, Vôlei Masculino, Vôlei de Praia Masculino e até mesmo o Futebol Masculino, além do João Derly e do Diego Hypólito. Com exceção dos dois últimos (ver post anterior) todos os demais não levaram o ouro, mas saíram com uma medalha. Ao mesmo tempo, os ouros conquistados pelo Brasil (Cielo, Maurren e VF) não estavam na minha lista inicial, embora eu os tenha considerado como prováveis medalhistas. Outras apostas que eu havia feito seriam as medalhas do Futebol Feminino e do Robert Scheidt. São 10 acertos em 15. Das outras 5, duas previsíveis (Leandro Guilheiro e Natália Falavigna) e 3 inesperadas (Ketleyn Quadros, Cielo nos 100m e as meninas da Vela).

Estou escrevendo tudo isso (mais o post anterior) para reforçar a minha tese de que o desempenho do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim NÃO foi decepcionante. Ficou bem próximo do esperado. Pelo menos pela maioria. Mesmo na imprensa, que normalmente cria muita expectativa, não via o comportamento de outras ocasiões, com exceção talvez de certa badalação em cima do Thiago Pereira e do Jadel Gregório, mas normalmente com análises criteriosas.

É bom que fique claro: não estou dizendo que o desempenho foi bom. Estou afirmando que ficou dentro do esperado e, por isso, não pode ser classificado como decepcionante, como andei lendo e ouvindo em muitos veículos da mídia. Nem aceito que os atletas que foram para Pequim, pelo menos nas modalidades tradicionais (não vou considerar aquele dentista do tiro), digam que falta incentivo. ESSES atletas de ponta têm estrutura para treinar, e não somente na época das competições... vale para natação, atletismo, vôlei’s (todos eles), judô, etc. Vale até para o Futebol Feminino – vi uma entrevista da Daniela Alves após a derrota para os EUA na final dizendo que não faltou absolutamente NADA para a seleção. Todos os atletas exibem patrocinadores nas camisetas o tempo todo.

Então está tudo bem? É CLARO QUE NÃO! Falta termos MAIS atletas em condições de competir com os melhores do mundo. Ficamos apenas restritos a alguns poucos atletas com reais condições. Desses, alguns favoritos ganham, outros não, algumas promessas ganham, outras não - tudo dentro do que o esporte proporciona - só que são poucos favoritos e poucas promessas e, com isso, o peso da expectativa é menos dividido e cada derrota representa uma perda muito maior do que deveria ser. Para usar exemplos extremos, cansei de ouvir os hinos chinês e americano em Pequim, mas também vi muitos chineses e americanos sendo derrotados – e o peso sobre esses é muito menor. Mas eles sempre tinham um (ou mais) favoritos brigando em cada prova, em cada modalidade.

Falta termos mais favoritos, mais promessas. Como? Trabalhando na base. E é aí que está o problema do Brasil... A política esportiva brasileira é uma piada! Um atleta só consegue patrocínio quando chega entre os melhores. Chegar lá é que é o problema, cansamos de ouvir histórias das dificuldades que cada um enfrentou e vai saber o número de potenciais campeões e medalhistas que ficam pelo caminho ou não são descobertos. Nos poucos casos em que o trabalho na base é bem feito, como é o caso do vôlei, totalmente massificado e com talentos surgindo a toda hora, os resultados são conseguidos e, mais importante, mantidos. A ginástica artística vem fazendo um bom trabalho na captação de talentos e com um centro de treinamento específico, com boa estrutura. Há duas olimpíadas atrás, o Brasil não aparecia no mapa da GA. Em Pequim, foram 2 finalistas na final geral feminina, 3 finalistas na final por aparelhos e chegamos na final por equipes feminina ... e por MUITO POUCO não veio uma medalha... que seria de ouro.

Então é isso... pra não me alongar mais ainda (já ta parecendo um texto a la Reinaldo Azevedo), concluo que falta política de captação de talentos, com massificação das modalidades (pelo menos as tradicionais no Brasil, não vejo porque começarmos a investir em badminton, hóquei sobre a grama ou arco-e-flecha). Da quantidade tiramos a qualidade – e por mais que essa frase seja óbvia, só no Brasil os governantes e dirigentes não entendem que é o caminho... se isso acontecesse talvez não tivéssemos que depender de 4 caras da NBA que não vieram para o pré-olímpico, pois teríamos outros em condições de formar uma seleção de basquete com condições de voltar a disputar uma olimpíada.

DECEPÇÕES


Comecei a rascunhar esse post há mais ou menos uma semana. Cheguei a fazer uma lista relativamente grande, com alguns comentários a respeito. Essa lista incluía até medalhistas, como Thiago Camilo, o futebol masculino e o futebol feminino, entre outros. Pensei melhor, e reduzi a lista para apenas 3 nomes, considerando a relação entre a expectativa gerada e resultado obtido. Neste post, publico essa lista reduzida. No próximo, escrevo uma análise geral do desempenho brasileiro em Pequim.

1)Diego Hypólito: esbanjava confiança da mesma forma que o Cielo fazia antes de ganhar a medalha de ouro. Ainda não sabemos o que aconteceu, se houve uma perda de concentração, excesso de confiança ou um simples erro. Estávamos no ginásio e todos (leia-se TODOS – atletas, público presente, jornalistas) sabiam que ele ganharia a medalha de ouro. No momento da queda, o silêncio de TODOS durou intermináveis segundos, pois ninguém acreditava que ele ficou a um último movimento correto do ouro – mesmo os chineses que lotavam o National Indoor Stadium e que passaram a ter o favorito para o ouro deixaram de se mostrar surpresos.

2)João Derly: Bicampeão mundial, não conseguiu nem ir para a repescagem.

3)Basquete Feminino: eu não esperava que elas pudessem ganhar alguma medalha, mas sei que elas tinham condições de brigar pela quarta vaga na semifinal com a China. Não ter nem se classificado para as quartas-de-final, perdendo jogos mais do que “ganháveis” para a Coréia e para a Letônia foi muito decepcionante. A Iziane fez falta? Entendo que não. A Érica fez falta? Sem dúvida! Sua contribuição no garrafão no ataque e na defesa poderia ter feito alguma diferença. Que o Paulo Bassul seja mantido no comando técnico, pois ainda é o melhor nome disponível.

Deixei de considerar algumas outras perdas como decepções após analisar o contexto de cada uma delas: no caso do Thiago Camilo, por exemplo, ouvi depois que nenhum campeão mundial de 2007 conseguiu ganhar o ouro em Pequim. Além disso, ele perdeu para aquele que conquistou a medalha de ouro e ainda arrumou forças depois de uma derrota doída para buscar o bronze na repescagem (o Derly nem repescagem pegou). O Futebol Masculino tinha uma semifinal contra a Argentina que poderia acontecer qualquer coisa. No caso do Vôlei de Praia Masculino, chegaram os 3 primeiros do ranking e os americanos estavam na melhor fase. O futebol feminino não era favorito contra a Alemanha na semi. Ganhou e passou a ser favorito na final... e perdeu. A Fabiana Murer, mesmo sem a questão da perda da vara, poderia brigar NO MÁXIMO pelo bronze. E por aí vai... coisas do esporte. Não vou entrar na questão de que brasileiro amarela na hora H, o que na maioria esmagadora dos casos, pelo menos na minha opinião, não se aplica (algumas exceções só confirmam a regra).

E na linha do “antes que alguém pergunte”, minha expectativa para Jadel Gregório, Thiago Pereira, Fabiana Murer (mesmo se a vara não sumisse), Vôlei de Praia feminino, Jade Barbosa e Daiane dos Santos era pequena, por isso não considero decepções.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

VÍDEOS DA FINAL DO VÔLEI FEMININO

Já que o Youtube não deixou colocar os vídeos lá, vou deixá-los por aqui:

1) Match Point:



2) Entrega das medalhas:



3) Hino Nacional:

domingo, 21 de setembro de 2008

LINKS OLÍMPICOS INTERESSANTES

Assim com o Bill Simmons faz de vez em quando, resolvi montar um post com os links que rolaram na minha caixa de entrada durante e depois dos Jogos Olímpicos. A maioria dos links veio do egroup Bolão NBA - enviados principalmente pelo Danilo Balu e pelo Luciano "PJ" Sobral -, mais alguns que eu achei navegando...

Aliás, adicionei um gadget no final do blog para acesso rápido às colunas e podcasts do Bill Simmons na ESPN.com - recomendo! Especialmente para os amantes dos esportes americanos - basquete, beisebol e futebol americano.

Vamos aos links:

1) Seqüência impressionante de fotos sub-aquáticas da chegada dos 100m borboleta, prova que estava praticamente perdida, mas que o Michahel Phelps conseguiu ganhar, mesmo começando a última braçada quando o Sérvio já estava esticando os dedos para tocar no sensor.

2) Excelente comercial da Nike com Jadel Gregório (apesar do resultado ruim em Pequim).

3) Tente bater Usain Bolt nos 100m – joguinho no site da Puma.

4) Michael Johnson falando de Usain Bolt:
Segundo meu grande amigo Danilo Balu, Michael Johnson comentava as provas pela BBC e, ao ser perguntado sobre o fato de que, se ele foi chamado de Superman quando estabeleceu o recorde de 19”32 para os 200m em Atlanta, o que dizer de Usain Bolt agora que quebrou o recorde com 19”30, respondeu: “He’s Superman... TOO”

5) Classificação do Atletismo em Beijing pelo IAAF, dando pontos pelos resultados alcançados, de 1º a 8º em cada prova.

6) Fotos (algumas impressionantes) do Handball Feminino.

7) Nós vivemos reclamando dos narradores e comentaristas brasileiros e das besteiras que o Galvão vive falando. O narrador desse vídeo soltou a pérola de que Mike Spitz ganhou 7 medalhas de ouro nas Olimpíadas de Munique em 1972, na Alemanha de Hittler, sendo que Hittler se recusou a entregar as medalhas (confusão com os jogos de 1936, em Berlin, quando Hittler abandonou o estádio olímpico quando um negro – Jessé Owens – conquistou 4 medalhas de ouro).

8) Análise das principais performances do 100m rasos ao longo dos últimos 20 anos. Observem que o Bolt tem o pior tempo de reação na largada, mas consegue manter o maior pico de velocidade de todos (0.82s / 10m) ao longo de quase 40 metros.

9) Sobre o apetite “sexual” dos atletas durante os jogos.

10) Olympic Oscars (alguns discutíveis).

11) Análise do espanhol Marca sobre a pista “milagrosa” do Ninho de Pássaro.

12) Análise sobre o possível tempo que Usain Bolt poderia fazer se não comemorasse antes de final da prova dos 100m. Chegaram a dizer que ele poderia fazer 9”55, mas esse estudo mostra que a previsão mais correta seria 9”61.

13) Para terminar, excelente coluna de Bill Simmons, na ESPN.com, sobre a final do Basquete Masculino, um clássico (no significado histórico da palavra) visto por poucos.

CLIPE DA TORCIDA BRASILEIRA NO SPORTV

Na edição final do Momento Olímpico do Sportv, após a cerimônia de enceramento dos jogos de Pequim, foi colocado no ar um clipe da torcida brasileira durante as competições. Infelizmente não apareço nesse clipe, mas tem muita gente conhecida: a primeira delas é a Tati Zanon, da Galera Tonachina (é a primeira que aparece no clipe). Quase no final ainda há um close, durante a final do fôlei feminino, que mostra a Malu, a Clau, a Val e a Ju, entre outros.

sábado, 20 de setembro de 2008

COISAS QUE FALTARAM

Antes de mais nada, não ter conseguido completar a “lista de desejos” não reduz em nada o sentimento de realização de um sonho em ter assistido a uma Olimpíada in loco. No caso da Cerimônia de Abertura, já ficou fora dos planos mesmo antes da viagem, sendo até por isso que adiamos em alguns dias a ida, chegando em Pequim somente no quinto dia de competições. Nos outros casos, ainda havia uma esperança, que acabou não se concretizando. Dificilmente alguém consegue realizar um projeto desses com 100% de perfeição. E o resultado final desse nosso projeto foi espetacular.

Mesmo assim, segue a lista – partindo da mais importante para a menos importante:

1 - Final do Basquete Masculino: foi um jogo histórico, já fiz um post a respeito e ainda devo fazer mais um, mas decidi por não aceitar pagar as quantias exorbitantes que os cambistas estavam cobrando (mais de 1000 dólares). Ainda estou tentando me convencer de que fiz a coisa certa.

2 - Cerimônia de Abertura: talvez se tivesse fechado o pacote com a Tamoyo mais cedo, como fez o Fabrício... fica a experiência para a próxima.

3 - Entrar no Cubo D’água, especialmente na final dos 50m do César Cielo: tudo bem que disseram que o Cubo era mais legal por fora, à noite, do que por dentro, mas não deixava de ser uma das 3 grandes maravilhas esportivas construídas pelos chineses (ao lado do Ninho de Pássaro e do Ginásio do Basquete).

4 - Ver o Roger Federer: precisava ter perdido para o James Blake nas quartas? Tive que assistir ao Blake na semifinal.

5 - Visitar o Templo do Céu: o único dos principais pontos turísticos de Beijing que não visitamos, por falta de tempo. Disseram que era meio parecido com a Cidade Proibida e que não perdemos muita coisa, mas pelas fotos que vimos parecia muito bonito.

6 - Comer espetinho de escorpião: só pelo folclore – juro que tinha a intenção de provar, acreditem! Mas as barracas abriam somente à noite e sempre estávamos em algum jogo...

Antes que alguém pergunte, não ter visto a Maurren Maggi conquistar o ouro não pode ser classificada como uma coisa que faltou. Tive a oportunidade de conseguir os ingressos no preço nominal com a galera Tonachina, já que a maioria optou por ir à semifinal do vôlei masculino. Mas mantive a prioridade de assistir às semifinais do Basquete Masculino e sei que fiz a coisa certa. Mas acabei acompanhando a prova do salto em distância quase em tempo real, graças às ligações da Pri, que estava no Ninho de Pássaro. Aliás a Pri fez um post bem legal sobre a Maurren em seu blog e fiz um comentário lá descrevendo as ligações.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

"O" MELHOR MOMENTO

Depois do último post, o assunto “qual o melhor momento que eu presenciei em Pequim” continuou surgindo nas conversas com amigos e eu continuei pensando no assunto, ainda incapaz de eleger um deles. Porém, durante esse último final de semana consegui assistir a boa parte das gravações que meu irmão Régis fez pra mim e que eu ainda não havia assistido. E sabem de uma coisa? Acho que consegui definir o melhor momento.

Os seis momentos que eu mencionei no post anterior foram escolhidos basicamente no critério de satisfação no momento em que aconteciam (e nos dias seguintes). Para definir “O” momento, pensei no seguinte: qual é aquele que realmente vai ficar marcado? Qual será aquele que virá prontamente na lembrança quando eu me lembrar de Pequim daqui um, dois, quatro ou oito anos? Qual foi o mais espetacular? Qual aquele que arranca do pessoal o comentário “PQP, você estava lá!?!?” ?

Se eu tivesse assistido à final do Basquete Masculino, a escolha provavelmente seria imediata. Como não rolou, dos seis momentos citados, concluí que dois deles saltam a frente dos demais, considerando as perguntas do parágrafo anterior: a final do vôlei feminino e a final dos 100m rasos. A final do vôlei feminino devido aos fatores conquista, emoção e nacionalismo. A final dos 100m pelo desempenho espetacular e histórico.

E escolher entre esses dois acabou não sendo tão sendo difícil. Basta pensar o seguinte: de um lado, fôlei, de outro, a prova mais “nobre” da mais nobre, tradicional e histórica modalidade olímpica (já li em algum lugar que os jogos surgiram na Grécia antiga por causa de uma corrida) e com uma das maiores performances esportivas que o mundo já viu. Como já escrevi antes, espero sinceramente não precisar escrever um post no futuro lamentando que a prova não tenha sido “limpa”.


Então é isso. E não podemos limitar aqueles 9 segundos e 69 centésimos como o tempo total da prova. A prova já começou espetacular no clipe de apresentação no telão do Ninho de Pássaro, com imagens de cada um dos competidores, seguido da apresentação de cada um deles (o Bolt era disparado o mais descontraído de todos). De repente, o telão solicita: “Be quiet, please” – e um silêncio ensurdecedor toma conta do estádio. É dada a largada e o resto todo mundo já sabe. E "PQP! Eu estava lá!".

Não presenciei a final dos 200m – outra performance mais do que espetacular, que só confirma que o tal de Usain Bolt fez coisas especiais em Pequim. Provavelmente o nome Michael Phelps será o primeiro a ser lembrado pela maioria quando se falar desses jogos, mas não no meu caso.

Segue o vídeo totalmente prejudicado pelo excesso de empolgação desse protótipo de cinegrafista:

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MELHORES MOMENTOS

Desde que voltamos de viagem já fui perguntado diversas vezes sobre a mesma coisa: qual foi o evento mais legal que eu presenciei em Pequim? E por mais que eu pense, ainda não consegui precisar qual é aquele jogo, competição ou evento que se diferenciou em relação às demais. Posso citar as principais, fazendo uma lista, mas sendo incapaz de colocar em ordem de preferência. Começando com o óbvio:


- Jogos do TEAM USA de Basquete Masculino: assisti a 4 jogos, contra Grécia e Alemanha (primeira fase), Austrália (quartas-de-final) e Argentina (semifinal). Como basqueteiro mais do que convicto e mega-maxi-fã da NBA, ver os caras jogando ao vivo, especialmente Kobe, Lebron, Jason Kidd (sim, velho, mas oras, é o Jason Kidd!) e D-Wade, sem falar nas novas estrelas, como Chris Paul e Deron Williams, que vão duelar pelo título de melhor armador da NBA nos próximos anos foi sensacional. Vale citar também as estralas dos outros países, como Ginobili, Gasol, Dirk Nowitzki, Yao Ming, Jasikevicius, e por aí vai...

- Semifinais do Tênis: especialmente o jogo entre Rafael Nadal (o atual #1 do mundo) e Novak Djokovic (atual #3, mas que fatalmente ainda será o #1). Agradeço mais uma vez à Tati Zanon, que me viabilizou esse ingresso. Um jogo histórico, estabelecendo definitivamente a importância dos Jogos Olímpicos para os tenistas, não só porque agora vale pontos no ranking, o que ficou claro pelo choro do Djokovic após a derrota na semi de simples, pela sua comemoração ao vencer a disputa pelo bronze, pela comemoração do Federer ao conquistar a medalha de ouro em duplas e pela vontade do Nadal, o campeão de simples.

- Final dos 100m rasos masculino: acho que não preciso escrever muito. Recorde Mundial mesmo soltando nos últimos 20 metros, chegando de lado e batendo a mão no peito. 9‘69”. Um monstro. Como já escrevi antes, espero que não haja nada de errado com o Bolt, se é que vocês me entendem. Esse evento também vai ficar muito marcado para mim por ter sido o primeiro dia em que entramos no Estádio Nacional, o Ninho de Pássaro, que é um estádio simplesmente inacreditável (peguei esse adjetivo de um dos comentaristas do Sportv, e acho que é o mais aplicável). Por mais fotos que tiramos dele, e foram muitas, nenhuma delas conseguiu registrar a sensação de estar dentro ou observando de fora.


- Final do Vôlei Feminino: comemorar uma medalha de ouro, cantar o Hino Nacional... sem palavras.

- Jogo entre Argentina x Grécia, quartas-de-final do Basquete Masculino: o melhor jogo dos 15 que assisti no torneio de Basquete Masculino. Mega-equilibrado, dois timaços (técnica e taticamente), decisão nas duas últimas posses de bola. Espetacular.


- Cerimônia de Encerramento: talvez menos espetacular do que a cerimônia de abertura em termos visuais, mas que colocou um ponto final nos jogos de uma forma que, para quem estava lá, foi na medida certa. Talvez poderiam ter aumentado a parte da transição para Londres, a sede de 2012, mas a extinção do fogo olímpico, após a exibição das imagens de cada um dos dias de jogos, foi emocionante.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

MODALIDADES OLÍMPICAS

Logo que voltei de Pequim fui tentar me atualizar com o que estava acontecendo no mundo esportivo que não envolvia olimpíada: basicamente o campeonato brasileiro e os esportes dos Estados Unidos, dos quais acompanho bem de perto, ainda mais com a temporada de Baseball se encaminhando para os playoffs e o início da temporada do Futebol Americano.

Uma das minhas fontes é o site da ESPN, muito completo, o qual conta com a participação constante do meu colunista esportivo favorito, o Bill Simmons. Em seu podcast de 24/08, um dos assuntos foram as modalidades olímpicas. Com um pouco de deboche e bom humor, alguns comentários foram bem pertinentes, do tipo: "Salto ornamental pode ser muitas coisas, mas esporte não é". Quem se interessar pelo podcast, pode ouvir aqui. Sei que é polêmico, mas para mim os Jogos Olímpicos estão muito inflacionados de modalidades. Sei também que muitas inclusões são políticas e para agradar A ou B, trazer mais público (será?), etc., mas algumas coisas não consigo aceitar.

As principais modalidades que não consigo engolir são aquelas que precisam de jurados para decidir quem fez melhor. Alguém pode até tentar me convencer que existem critérios objetivos para a decisão e para as notas, mas se eu não consigo identificar claramente esse critério (como quem fez mais gols ou mais cestas, quem foi mais rápido, quem é mais forte ou quem golpeou mais vezes ou melhor o adversário), não consigo classificar como modalidade de competição. Nesse contexto entram Ginástica Rítmica, Ginástica Trampolin (essa eu só descobri que existia pesquisando agora), Nado Sincronizado, Saltos Ornamentais e Adestramento no Hipismo. Pode ser bonito e tudo mais, mas não consigo considerar. Abro uma exceção para a Ginástica Artística, principalmente pela tradição, e que seria suficiente para representar toda a parte "artística" numa Olimpíada.

Acredito também que algumas modalidades, incluídas recentemente, não fariam tanta falta assim. São o Taekwondo (daqui a pouco vão querer colocar também Karatê, Jiu-Jitsu, e mais algumas outras lutas que vivem surgundo), Vôlei de Praia, BMX e Mountain Bike. Essas também não estariam no programa se dependesse de mim.

Somando os dois parágrafos acima já foram 25% das modalidades do programa de Pequim 2008. Acredito que já teríamos um corte razoável.

Das modalidades restantes, ok, não vejo por que excluí-las. Algumas, pela tradição - já falei da Ginástica Artística, mas também tem Hipismo (saltos), Vela, Esgrima, Tiro, Tiro com arco, Canoagem, Pentatlo moderno (desde que substituindo o adestramento pelos saltos). Outras, por entrar no meu critério inicial: competição clara, critérios objetivos e (não "ou") popularidade (caso do Badminton, por exemplo).

Como sei que a tendência é exatamente a aposta, ou seja, o aumento de modalidades e de participantes (nesse caso tanto em JO's como em Copas do Mundo), o negócio é ficar com aquelas que me interessa. Em Pequim acompanhei 7 modalidades: Basquete, Futebol, Vôlei, Vôlei de Praia (só pela questão de ter o Brasil competindo pra ganhar), Ginástica Artística, Atletismo e Tênis. Gostaria de ter acompanhado a Natação e o Judô, mas não consegui ingressos. E ficaria por aí... não senti nenhuma falta do resto, especialmente da Ginástica Rítmica, Ginástica Trampolin, Nado Sincronizado, Saltos Ornamentais e Adestramento.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

FÔ-LEI! FÔ-LEI!


Vivo enchendo o saco do pessoal do vôlei, modalidade anaeróbica e alática. Como diria o Minhoca (técnico de futsal), como podemos levar a sério uma modalidade onde não há contato físico e se limita a 4 fundamentos (saque, passe, ataque e tapinha no bumbum do companheiro)? Faço parte de uma comunidade bem polêmica do Orkut, chamada “Vôlei não é esporte”, fundada brilhantemente pelo meu amigo Luciano Sobral, o PJ. Dizemos que vôlei feminino é pleonasmo e vôlei masculino é paradoxo (daí a pronúncia “FÔLEI”). Até no folheto do McDonald’s tem uma descrição de vôlei como “modalidade criada para aquelas pessoas que não tinham condições físicas para a prática do basquete” (ou coisa assim). Priceless.

Brincadeiras (ou não) à parte, estamos falando de uma das modalidades que, ao lado do judô e do iatismo, ultimamente melhor tem representado Brasil mundialmente, seja em campeonatos mundiais, seja em Jogos Olímpicos. E em Pequim não foi diferente. Foram 4 medalhas: ouro no vôlei feminino, prata no masculino e a dobradinha prata e bronze no vôlei de praia masculino.

Fiz toda essa introdução porque fiz questão de fazer um post sobre as nossas duas seleções de quadra, a masculina e a feminina. Por que os favoritíssimos bi-campeões mundiais e atuais campeões olímpicos, com os melhores jogadores do mundo e um dos melhores técnicos de esporte coletivo do mundo (Bernardinho), não conseguiram manter a seqüência de títulos, enquanto as meninas finalmente acabaram com a fama de amarelonas e levaram o ouro?

Não vou entrar no mérito técnico – esse basqueteiro está longe de ter conhecimento para isso -, mas sim na questão de observação do comportamento das equipes. Em Pequim assisti a dois jogos do masculino, justamente as duas derrotas, para a Rússia na primeira fase e para os Estados Unidos, na final (para alguns, o pé-frio entrando em ação, para mim, coincidência). O comportamento deles era estranho. A cada ponto conquistado deixavam transparecer uma sensação de alívio, não de empolgação. Era como se estivessem tirando um peso das costas a cada ataque (ou bloqueio) colocado na quadra adversária. Faltava algo.

Já no caso do feminino, a sensação era completamente diferente. Assisti ao jogo das quartas-de-final, contra o Japão e a final contra os Estados Unidos. Assisti também pela TV, ainda no Brasil, ao massacre contra a Rússia na primeira fase. A sensação era completamente diferente: as meninas sabiam exatamente o que estavam fazendo, como estavam fazendo e onde queriam chegar. A cada ponto que o adversário conquistava era clara a expressão que dizia “não tem problema, o próximo ponto é nosso”. E foi assim nos 5 jogos da primeira fase, nas quartas e nas semifinais, contra as donas da casa. Todas vitórias por 3x0. Quando finalmente perderam um set, o segundo da final, a mesma reação: “não tem problema, vamos vencer o próximo”. Era um amadurecimento que só pode ser creditado ao trabalho do Zé Roberto e da comissão técnica.

E isso determinou os resultados finais: os dois times tinham a obrigação de ganhar. Eles, pelo excesso de favoritismo e expectativa. Elas, para apagar a má imagem de Atenas. Porém, de um lado tínhamos um time (eles) que PRECISAVA ganhar e outro (elas) que QUERIA ganhar – e mais do que querer, sabiam que ganhariam. Eles quase chegaram lá, afinal o time ainda é MUITO bom, mas encontraram um adversário que queria ganhar e fez por merecer (no caso os americanos). Quanto às meninas, elas cumpriram aquilo que se propuseram, com todos os méritos e sem margem de dúvidas. As amarelas se transformaram nas douradas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

PLANEJADO X REALIZADO

Só pra deixar registrada a diferença entre a nossa programação inicial e o que realmente acabamos assistindo (nos posts anteriores já havia comentado sobre compra e venda de ingressos):

Nossa programação inicial (em azul os jogos que acabamos não assistindo):



E a nossa grade final (em azul os jogos que foram incluídos):

REDEEM TEAM

Somente ontem, 10 dias depois, consegui assistir à gravação da final do Basquete Masculino, entre Estados Unidos e Espanha. E os americanos finalmente encontraram um adversário à altura - ponto para aqueles que afirmaram, após o jogo da primeira fase, quando os EUA venceram facilmente por cerca de 30 pontos, que a Espanha escondeu o jogo para não queimar cartucho, sabendo que teria uma única chance de vencer o Redeem Team. E os espanhóis quase aproveitaram essa chance.

A Espanha fez uma partida fantástica, especialmente Rudy Fernandez (22 pts), Pau Gasol (21) e Juan Carlos Navarro (18). Infelizmente o Rudy Fernandez sofreu com o problema das faltas e jogou apenas 17 minutos... por isso não é possível afirmar que a Espanha jogou tudo o que podia e mesmo assim perdeu para um time superior. A Espanha realmente tinha condições de vencer os favoritos, jogou de igual para igual quase o tempo todo, mantendo a diferença sempre em menos de 10 pontos, chegando a reduzi-la para 2 pontos mais de uma vez.

Do outro lado, os americanos precisaram jogar tudo o que sabiam para reconquistar a medalha de ouro perdida em 2004. Grande destaque para Dwyane Wade, que terminou com 27 pontos, sendo 21 no primeiro tempo - atenção NBA! O MVP das finais de 2006, que passou 2 anos sofrendo com contusões, está de volta! - e Kobe Bryant, que deixou a desejar nos primeiros quartos, mas assumiu o jogo na hora que o time precisou, fazendo pontos decisivos no Crunch Time, incluindo um lance de 4 pontos.

Placar final: EUA 118, Espanha 107. Um jogo histórico. Uma pena que não conseguimos ingressos (pelo menos por preços razoáveis - nas mãos dos cambistas passavam de 1000 dólares). E os americanos recuperam a hegemonia mundial, mas com adversários de peso, tanto nos espanhóis quanto nos argentinos (lembrem-se que deram trabalho na semifinal sem poder contar com o machucado Manu Ginobili).